Expectativa é puxada por lançamentos e pela maior adesão ao uso da tecnologia LED nos veículos
São Paulo – Fatores como lançamentos de veículos e a preferência cada vez maior por lâmpadas de LED pelo setor automotivo provocam crescimento vertiginoso no faturamento da Osram no Brasil. A perspectiva é ampliar as receitas em 30% no segmento de OEM em 2024, na comparação com os doze meses anteriores.
Embora a companhia venha registrando incrementos na casa dos dois dígitos nos últimos cinco anos, justamente por causa desta tendência de substituição das lâmpadas tradicionais por LED, um acontecimento pontual acabou abrindo espaço para a concorrência – incluída a Osram – ocupar sua fatia de mercado: a saída da GE, importante competidor que produzia na Hungria e consumia gás ucraniano em 2023 que, por causa do conflito da Ucrânia com a Rússia e das dificuldades inerentes, encerrou sua produção.
Foi o que contextualizou à AutoData o CEO da ams Osram para o Brasil, a América Latina e a Península Ibérica, Ricardo Leptich. A empresa hoje ocupa fatia de 55% a 60% do mercado brasileiro de iluminação veicular: “A saída da GE acabou nos dando oportunidade de promover crescimento mais robusto, mas não foi só o volume. É preciso incluir nesta conta o preço dos produtos, uma vez que o LED possui maior valor agregado, e a cotação do dólar e do euro, moedas utilizadas nos contratos, que registraram fortes variações em 2024”.
Leptich citou que a obrigatoriedade ao uso de farol diurno com o DRL estimulou maior movimento das montadoras. Tanto que para 2025 a perspectiva, aliada a mais lançamentos – cujos contratos com empresas de faróis e lanternas que fornecem diretamente às fabricantes foram firmados dois a três anos atrás –, é de incremento de 20% nas receitas.
Iluminação agora faz parte do design do veículo
A tendência das montadoras de incluir integrantes das famílias de veículos na tecnologia também ajuda. Exemplo é o Volkswagen Polo, carro de entrada, ainda usa lâmpadas comuns, mas versões mais avançadas trazem iluminação em LED: “A iluminação passou a fazer parte da assinatura da marca. E também é uma forma de se comunicar com o consumidor, ao criar essa imagem”.
O CEO da Osram apontou que o revés do LED está no fato de que, se houver qualquer problema, a luminária inteira terá de ser substituída. Por isto uma opção que a empresa tem desenvolvido, já adotada pela Toyota, são módulos intercambiáveis que também abastecem o mercado de reposição.
A propósito o aftermarket, que em 2019 representava 75% da receita da companhia no Brasil, hoje responde por 55%, equilibrando a balança com o OEM, com 45% em vez de 25%, justamente por ter ganho valor agregado com o avanço da tecnologia de LED. Porque em termos de volume a reposição ainda é maior, respondendo por 70%.
“O mercado de reposição é muito concorrido e o nosso primeiro trimestre não foi tão bom, por causa da ressaca de 2023, em que fomos favorecidos com a saída de importante player também deste mercado e, então, a base de comparação era elevada. Mas a partir do segundo trimestre apostamos na ampliação do portfólio e, em sessenta dias, lançamos trinta produtos, o que nos trouxe crescimento.”
Uma das grandes apostas é o carregador portátil para veículos elétricos, de carga lenta, mas que funciona direto na rede 220 V, sem necessitar de um adaptador: “Ainda estamos engatinhando neste mercado, mas temos grandes perspectivas”, disse o executivo, ao pontuar que este produto deverá responder por até 15% do faturamento do aftermarket no ano que vem e, na esteira, ampliá-lo de 12% a 15%. Para 2024 a projeção é avançar de 5% a 6%.
O setor automotivo responde por 97% da receita local da companhia, enquanto que, globalmente, este peso é de 50%. Isso ocorre porque a empresa desenvolve tecnologia de semicondutores para outros segmentos, como de telefonia celular, com sensores que travam a tela ou melhoram a qualidade da foto.
Mesmo em meio a este cenário o CEO da Osram descarta produzir localmente – até 2016 a empresa mantinha fábrica no Brasil, mas não era focada no automotivo. Os componentes de iluminação para veículos leves e pesados vêm principalmente da Alemanha, e da China para motos e para a reposição.
“Ninguém deste setor produz no Brasil principalmente por causa do custo. Aqui temos muito o que avançar na industrialização e na capacidade de desenvolver economia de escala. O último concorrente que mantinha produção local encerrou-a dez anos atrás, e nós possuímos fábricas bem estabelecidas e capazes de atender tranquilamente à demanda global.”