São Paulo – Os cerca de 4,1 mil trabalhadores da Renault e da Horse em São José dos Pinhais, PR, ingressaram no vigésimo-segundo dia de greve ao rejeitar pela terceira vez proposta da montadora e da fabricante de motores em assembleia no portão da fábrica do Complexo Industrial Ayrton Senna.
Considerando os dezesseis dias úteis desse período, e com base nos cálculos do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, de que são fabricados oitocentos carros e novecentos motores por dia, já deixaram de ser produzidos 12,8 mil veículos e 14,4 mil motores. Isso significa que Renault perdeu cerca de um mês de vendas, uma vez que em abril foram emplacadas 11,9 mil unidades, conforme a Fenabrave.
Segundo o sindicato os funcionários rejeitaram a mesma proposta oferecida pela montadora pela terceira vez consecutiva, composta por PLR, participação nos lucros e resultados de R$ 25 mil para volume de produção de 201 mil carros no ano, reajuste salarial pelo INPC e contratação imediata de cinquenta profissionais. A entidade pleiteia acréscimo de trezentos operários, aumento real de 3,02%, conforme o PIB de dois anos atrás, e benefício de R$ 30 mil.
Diante da situação a montadora posicionou-se dizendo que a proposta foi rejeitada mas que “em razão da greve ilegal a Renault do Brasil negociará somente com a retomada da produção”.
A principal reivindicação, conforme a entidade, é o reforço na mão de obra para suprir ritmo intenso da linha de produção que tem sobrecarregado os funcionários e colocando sua saúde e segurança em risco.
“Evidência deste fato é o índice de engajamento do trabalhador na linha de produção que está em 95%, ou seja, dentro do processo de trabalho, o trabalhador tem apenas 5% de tempo para dar uma respirada ou ir ao banheiro. Cobramos que a empresa baixe esse índice para 85% ou menos.”
De acordo com o presidente do sindicato, Sérgio Butka, “a Renault tem insistido em empurrar proposta que já foi rejeitada três vezes pelos trabalhadores e, simplesmente, se negado a negociar demais alternativas numa postura lamentável de falta de diálogo. O resultado dessa falta de maturidade da empresa são trabalhadores de braços cruzados pela preservação da sua saúde”.