Fábrica recebeu US$ 80 milhões para iniciar a produção dos motores diesel Lion e Panther, que eram importados do Reino Unido e da Índia
General Pacheco, Argentina – Na segunda fase dos investimentos da Ford na Argentina para a introdução da nova geração da picape Ranger os dois motores diesel, que eram importados do Reino Unido e Índia, passaram a ser produzidos na região. Desde 2023 foram aplicados US$ 80 milhões para que os motores Lion 3.0 V6 e Panther 2.0, de quatro cilindros, fossem localizados. O primeiro já está em produção e o 2.0 entra na linha de montagem a partir do segundo semestre.
“Trazer a produção dos motores para a Argentina é a comprovação da competência desta unidade e deste país no segmento de picapes”, comemorou Martín Galdeano, presidente da Ford para a América do Sul. “E também nos ajudará a controlar com mais eficiência a demanda dos clientes na região, além de possibilitar no futuro levar este produto a outros países.”
Neste primeiro momento o consumidor não verá qualquer diferença no produto, até porque os propulsores feitos na Argentina são idênticos aos já utilizados na Ranger. O Lion 3.0 V6 tem 250 cv e 600 Nm de torque, e o Panther 2.0 170 cv e 405 Nm de torque. Sobre alguma vantagem em termos de preço final utilizando propulsores nacionalizados Galdeano conta que o “custo de produção não é uma vantagem hoje comparando com a importação, mas no futuro esperamos que sim”.
A fábrica de motores que produzia até então o motor Puma 3.2 litros a diesel foi totalmente revitalizada. Os responsáveis pela área dizem que sobraram apenas o teto e as paredes do prédio original. Temperatura e pressão são controladas no local que agora tem capacidade de produzir até 82 mil motores ao ano, em dois turnos, numa área de 5 mil m².
São 129 estações de trabalho com controle automático de tarefas, incluindo sistema inteligente de aperto de parafusos. Elas também foram projetadas para melhorar a ergonomia e o conforto dos 185 operadores, que receberam mais de 5 mil horas de treinamento. A linha é monitorada por mais de cinquenta câmaras e 2 mil sensores, que permitem a rastreabilidade das peças que estão sendo utilizadas.
Para atender à demanda serão inicialmente produzidos 189 motores ao dia, em um turno e meio. O desafio é grande por causa da complexidade de coordenar a fabricação de distintos produtos: para mudar a produção do Lion para o Panther são necessários 15 minutos de ajustes. Por isto, no início, haverá a alternância de produção a cada mudança de turno., segundo o diretor de manufatura Adrián Perez: “Esta é a primeira vez que uma fábrica de motores a diesel produzirá dois modelos diferentes”.
A Ford não informa qual é o índice de peças feitas na Argentina para a produção dos novos motores, mas diz que o índice de nacionalização da Ranger é 50%. No caso dos motores “as partes mais importantes são fornecidas por empresas da região”, segundo Perez. A Tupy, no Brasil, é a fornecedora dos blocos.
A fábrica de Pacheco recebeu US$ 660 milhões, pouco mais de R$ 3,5 bilhões, para produzir a nova geração da picape Ranger. Ampliou a capacidade em 70% passando 110 mil unidades ao ano, segundo a Ford. Uma das novidades é uma prensa de alta velocidade, a mesma que foi instalada na antiga fábrica de São Bernardo do Campo, SP. Com ela a Ford Pacheco tem a maior e mais eficiente linha de estampagem da Argentina, com capacidade de até 1,8 mil peças grandes da picape por hora.
Na área de soldagem são utilizados 318 robôs novos. Antes contavam com apenas 99 para fazer este mesmo serviço de precisão. Agora a área arma até quarenta unidades, soldando todas as peças da carroçaria, em uma hora.
A linha de montagem final passou de 100 para 250 metros, o que possibilitou maior conforto e eficiência na execução. Ela foi equipada com controle automático de ferramentas de torque, escaneamento 3D para controle dimensional e mais de 1 mil câmaras e sensores, monitorados em tempo real com o uso de inteligência artificial para garantir a qualidade da picape.
Segundo Kleber Fernandes, diretor de qualidade da Ford para a América do Sul, a fábrica de Pacheco tem o melhor índice de reparos por mil unidades dentre todas as fábricas que produzem a Ranger no planeta: “Considerando a média global de reparos na Ford estamos 28% abaixo, ou seja, temos um padrão de qualidade do produto que é reconhecido até mesmo pelo nosso próprio cliente”.
O resultado deste investimento, pelo menos por enquanto no Brasil, é que a Ranger tem aumentado a sua participação nas vendas. Segundo Pedro Rezende, diretor de vendas e da rede Ford no País, em 2023 foram negociadas mais de 17 mil unidades, o que correspondeu a 17% de participação no segmento: “No primeiro semestre de 2024 já avançamos para 19% de market share em picapes”.
A fábrica de Pacheco produziu mais de 60 mil unidades da Ranger no ano passado, para abastecer Argentina, Brasil e outros mercados da região.