São Paulo – A expansão de 31% do crédito ao setor automotivo no ano passado, comparado com 2023, foi fundamental para que as vendas de veículos alcancassem o melhor resultado desde a pandemia de covid-19, 2 milhões 635 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, 14,1% acima do volume emplacado no ano anterior.
Considerando apenas automóveis e comerciais leves as vendas somaram 2 milhões 484 mil unidades, 14% acima do ano anterior. Foram emplacados 1 milhão 948 mil automóveis, aumento de 13,2% no mesmo comparativo, e 536,6 mil comerciais leves, alta de 17%.
Os dados foram divulgados pela Fenabrave na quarta-feira, 8. Segundo Tereza Fernandes, da TF Consultoria, há muito tempo não se via tal crescimento nos financiamentos. Em torno de 60% das vendas foram a prazo: “A disponibilidade de crédito, no geral, avançou 9,6%. No entanto, em 2025, isto diminuirá, até porque no contexto de juros maiores a inadimplência deverá ser ampliada”.
Ainda assim a economista projetou que, ao passo que a oferta de crédito em geral cresça 5% este ano, os financiamentos para pessoas físicas no setor automotivo deverão expandir de 12% a 15%.
Para a Selic sua expectativa é que a taxa chegue a 14,25% ao ano. Mas se houver soluções efetivas para equilibrar a área fiscal uma projeção mais otimista é de 13% ao ano – o mais recente Boletim Focus aposta em 15% ao ano.
Embora tenha sido “um ano bastante desafiador”, avaliou o diretor executivo da Fenabrave, Marcelo Franciulli, a aprovação do Marco das Garantias começou a surtir efeito e os índices de inadimplência se mantiveram em baixa, o que favoreceu a maior oferta de crédito, ainda que em meio a juros elevados.
“A maioria dos novos contratos já veio com a cláusula de retomada do bem em 2024, o que, ainda assim, demora de seis a oito meses para acontecer, e a maioria dos veículos volta em péssimo estado. De cem casos apenas uns quinze se salvam. Apesar disto o efeito é muito positivo ao custo das taxas de empréstimo.”
Contribuiu para o cenário, de acordo com o presidente Arcélio Júnior, postura adotada pelos bancos de montadoras ao dispor de tarifas de juros subsidiadas, o que em sua avaliação deverá continuar acontecendo este ano.