São Paulo – Em sua terceira gestão consecutiva à frente do IQA, Instituto da Qualidade Automotiva, o engenheiro mecânico e gerente sênior de qualidade da Stellantis, Cláudio Moyses, estabeleceu como bandeiras do novo mandato, de 2025 a 2027, a continuidade no desenvolvimento de pessoas e a ampliação do acesso da cadeia de suprimentos a ferramentas que a tornem mais competitiva.
Este ano, representativo também para a entidade, que completou três décadas, está sendo marcado por grande transformação na indústria, em movimento iniciado há cinco, nas palavras de Moyses, o “que demonstrou que o papel do IQA vai muito além de um organismo de certificação”.
Ele reconheceu que cada mandato teve seu desafio, ao citar que no princípio o foco estava na busca por conformidade, nas primeiras normas de certificação de sistemas, depois vieram o desenvolvimento de produtos e o início dos testes laboratoriais, quando foi construído laboratório no Parque Tecnológico de Sorocaba, SP, em 2014.
“E, hoje, pensar em IQA é pensar na indústria da mobilidade. Vemos toda a evolução da digitalização, indústria 4.0, novas tecnologias e preocupação com o clima, o que está transformando não só a sociedade como a indústria.”
Segundo o dirigente o plano é continuar de olho nas macrotendências e buscar meio de ajustar o setor a elas: “Recentemente abrimos vários eixos de trabalho dedicados à sustentabilidade, com o IQA DS, e transformação digital, com a certificação de software e a segurança da informação, com o iQMX e, desta forma, seguimos expandindo as atividades”.
O próximo passo, antecipou Moyses, dentro da premissa de seguir com foco em novos negócios, será expandir a visão de laboratório físico. Sem pormenores, novo projeto do instituto, que deverá ser lançado no início de 2026, buscará ampliar o acesso do setor a ensaios laboratoriais em plataforma que a entidade está desenvolvendo, nos moldes de como é feito com o IQA DS para auxiliar empresas a implantarem ações de ESG e a mensurarem seus resultados. As instalações em Sorocaba também ganharão maiores estruturas.
Em números o IQA contabiliza ao longo dos 30 anos de história mais de 158 mil produtos certificados, 40 mil profissionais qualificados e 3 mil empresas certificadas. O plano do dirigente, dentro do planejamento estratégico que está sendo desenhado para a nova gestão, com focos de três e dez anos, é ampliar este volume em 10% a cada gestão e fazer com que os novos negócios respondam por fatia de pelo menos 10%.
Capacitação como peça fundamental
A velocidade das mudanças tecnológicas, a cada mês, impõe o desafio extra de preparar as pessoas no setor para acompanhar as transformações em certificações e treinamentos. Neste cenário Moyses chamou atenção à concorrência de montadoras chinesas com carros tecnológicos a preços competitivos em padrão que desafia toda a indústria: como lidar e apoiar montadoras, sistemistas, fornecedores, reparação e concessionárias?
“Vivemos momento complicado na geopolítica, em que peças que não temos por aqui têm de percorrer caminhos maiores para chegarem ao destino, e a custos maiores. O que reforça a necessidade de localização. O governo precisa apoiar este processo para que sejamos um hub pronto a atender não somente o nosso mercado mas também Estados Unidos e Europa e, principalmente, para voltarmos a ter participação mais ativa na América do Sul.”
Ele apontou que, normalmente, muitas das orientações das montadoras vêm prontas da matriz, e que é grande responsabilidade compartilhar o acesso à tecnologia com a cadeia de suprimentos pois, sem o apoio das empresas maiores, não se reúne forças para passar pela transformação e fortalecer a indústria local.
“Sobretudo temos de ser ágeis e termos capacidade de adaptação. É preciso ser competitivo para concorrer neste mercado. E o IQA pode ajudar muito no desenvolvimento das pessoas, capacitação, treinamento, além de metodologias aplicadas há muitos anos. Desde itens básicos como análise de riscos em um projeto, nem sempre bem feitos, para desenvolver componente que garantirá a qualidade e a competitividade, e até certificação de softwares. Nosso perímetro é bem amplo.”
Com sede própria em São Paulo e sala colaborativa hoje o IQA emprega diretamente sessenta funcionários. O trabalho do conselho diretor é composto por catorze entidades, como Anfavea, Sindipeças e Sindirepa, além de representantes do governo e da academia: “Aqui nada é feito sozinho, tudo é em conjunto. Não à toa o foco a partir de agora é que as novas tecnologias dêem poder a questões de colaboração e diversidade.”