Era a última empresa a negociar: Ford e Stellantis fecharam seus acordos. Mas metalúrgicos já voltaram ao trabalho.
São Paulo – Após 46 dias de greve, com paralisações surpresa e mobilização da sociedade para apoiar o movimento, o UAW, United Auto Workers, sindicato dos metalúrgicos que encabeçou movimento nas Big Three, as três maiores montadoras de Detroit, nos Estados Unidos, informou que foi selado acordo provisório com a General Motors na segunda-feira, 30, depois de Stellantis, no sábado, 28, e Ford, na sexta-feira, 27.
“Tal como os acordos com a Ford e a Stellantis o acordo da GM transformou lucros recordes num contrato recorde”, informou o UAW. “Inclui ganhos avaliados em mais de quatro vezes os ganhos do contrato de 2019 do sindicato. Proporciona mais aumentos salariais base do que os trabalhadores da GM receberam nos últimos 22 anos.”
Esse acordo provisório concede 25% em aumentos de salário base até abril de 2028 e corrige, cumulativamente, o salário máximo em 33%, sendo que a hora trabalhada chegará em US$ 42. O salário inicial será reajustado em 70%, com a hora trabalhada alcançando US$ 30.
“Pela primeira vez, desde que se organizaram na década de 1990, os trabalhadores assalariados da GM receberão um aumento salarial geral, equivalente ao dos trabalhadores horistas. O acordo também traz dois grupos-chave para o acordo mestre da GM com o UAW, na Ultium Cells e na GM Subsystems LLC.”
Os aposentados e cônjuges sobreviventes receberão cinco pagamentos de US$ 500, os primeiros desse tipo em mais de quinze anos, segundo o sindicato. O acordo restabelece ainda importantes benefícios perdidos durante a Grande Recessão de 2008, incluindo subsídios de custo de vida e progressão salarial de três anos.
Assim como nos acordos com Ford e Stellantis, a GM inclui o direito de greve em caso de fechamento de fábricas. Enquanto o documento é revisado e ratificado os operários retornam ao trabalho, após seis semanas. O movimento foi iniciado em 15 de setembro.
Movimento, considerado histórico, parou, ao mesmo tempo, as três maiores montadoras de Detroit. Crédito: Divulgação.
Na Stellantis fechamento de fábrica foi revertido e haverá contratações
No acordo com a Stellantis os termos são os mesmos que foram alinhados com Ford e GM. Difere somente quanto ao salário inicial, em que o reajuste será de 67%. Além disto profissionais com salários mais baixos na companhia, assim como trabalhadores temporários, terão aumento de mais de 165% ao longo da vigência do acordo. Alguns trabalhadores da Mopar, marca de pós-vendas da empresa, receberão correção imediata de 76% após a ratificação.
Conforme destacou o presidente do UAW, Shawn Fain, no caso da Stellantis houve um ganho adicional pois a companhia planejava eliminar 5 mil postos de trabalho: “Nosso Stand Up Strike mudou esta equação. Não só não perdemos esses empregos como também revertemos completamente a situação. Ao fim deste acordo a Stellantis criará 5 mil empregos. Estamos realmente salvando o sonho americano”.
Oito meses atrás a companhia desativou a fábrica de montagem de Belvidere, em Illinois, e dispensou 1,2 mil operários. Após a paralisação a Stellantis decidiu pela sua reabertura e pela contratação de 1 mil empregados por uma nova fábrica de baterias na mesma cidade.