Crescimento orgânico e aquisição da mexicana Kuo Refacciones elevam as receitas
Caxias do Sul, RS – Seguindo a rota de crescimento acelerado que já multiplicou por três seu faturamento nos últimos cinco anos a Frasle Mobility se prepara para novo salto com potencial para elevar suas receitas na casa dos 40% em 2025, o que significa avançar para mais de R$ 5,5 bilhões em comparação com o resultado esperado de 2024, que já deve alcançar o recorde de cerca de R$ 4 bilhões.
Segundo estima o chefe de operações Anderson Pontalti em torno de 8% a 10% da expansão das vendas esperada para 2025 virá do crescimento orgânico da Frasle, que vem ganhando participação de mercado ao mesmo tempo em que aumenta o portfólio de produtos – até a década passada concentrado em pastilhas e lonas de freios e atualmente ampliado para discos, tambores, componentes de direção e suspensão e peças em compósito plástico – e passa a frente dos poucos concorrentes que restam no mercado.
“A frota de veículos deve crescer só 1% este ano mas nós vamos avançar mais de 9% em crescimento orgânico. Sustentamos este desempenho forte porque ganhamos mais escala, enquanto alguns concorrentes decidiram sair do mercado e aqui, em Caxias, temos a maior fábrica de lonas de freio do mundo mas também investimos em processos industriais eficientes e desenvolvemos tecnologia.”
O crescimento da escala de produção pode ser facilmente constatado pela intensa atividade das fábricas da Frasle. Atualmente todas as unidades da planta de Caxias do Sul operam em três turnos ininterruptos de 24 horas, em todos os sete dias da semana. Somente na linha de lonas de freios para veículos pesados trabalham 1,5 mil pessoas que produzem 250 mil lonas por dia, 52% delas exportadas para dezenas de mercados. A mesma unidade tem capacidade para produzir 11 mil pastilhas/dia. Estes números garantem o título de maior fábrica do mundo de materiais de fricção para freios da América Latina.
Neste ritmo as novas contratações ocorrem quase que semanalmente e Pontalti já projeta que será necessário abrir mais trezentas a quatrocentas vagas em 2025, ampliando o quadro da Frasle que hoje conta com 5,5 mil empregados em suas seis fábricas no Brasil e outras cinco no Exterior, nos Estados Unidos, China, Argentina, Índia e Reino Unido – e em breve mais uma planta estrangeira será agregada ao grupo com a conclusão da compra da Kuo Refacciones, no México.
Pontalti afirmou que o plano é seguir ampliando o faturamento com abertura de novas frentes, aquisições, internacionalização e desenvolvimento de novos produtos: “Ampliar as receitas com novos negócios é o que garante sustentabilidade à companhia”.
Maior aquisição da história
A maior parte do crescimento esperado para o ano que vem virá da maior aquisição já feita pela Frasle em seus setenta anos de história, completados neste 2024. Anunciada em junho e em vias de ser concluída, a compra da Kuo Refacciones, do México, por R$ 2,1 bilhões, acrescenta mais de 1 mil empregados ao grupo e receita anual líquida que foi de R$ 1,4 bilhão em 2023.
A empresa é uma das principais distribuidoras de peças de reposição no mercado mexicano e agrega ao portfólio da Frasle as marcas Moresa e TF Victor de pistões e juntas para motores, além da Fritec, líder na oferta de pastilhas e lonas de freio para veículos leves naquele país.
Crescimento acelerado
A expansão acelerada da Frasle vem acontecendo nos últimos oito anos, desde quando a empresa lançou um ousado plano de internacionalização e aquisições com diversificação da linha de produtos. De 2016 a 2023 a receita líquida anual saltou de R$ 800 milhões para R$ 3,4 bilhões e no mesmo intervalo de tempo o número de empregados pulou de 3,2 mil para 5,5 mil. De julho a setembro deste ano, pela primeira vez, o faturamento superou R$ 1 bilhão em apenas um trimestre.
Atualmente em torno de 63% das receitas vêm de vendas no mercado doméstico brasileiro e 37% são provenientes de exportações e das operações no Exterior. A Frasle vende suas autopeças em 125 países.
Hoje a empresa tem dezessete marcas de produtos – como a própria Fras-le, Nakata, Fremax e Controil dentre as mais conhecidas – e concentra 88% de suas vendas no mercado de reposição e apenas 12% de fornecimento direto às montadoras, observa Potalti: “É uma característica do nosso portfólio, pois produzimos boa parte das peças que vão embaixo dos veículos e que são de troca obrigatória”. Dos componentes produzidos 64% são para automóveis e 36% para veículos comerciais.
Desenvolvimento próprio
Segundo Pontalti a empresa investe anualmente cerca de 20% de seu EBTIDA em desenvolvimento de produtos, o que este ano deve corresponder a mais de R$ 110 milhões.
Parte desses recursos são direcionados ao Movetech, maior centro de engenharia avançada da América Latina especializado no desenvolvimento de elementos de fricção para frenagem de veículos, que há cinquenta anos desenvolve estes componentes em área dentro do parque industrial da Frasle em Caxias do Sul, RS. O Movetech emprega atualmente 160 profissionais dedicados a projetos e validações de qualidade que já deram origem a 75 patentes.
Também está à disposição da Frasle toda a estrutura de pesquisa e desenvolvimento de sua controladora, a Randoncorp, que inclui o Instituto Hercílio Randon com suas parcerias em projetos com universidades, a Nione, recém-criada divisão que desenvolve componentes com nióbio – como a pintura anticorrosiva para o discos de freios Maxcoating que já estão sendo vendidos nos Estados Unidos – e o CTR, Centro Tecnológico Randon. O campo de provas de 90 hectares localizado na vizinha Farroupilha, RS, tem vinte pistas de testes e diversos laboratórios.