São Paulo – O ano foi marcado pela recuperação nas vendas de ônibus, o segmento que mais sofreu durante a pandemia devido à sua característica de transporte coletivo, apesar da mudança de motorização para o Euro 6, o que encareceu o produto. Avançaram 17,7% e somaram 20,4 mil unidades, assim recompondo, gradualmente, a perda de mercado que em 2020 totalizou 13,9 mil, em 2021 14,1 mil e, em 2022, 17,4 mil unidades.
Os dados foram divulgados na quarta-feira, dia 10, durante apresentação do balanço do setor automotivo de 2023 pela Anfavea. A renovação e a ampliação de frotas, tanto urbanas como rodoviárias, entretanto, não foram suficientes para estimular a produção, devido aos altos estoques. Tanto que do total comercializado no ano passado apenas 44% foram produzidos no mesmo ano.
Segundo Vinícius Pereira, economista da Anfavea, o porcentual ficou um pouco menor do que o de caminhões, que alcançou 53%, e bem abaixo da média quando há transição da tecnologia de emissões de motores: “Historicamente, quando se tem essa situação, 67% das vendas referem-se a veículos produzidos no mesmo ano”.
Foram fabricados 20,6 mil ônibus em 2023, tombo de 35,2% em comparação ao ano anterior, 31,8 mil unidades. O volume, no entanto, está acima dos fechamentos de 2021, com 18,9 mil unidades, e de 2020, com 18,4 mil.
Devido a atrasos na licitação do novo edital do programa do governo federal Caminho da Escola, cuja validação dos vencedores foi publicada apenas no fim de novembro, os 15,3 mil ônibus escolares utilizados para transportar estudantes da rede pública que residem em áreas rurais e urbanas de difícil acesso começarão a ser produzidos este ano.
De acordo com o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, o principal impacto proveio das renovações e ampliações de frotas urbanas, muitas com licitação em andamento, caso da Prefeitura de São Paulo, e exigência de que os veículos sejam menos poluentes, o que ampliou a demanda por modelos 100% elétricos, com produção ainda em desenvolvimento no País, a exemplo de Mercedes-Benz, Marcopolo, Eletra e BYD.
As quatro fabricantes ganharam incentivo adicional para comercializar seus veículos a bateria por meio de acordo firmado pela Prefeitura de São Paulo com o BNDES, para dispor de crédito de R$ 2,5 bilhões para a compra de 1,6 mil dos 2,6 mil ônibus elétricos pretendidos até o fim do ano que vem.
Contribuíram, ainda, para a menor fabricação a queda de 6,7% nas exportações, totalizando 4,9 mil unidades. Somente em dezembro foram 415 ônibus, 15,8% a menos do que no mesmo mês em 2022 e 0,2% acima de novembro.
A produção no último mês do ano somou 1,2 mil unidades, 32,3% abaixo de dezembro de 2022 e 33,3% inferior à de novembro. As vendas também reagiram mal, com 1,4 mil unidades, 35,5% aquém mesmo período no ano anterior e 6,7% menor na comparação mensal.