São Paulo – Pela primeira vez um líder da indústria automotiva estadunidense teceu críticas ao presidente Donald Trump após suas ameaças de taxar as importações de produtos do México e do Canadá. Segundo reportagem do portal Automotive News Jim Farley, CEO da Ford, afirmou enxergar boas intenções no novo governo mas, que até agora, só trouxe dor de cabeça às empresas fabricantes:
“O presidente Trump falou muito sobre tornar nossa indústria automotiva mais forte, trazendo mais produção para cá, mais inovação para os Estados Unidos. Se esta administração de fato conseguir isto, seria, eu acho, uma das realizações mais marcantes”, afirmou em uma conferência da indústria de tecnologia. “Até agora o que estamos vendo é muito custo e muito caos”.
As importações de aço e alumínio foram taxadas em 25%, medida que afeta diretamente as siderúrgicas instaladas no Brasil, que têm boa parte da produção exportada para os Estados Unidos. As tarifas sobre os produtos do México e Canadá, também de 25%, foram adiadas em trinta dias no começo do mês.
“Vamos ser bem honestos: tarifas de longo prazo de 25% na fronteira mexicana e canadense abririam um buraco nunca visto antes na indústria dos Estados Unidos. Solta as rédeas para empresas sul-coreanas, japonesas e europeias que trazem de 1,5 milhão a 2 milhões de veículos para cá e que não estariam sujeitos a taxas. Seria uma das maiores dádivas a elas.”
A Ford produz no México o Bronco Sport e a Maverick, que são considerados modelos acessíveis aos consumidores estadunidenses. Mas quase todas as fabricantes usam o México como plataforma de exportação para os Estados Unidos além do intercâmbio de peças, que poderia afetar nos custos.
Com relação ao aço e alumínio Farley disse que afetam menos, porque muitos dos contratos das montadoras têm preço fixo e 90% do aço usado pela Ford é comprado nos Estados Unidos. Mas fornecedores têm fontes internacionais de compra dos metais e provavelmente repassarão os cursos para as fabricantes:
“É o que estou falando: custo e caos. Um pouco aqui, um pouco ali e em algumas semanas ou alguns meses as tarifas começam. É com isso que estamos lidando agora”.