São Paulo – A Acea, que representa as empresas fabricantes de veículos europeias, está finalizando documento para ser entregue à União Europeia pedindo a postergação de novas regras de emissão de CO2 por pelo menos dois anos. A agência de notícias Bloomberg teve acesso a uma versão do texto, que cita redução de consumo de veículos elétricos por parte dos europeus e invasão de carros importados de outras regiões no continente como razões para que as metas não fossem alcançadas.
Pela legislação atual as emissões de CO2 da frota atual deveriam baixar de 106,6 g/km para 95g/km em 2025. Caso contrário multas elevadas, calculadas em torno de 15 bilhões de euros pela Acea, precisariam ser pagas pelas empresas, ou então que deixassem de produzir 2 milhões de veículos, o que provocaria demissões nas fábricas da Europa. O presidente Luca de Meo comentou sobre o assunto recentemente.
“A UE está em uma crise causada pela baixa demanda do consumidor por veículos elétricos e pela concorrência desleal de fabricantes de países terceiros, o que significa que a indústria não será capaz de atingir estas metas de redução”, citou o rascunho obtido pela Bloomberg. “A indústria terá pouca escolha, a não ser cortar significativamente a produção, o que ameaça milhões de empregos na UE, prejudica os consumidores e afeta negativamente a competitividade e a segurança econômica da região.”
Oficialmente a Acea não se posicionou. A Bloomberg procurou representantes de montadoras que não quiseram comentar.
Para alcançar a meta em 2025 a participação de elétricos nas vendas deverá ser de 20% a 22%, e atualmente está abaixo de 15%.
Grupos ambientalistas, entretanto, criticaram o movimento das montadoras. O grupo Transport & Environment classificou como “absurda” a proposta de adiar as metas e afirmou que as empresas tiveram tempo para se preparar. Em comunicado disse que “os fabricantes lucraram mais de 130 bilhões de euros desde 2022 e tiveram anos para se preparar para a meta. Agora estão tentando desencadear um estado de emergência para que possam continuar a vender carros poluentes”.
Está em xeque também o prazo de proibição da venda de carros a combustão na região, atualmente agendada para 2035: uma revisão está prevista para ser discutida em 2026.