Produto mais luxuoso produzido pela Stellantis no País é o quinto feito em Goiana
São Paulo – Primeira picape Ram desenvolvida fora da matriz nos Estados Unidos a Rampage demonstra a importância da América do Sul nos planos da Stellantis. Sonho antigo desde os tempos da FCA e de Sergio Marchionne, que em 2018 apresentou a intenção de produzir uma picape de porte ainda inédito na região, a Rampage chega para incomodar não apenas o segmento tradicional deste modelo no País mas, também, todos os automóveis do segmento premium.
Quinto veículo produzido na fábrica da Stellantis em Goiana, PE, a Rampage contou com a colaboração de oitocentos engenheiros e outros profissionais ligados ao seu desenvolvimento, que fizeram todo esse trabalho nos centros de excelência da Stellantis no Brasil. Este projeto consumiu mais de R$ 1,3 bilhão do investimento de R$ 13 bilhões programado para o Brasil de 2018 a 2025.
O resultado de mais de 1,2 milhão de horas em desenvolvimentos são três versões da picape bem distintas, com configurações que privilegiam o desempenho, a robustez, o luxo e a tecnologia característicos do segmento de veículos premium: “Na faixa de preço e de conteúdo oferecida estamos competindo com todos os carros premium vendidos no País”, afirmou Everton Kurdejak, vice-presidente comercial das marcas Jeep, Ram, Dodge e Chrysler na América do Sul.
A Rampage não é apenas a primeira Ram fabricada no Brasil. Ela tem diversos elementos, como o ajuste de suspensão, desenvolvido para as condições e para o uso do cliente brasileiro tanto no asfalto – algo bastante comum por causa das picapes compactas – quanto para o trabalho no campo. E se posiciona em ponto intermediário das picapes tradicionais às compactas, quando se observa as dimensões: com 5 mil e 28 milímetros de comprimento não é nem 1 centímetro maior do que a Fiat Toro feita na mesma fábrica, porém é quase 30 centímetros menor do que os 5 mil e 300 milímetros das tradicionais Ford Ranger, Chevrolet S10 e Toyota Hilux.
Também é menos de 1 centímetro menor em comprimento do que a Ford Maverick.
Mas a Rampage tem na largura um dos principais atributos da sua carroceria: com 1 mil 886 milímetros é alguns milímetros mais larga do que todas as picapes ofertadas no País. Esta pequena vantagem deve oferecer um pouco mais de espaço para os ocupantes da cabine.
E não para por aí: a primeira Ram nacional terá recursos de condução aprimorados para o segmento, faróis de led, tração 4×4 em todas as versões e ainda o motor mais potente da categoria: o Hurricane 4 a gasolina de 272 cv e 400 Nm de torque a leva de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos e atinge velocidade máxima de 220 km/h. Há ainda a opção do motor Multijet Turbo Diesel, de 2 litros, de 170 cv de potência e 380 Nm de torque.
“É o produto mais complexo e luxuoso produzido pela Stellantis no País”, contou Márcio Tonani, vice-presidente de desenvolvimento de produtos para a América do Sul. Seu visual é exclusivo e foi concebido pelo Centro de Design na região. Adota elementos clássicos da linha de picapes Ram estadunidense com algumas diferenciações específicas em cada versão. A Rampage Rebel tem grade frontal de plástico que remete à robustez. Já a Laramie traz grade frontal cromada, assim como em diversos pontos da carroçaria, como o para-choques. Será a versão mais luxuosa. E a versão R/T, mais esportiva, é ofertada em cor exclusiva e rodas e muitos pormenores da carroceria em preto.
Na linha de montagem em Goiana a Rampage utiliza a plataforma global small wide, a mesma do Jeep Commander. Sua carroceria tem 86% de aços de alta e ultra-alta resistência. Sua estrutura é das mais robustas da Stellantis no Brasil porque, segundo Tonani, a marca Ram não poderia abrir mão desta característica que faz sucesso em todos os outros modelos.
Mesmo considerando os aspectos exclusivos e essenciais da marca Ram há algo em comum aos outros quatro produtos feitos em Pernambuco. Por exemplo as maçanetas e o painel digital já utilizados nos Jeep e no Fiat montados na mesma linha. O compartilhamento de itens em produtos de marcas distintas do Grupo Stellantis é algo que vem diferenciando a fabricante das demais. O ganho de escala trouxe bons resultados segundo relatou Antonio Filosa, COO da Stellantis para a América do Sul, no último evento AutoData em que esteve presente: “Não será diferente para novos produtos que pretendemos fazer no Brasil”.
Tonani disse que 80% de todos os itens da Rampage são exclusivos: “Alguma coisa é compartilhada, sobretudo peças que não estão aparentes”. Mesmo utilizando um motor a gasolina importado o executivo afirmou que a nova picape tem 70% de peças nacionais: “Já está pronta para a exportação”.
Ainda em estágio inicial a evolução da produção se dará nos próximos meses, atingindo o ritmo considerado normal a partir de outubro quando, espera-se, supere as 2 mil unidades fabricadas mensalmente.