São Paulo – Gerou preocupação nas fabricantes de autopeças instaladas no Brasil a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 25% as importações de veículos e peças automotivas. Ainda que faltem pormenores a respeito de quais serão os componentes abrangidos – o texto da Casa Branca cita motores e peças de motores, transmissões e peças de trem de força e componentes elétricos – a medida tem potencial de causar efeitos importantes nas exportações brasileiras.
Os Estados Unidos são o segundo maior cliente de peças brasileiras, atrás apenas da Argentina. No ano passado, de acordo com o Sindipeças, os embarques para lá somaram US$ 1,4 bilhão, ou 17,5% de todas as exportações de autopeças do País. O país norte-americano é superavitário: no sentido oposto as importações alcançaram US$ 2,2 bilhões, ou 10,7% das compras externas. Mais uma vez os Estados Unidos são o segundo do ranking, superados apenas pela China.
Em veículos também há superávit estadunidense: não há exportações de veículos prontos e as importações somaram 3,9 mil unidades no ano passado, segundo a Anfavea.
Muitas empresas têm contrato de exportação em vigor com os Estados Unidos, como a Toyota, que envia de Porto Feliz, SP, alguns dos motores que equipam o Corolla vendido naquele mercado.
Sem ainda conhecer os pormenores o Sindipeças afirmou, em nota, que “aguarda a publicação do completo teor da legislação para analisar os possíveis impactos”. A expectativa é que tudo seja explicado pelo governo estadunidense, e as NCMs listadas, até 3 de abril, quando as medidas entrarão em vigor, junto com outras, como a sobretaxação do aço e alumínio.
No Japão, onde participa de uma visita oficial, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse à Agência Brasil que a decisão de Trump pode ser prejudicial à economia do país: “Isso vai elevar o preço das coisas, e pode levar a uma inflação que ele ainda não está percebendo”.
No caso das taxas de aço, também elevadas a 25% e que afetam bastante as siderúrgicas instaladas no Brasil, Lula decidiu levar a questão à OMC, Organização Mundial do Comércio, e ameaçou aderir à prática da reciprocidade tarifária. Se fizer o mesmo com a questão automotiva a produção local poderá ser diretamente atingida e impactada em custo.