São Paulo – Após alguns rumores, que se fortaleceram na metade do mês passado em diante, em 23 de dezembro Honda e Nissan anunciaram a assinatura de um MoU, sigla em inglês para memorando de entendimentos, para juntar as suas forças e criar a potencial terceira maior montadora global em termos de volume. A ideia é aproveitar sinergias e desenvolver em conjunto novas plataformas e tecnologias, diante do avanço dos chineses no mercado global.
Na prática o único ponto decidido, que ainda faz parte de um planejamento, é a criação de uma holding para a qual seriam transferidas as ações das duas empresas. Esta holding reuniria os acionistas de Honda e de Nissan e controlaria as duas companhias, ainda que de forma independente. A Mitsubishi, da qual a Nissan possui ações, pode entrar no jogo – será decidido até o fim de janeiro.
Tal movimento foi feito porque a Renault é uma das maiores acionistas da Nissan. A companhia francesa, em nota, disse que avalia todas as possibilidades dentro do movimento de fusão. E lembrou à Nissan que, ainda que esteja enfraquecida, a Aliança Renault Nissan segue em vigor, incluindo projetos conjuntos.
Caso a fusão siga adiante alguns pontos de sinergia serão estudados, incluindo integração das áreas de compras e compartilhamento de plataformas atuais e o desenvolvimento em conjunto de novas. O uso de fábricas de uma pela outra também é cogitado mas nada foi, ainda, decidido — assim continua sem definição o futuro das operações brasileiras.
A impressão que fica é a de que, no primeiro momento, a possível fusão tem potencial de ser mais parecida com o movimento de Hyundai e Kia do que da FCA com a PSA. Ou seja: as duas empresas e suas marcas deverão seguir com mais independência.
Ainda há muita estrada a ser percorrida: a transferência de ações está planejada apenas para o segundo semestre de 2026. Até lá as muitas perguntas deverão ser respondidas, e novas poderão surgir.