São Paulo – As tarifas mais altas para a importação de carros chineses pelos países da União Europeia, aprovadas recentemente pela Comissão Europeia, não impedirão o fechamento de fábricas na região, avaliou Carlos Tavares, CEO da Stellantis, que conversou com jornalistas da Agência Reuters em Paris, durante a abertura do Salão do Automóvel. Ao contrário: com a chegada de fábricas chineses as empresas locais serão forçadas a cortar unidades produtivas pelo excesso de capacidade.
“As tarifas são uma boa ferramenta de comunicação, mas têm efeitos colaterais: aumentam a sobrecapacidade do sistema de manufatura da Europa porque, para escapar das tarifas, os chineses precisarão produzir na Europa. Você está acelerando a necessidade de fechar fábricas.”
Tavares citou como exemplo a BYD, que está erguendo sua primeira fábrica europeia na Hungria: “As montadoras chinesas não irão para Alemanha, França ou Itália para fabricar seus carros porque teriam desvantagens de custo, começando pela energia”.
Stella Li, vice- presidente global da BYD, também esteve no Salão de Paris e reforçou os planos da empresa de produzir na Hungria e na Turquia, importando da China apenas a célula de bateria.
A questão agora é se a empresa repassará os custos da tarifa aos consumidores ou absorverá o impacto: no caso da BYD há uma tarifa de 17% além dos 10% já cobrados. Segundo Li será difícil vender carros na Europa por menos de 30 mil euros, disse à Automotive News Europe: “Discordamos muito sobre os cálculos… não é um julgamento justo”.
Da mesma forma a Leapmotor, que mantém joint-venture com a Stellantis e estreia no mercado europeu, reclamou das tarifas. Seu CEO, Tianshu Xin, disse que ela podem afetar os planos de produção na Europa. Xin também evitou dizer se repassaria os custos ao consumidor, embora transpareceu que seria possível absorvê-los porque 60% do desenvolvimento de seus veículos é feito internamente.