Unidade de Indaiatuba deverá fechar as portas até 2026, uma vez
que a produção do Corolla será transferida a Sorocaba
São Paulo – A Toyota ampliou para R$ 11 bilhões o investimento em duas de suas três unidades produtivas no País, em Sorocaba e Porto Feliz, no Estado de São Paulo, até 2030. A produção do sedã Corolla, em Indaiatuba, SP, será transferida para Sorocaba até 2026, o que implicará a desativação da mais antiga unidade da companhia no Brasil.
O plano da Toyota é focar em veículos eletrificados. O investimento inclui, ainda, o aumento do processo de localização do motor híbrido flex, hoje importado da matriz japonesa para equipar as versões híbridas do Corolla e do Corolla Cross. A partir de 2025 será montado na fábrica de motores em Porto Feliz e a partir de 2026 existe a previsão da montagem de baterias em Sorocaba, a fim de equipar os veículos híbridos fabricados no Brasil.
Produção de Indaiatuba será transferida para Sorocaba
O aporte concentrará em Sorocaba a produção de veículos da Toyota no Brasil. Com isso a unidade, que atualmente utiliza sua plena capacidade, será ampliada, a fim de focar no aumento da demanda por veículos eletrificados, e a fábrica de Indaiatuba fechará as portas:
“Para efetivar essa significativa expansão da capacidade produtiva será necessário construir novas instalações no local, para as quais serão transferidas as operações produtivas de Indaiatuba. Isto ocorrerá de forma gradual, a partir de meados de 2025, com conclusão prevista para o fim de 2026”.
De acordo com o presidente do sindicato de Sorocaba, Leandro Soares, a Toyota já está discutindo a questão com o sindicato local: “Está em processo de negociação. Existe a possibilidade de eles virem para Sorocaba”.
O sindicalista disse que caberá à entidade assegurar que esses trabalhadores sejam beneficiados com essa transferência, “acima de tudo mantendo seus postos, seus direitos e seus benefícios, assim como aconteceu quando foi comunicada a transferência das atividades de São Bernardo do Campo para Sorocaba”. As duas cidades estão distantes em torno de uma hora e meia.
A intenção, garantiu a montadora, é que 100% dos colaboradores de Indaiatuba sejam transferidos para Sorocaba: “Ao fim deste processo teremos um saldo positivo de quinhentos empregos gerados até 2026, e de 2 mil postos de trabalho até 2030, além de 8 mil postos indiretos de trabalho gerados a partir do investimento”.
Hoje, em Indaiatuba, trabalham em torno de 2 mil pessoas. Ou seja: considerando a possibilidade de todos serem transferidos haverá, na realidade, uma realocação dos empregados sem a geração de postos de trabalho.
Mesmo assim Soares apoiou o efeito em cadeia, uma vez que a cada emprego em montadora são gerados até sete indiretos, com potencial de 10 mil a 14 mil empregos na cadeia produtiva, sendo que somente nas sistemistas são 6 mil profissionais. Na pior das hipóteses, portanto, ao menos os empregos serão mantidos.
Sorocaba deverá dobrar produção de 200 mil para 400 mil veículos
Quanto ao reflexo dos aportes em Sorocaba o sindicalista estimou que a capacidade de produção da fábrica, atualmente de 200 mil veículos, deverá dobrar, ou seja, poderá chegar a 400 mil.
“O governo federal teve grande importância nesse processo, com o NIB, Nova Indústria Brasil, o Mover, Programa de Mobilidade Verde, e o compromisso com a reforma tributária. Foi fundamental para que a Toyota tomasse a decisão de direcionar este investimento para Sorocaba.”
Presente ao evento o vice-presidente da República e secretário do MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, avaliou que o investimento de R$ 11 bilhões da Toyota demonstra confiança no Brasil.
“A Toyota é a maior montadora do mundo e é a campeã na eletrificação e nos híbridos flex. Acho que esse é o grande diferencial brasileiro, ter o carro eletrificado, mas também ter o flex”, disse o vice-presidente. “Quinze anos atrás era um terreno às margens da Castelo Branco. Ver hoje esse complexo industrial, na ponta da tecnologia, trabalhando em três turnos, com mais de 3 mil funcionários, é um avanço extraordinário.”
Quanto a contrapartidas para o anúncio Alckmin avaliou que os R$ 3,5 bilhões do Mover dedicados a reduzir impostos da indústria automotiva baseado na inovação, exportação e descarbonização foram muito importantes, assim como o aumento da alíquota dos importados:
“Ou monta fábrica no Brasil, produz e gera emprego ou vai ter 35% do imposto de importação. Essa nova configuração tributária fez toda diferença. Agora todas as montadoras estão anunciando investimentos”.