Empresa já tem 50% do fornecimento a montadoras de sistemas de portas e arrefecimento, e começa a montar no País acionador elétrico de tampa de porta-malas
São Paulo – Portas abertas com o simples toque da mão ou por comandos no smartphone, tampas de porta-malas e capôs acionados por motor elétrico, assentos que reconhecem o tamanho do motorista e se ajustam automaticamente, vidros inteligentes que escurecem total ou parcialmente. Todos estes sistemas são exemplos do que a mecatrônica pode fazer pelos veículos e são produzidos pela alemã Brose, que incorporou todos eles ao carro conceito futurista Brose Next, exposto recentemente no estande da empresa no Congresso SAE Brasil, realizado na semana passada.
“Colocamos aqui sistemas que já fornecemos regularmente a fabricantes de veículos e outros que ainda forneceremos”, relatou Murilo Matta, presidente da operação brasileira da Brose, que tem fábricas em São José dos Pinhais, PR, Jarinu, SP, e Goiana, PE, dentro do parque de fornecedores da fábrica da Jeep.
Interior do Brose Next: sistemas mecatrônicos de conforto. Foto: Ruy Iza/Divulgação SAE Brasil.
A empresa fornece a quase todas as fabricantes de veículos no País sistemas de portas, incluindo levantadores elétricos de vidros e dispositivos de abertura e de fechamento, e também ventiladores de arrefecimento de motor. Em ambos os casos a Brose domina cerca de metade do mercado nacional de fornecimento OEM dos dois sistemas.
Recentemente o fornecedor adicionou mais um item ao portfólio brasileiro: começou a montar sistemas de acionamento elétrico da tampa do porta-malas, principalmente para modelos Jeep produzidos em Pernambuco. Segundo Matta a intenção é aumentar gradativamente a nacionalização deste sistema: “Por enquanto estamos fazendo a montagem de partes importadas, porque a demanda ainda é pequena, mas no futuro poderemos localizar a produção de mais partes”.
Desempenho
Matta afirma que os negócios da Brose estão indo bem no Brasil, com aumento de faturamento estimado em 6% este ano sobre 2023: “Tivemos um segundo semestre bastante pujante, todas as montadoras aumentaram seus pedidos e por isto estamos crescendo”.
Para 2025, por enquanto, a estimativa é de estabilidade, de um ano parecido com 2024: “Não temos atuação no mercado de reposição, só fornecemos diretamente aos fabricantes de veículos e dependemos integralmente do desempenho deles”.
Segundo o executivo a projeção é conservadora porque a única maneira de aumentar as vendas no País seria com a chegada de novos clientes, especialmente as chinesas GWM e BYD, que devem inaugurar suas linhas brasileiras de montagem em 2025. A Brose já fornece para ambas na China: “Já conversamos com eles sobre quais sistemas poderíamos fornecer aqui, mas ainda não há nada de concreto”.
Possibilidades
Claro que todas as inovações apresentadas dentro do Brose Next têm potencial de fornecimento no Brasil, mas deve demorar um pouco mais, pondera Matta. Até porque algumas das tecnologias apresentadas ainda nem começaram a ser fornecidas comercialmente, como é o caso dos vidros inteligentes, que são escurecidos em parte ou no todo por uma película eletrônica inserida no vidro, acionada por um controle gradual a bordo do carro – algo parecido com o que já é usado nas cabines dos aviões Boeing 787.
O primeiro cliente dos vidros inteligentes da Brose é a chinesa Xiaomi, que lançará um carro dotado do sistema em 2025 – em 2021 a empresa fabricante de eletrônicos como computadores e smartphones também entrou no ramo de produção de veículos com grande adoção de dispositivos tecnológicos.
Levantamento elétrico de capô: comodidade que a Brose pode introduzir no Brasil. Foto: Ruy Iza/Divulgação SAE Brasil.
Outra comodidade que tem possibilidades no Brasil, na avaliação de Matta, é o acionamento elétrico do capô, dando acesso mais fácil ao motor sem necessidade de esforço para levantar a tampa. São todas possibilidades que, normalmente, são bem aceitas pelo marketing dos fabricantes de veículos, pois criam novidades interessantes aos consumidores, mas que por algum tempo são vetadas pelos departamentos de compras para economizar nos custos de produção.