A única previsão acertada sobre a nova ordem mundial que se desenha para os próximos anos é que tudo ficou muito imprevisível. Também é certeza para a maioria dos especialistas em geopolítica que nada será como antes. O surgimento de uma nova potência econômica no mundo, a China, desequilibra a balança global que sempre pendeu em favor dos interesses políticos e comerciais dos Estados Unidos, gerando reação que afeta todos os países, em maior ou menor grau, por meio de tarifas que interditam os negócios e os organismos multilaterais.
Apesar de ter sido atingido pelas maiores tarifas impostas ao mundo pelo governo imperial de Donald Trump, graças à sua exposição relativamente baixa ao comércio internacional, o Brasil navega em águas mais calmas, ao menos por enquanto. Sérgio Vale, economista chefe da MB Associados e especialista em relações internacionais, concorda com a maioria dos analistas que o tarifaço deverá causar perda econômica mínima ao País, da ordem de apenas 0,1% do PIB este ano.
“No fim das contas o cenário é mais positivo do que foi inicialmente imaginado.”
Este impacto, inclusive, pode ser reduzido caso prosperem as negociações do governo brasileiro com os Estados Unidos, em canal aberto após o encontro na Assembleia Geral da ONU, no fim setembro, dos presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que dias depois fluiu para uma conversa por videoconferência dos dois e agora prosseguem nas mãos da diplomacia dos dois países.
Vale reconhece que alguns setores exportadores que não foram incluídos na lista de isenções, como autopeças, aço, máquinas agrícolas e rodoviárias, por exemplo, são mais atingidos por perdas de receitas com vendas externas para os Estados Unidos e devem procurar outros mercados. Mas consequências econômicas mais amplas ainda são pequenas.
“O que importa para a economia do País é o resultado agregado e aí vemos um impacto muito baixo”, afirma o economista. “Por enquanto a questão da guerra tarifária dos Estados Unidos com o mundo é menos relevante para o Brasil, que conta com algumas vantagens: não existem aqui conflitos geopolíticos de fronteiras, o País é autossuficiente em petróleo, existem ativos importantes como a grande extensão territorial, reservas minerais de terras raras e agropecuária forte, até a situação fiscal é melhor do que a de muitos países desenvolvidos que têm déficits maiores que seu próprio PIB.” No entanto o FMI, Fundo Monetário Internacional, em seu mais recente estudo sobre a economia global, avalia que o impacto das tarifas estadunidenses ainda não foi completamente sentido e que seus efeitos devem reduzir o crescimento econômico no ano que vem, inclusive nos Estados Unidos – a entidade estima que o PIB do país avançará 2,1% este ano e 2% em 2026, taxas abaixo dos 2,8% de 2024. Para o Brasil o FMI aumentou de 1,9% para 2,1% a projeção de expansão do PIB em 2025 – justamente porque o efeito do tarifaço é considerado baixo – e reduziu de 2,1% para 1,9% a expectativa para o próximo ano, por esperar consequências mais fortes da sobretaxação às exportações brasileiras.
NOVA ORDEM MUNDIAL
Esta reportagem foi publicada na edição 426 da revista AutoData, de Outubro de 2025. Para ler ela completa clique aqui.
São Paulo – A fabricante de chips automotivos de origem holandesa Nexperia afirmou ter suspendido o fornecimento de material para sua fábrica na China porque, segundo a empresa, “a unidade local se recusou a efetuar pagamentos de produtos comercializados”.
De acordo com comunicado da Nexperia, pertencente à chinesa Wingtech Technology, a subsidiária do país deixou de operar dentro da estrutura de governança corporativa estabelecida e estava ignorando as instruções da administração global: “Não podemos controlar se e quando os produtos de nossa fábrica na China serão entregues. Dada a falta de transparência e supervisão sobre os processos de fabricação não podemos garantir a propriedade intelectual, a tecnologia, a autenticidade e os padrões de qualidade dos produtos entregues pela Nexperia na China a partir de 13 de outubro”.
Em setembro o governo holandês assumiu a Nexperia devido a preocupações de que a Wingtech estivesse prejudicando a fabricante de chips e ameaçando o fornecimento de componentes vitais. A China retaliou impondo restrições às exportações dos produtos da empresa.
Reportagem da Bloomberg aponta que em 29 de outubro a empresa notificou seus clientes de que interromperia o fornecimento direto de wafers para sua fábrica de montagem na China por causa da falta de pagamento e que, conforme a Nexperia, “não é um incidente isolado”.
A empresa alegou apropriação indevida dos selos corporativos das unidades da Nexperia na China sem justa causa ou explicação, e citou o envio de cartas não autorizadas com informações falsas a clientes, subcontratados, fornecedores terceirizados e funcionários. O comunicado diz ainda que a Nexperia China criou contas bancárias não autorizadas e que estava orientando clientes a enviar pagamentos para elas.
A China criticou o governo holandês por não tomar medidas suficientes para resolver a disputa, depois ter anunciado em 1º de novembro que concederia isenções às exportações da Nexperia da China.
Campos do Jordão, SP – Desde 1º de novembro, com a aquisição de 26,4% do capital da operação brasileira pela Geely, a antiga Renault do Brasil passou a se chamar Renault Geely do Brasil. Com a aprovação de todos os órgãos concorrenciais em diversas partes do mundo a parceria avançou para uma completa integração dos negócios, que permitirá às duas marcas compartilharem tecnologias e o Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, PR.
Ariel Montenegro, que sucedeu a Ricardo Gondo na Renault do Brasil em julho, é o presidente da velha nova empresa. Sem abrir muito o jogo – um anúncio com mais pormenores do planejamento está agendado para daqui a algumas semanas – , ele afirmou que agora a companhia passa a representar as duas marcas aqui, Renault e Geely, compartilhando estrutura comercial e industrial.
Não é algo inédito: na Coreia do Sul foi feito movimento semelhante, com a Geely adquirindo parte do capital da Renault Korea Motors e hoje, segundo o executivo, elas mantêm plataforma conjunta e produção de modelos das duas marcas em sua fábrica local. A Geely também é sócia na Horse, divisão de tecnologias a combustão que produz motores no Paraná.
Em 17 de novembro, em cerimônia na fábrica de São José dos Pinhais com autoridades federais e estaduais e executivos globais, será feito o anúncio da estratégia industrial. É esperado, como na Coreia do Sul, compartilhamento de plataformas, especialmente eletrificadas.
Semicondutores garantidos no curto prazo
Ao menos no curto prazo a falta de chips não será um problema para a Renault. Segundo Montenegro existe estoque suficiente para manter a produção no curto prazo e, com o acordo feito pelo governo brasileiro com o da China, a expectativa é a de que as coisas retornem à sua normalidade antes de haver sinal de alerta no Paraná.
De toda forma, disse o presidente, a companhia vem monitorando a situação e acompanhando de perto a situação de toda a cadeia.
Campos do Jordão, SP – O segundo produto brasileiro do International Game Plan da Renault, que tem como objetivo expandir as vendas fora do mercado europeu, é, também, o que melhor simboliza sua nova etapa no mercado. É com o Boreal, SUV do segmento C que concorre na mais disputada faixa de mercado, que ela pretende atingir consumidores com os quais não estava mais se relacionando.
Elaborado por Luca de Meo, ex-CEO que deixou a companhia este ano, o plano Renaulution traz como ponto focal a mudança de paradigma, de a Renault deixar de ser uma marca que privilegia volumes para priorizar a rentabilidade. Mais do que fatia de mercado a meta agora é obter bons resultados financeiros com os veículos ofertados.
O Boreal traduz bem este objetivo. Com design bem atrativo, acabamento interno caprichado e muita oferta de segurança, são até 24 sistemas ADAS, e tecnologia, como o primeiro carro produzido no Brasil a ter o Google Assistente nativo, o SUV não deverá ter grande volume mas é importante para a construção da imagem da nova Renault.
“Buscaremos clientes novos”, afirmou Aldo Costa, diretor de marketing da Renault Geely do Brasil. “No passado concorremos nesta faixa com modelos como o Scénic e o Mègane. Mas nos últimos anos deixamos de ofertar produtos para este cliente.”
Avançar para cima sem abandonar a base
Costa deixou claro que a intenção não é abandonar o cliente, uma vez que o Kwid segue no portfólio e atende ao consumidor dos segmentos de entrada. Com o Boreal, porém, a cobertura de mercado expande para algo próximo a 60%.
São três versões: Evolution, por R$ 179 mil 990, Techno, por R$ 199 mil 990, e Iconic, por R$ 214 mil 990. O diretor de marketing evitou dizer qual o mix esperado mas garantiu que existe flexibilidade na produção para responder a que deseja o cliente.
A reportagem da Agência AutoData experimentou o Boreal, na versão topo de linha, em trajeto de Guarulhos a Campos do Jordão, no Estado de São Paulo. O motor TCe 1.3 turbo, produzido pela Horse no mesmo Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, PR, responde bem nos quatro modos de condução pré-estabelecidos em conjunto com a transmissão automática de dupla embreagem banhada a óleo: Sport, Eco, Confort e a inédita Smart, que com a ajuda de algoritmos inteligentes adapta o andor à situação do momento.
Os cuidados com o acabamento, apesar de haver ainda muito uso de plástico, comprovam se tratar de um Renault com degrau mais alto. O design é bem atraente e foi criado pela equipe latino-americana: segundo o diretor do centro localizado no Paraná todas as peças são exclusivas para o modelo.
O desenvolvimento do Boreal foi feito em conjunto com setenta fornecedores, que trabalharam em parceria com a engenharia da região. A arquitetura eletrônica permitiu a instalação dos diversos sistemas de auxílio à condução e de entretenimento e de tráfego de dados em alta velocidade. É possível fazer atualizações pela nuvem.
O Boreal é montado na mesma plataforma RGMP do Kardian, que deriva da CMF-B que é usada no Nissan Kicks. Suas dimensões são maiores: tem 4 m 56 de comprimento, 2,70 m de entreeixos e 1 m 574 de largura. São 44 cm, 10 cm e 65 cm, respectivamente, maiores. A picape derivada do conceito Niágara também será feita sobre a plataforma, que pode chegar a 5 metros – o que dá uma ideia do que poderá vir por aí.
São Paulo – A Volkswagen inicia em 8 de novembro, em todas as suas concessionárias, as vendas do novo Jetta GLI, apresentado em agosto. Em Porto Alegre, RS, a estreia ocorrerá durante o Volks Festival, nos dias 8 e 9, reunindo experiências imersivas, atrações gratuitas para a família e condições comerciais exclusivas para toda a linha. Parte do trio VW Legends, composto também por Nivus GTS e Golf GTI, o novo Jetta GLI chega às concessionárias com preço sugerido de R$ 269 mil 990.
Equipado com o motor EA888 350 TSI de 231 cv e 35,7 kgfm de torque, aliado ao câmbio DSG de sete marchas, o sedã esportivo acelera de zero a 100 km/h em 6,6 segundos.
No design externo o modelo se destaca pela nova grade em colmeia com friso vermelho, rodas diamantadas de 18 polegadas, pinças de freio vermelhas e distintivo GLI centralizado na traseira.
No interior traz bancos em couro perfurado com costuras vermelhas com aquecimento e resfriamento, VW Play Connect de 10 polegadas, painel digital de 10,25 polegadas com grafismo exclusivo, ar-condicionado dual zone, carregador por indução e iluminação ambiente com mais de dez opções de cores.
São Paulo – A ZF anunciou o marco de 1 milhão de unidades do EPB, eletric parking brake ou freio de estacionamento elétrico, fabricados no Brasil. A nacionalização da linha teve início em 2022 em Limeira, SP, e o volume foi alcançado menos de três anos depois.
A linha de produção de Limeira segue padrões da Indústria 4.0 com processos automatizados e digitalizados, robôs colaborativos e sistemas de rastreabilidade e análise de dados em tempo real. E está integrada à unidade industrial de Engenheiro Coelho, SP, onde são feitos os processos de fundição e usinagem.
A tecnologia automatiza a função do freio de estacionamento, substituindo a tradicional alavanca por um botão, e é reconhecida por elevar os padrões de segurança, conforto e eficiência nos veículos. Seu conceito também contribui para a redução de emissões, alinhando-se às metas ambientais das montadoras.
O EPB da ZF encontra aplicação nos SUV, além de veículos de outros segmentos, como sedãs, hatchbacks e caminhões leves.
São Paulo – Durante sua participação na COP 30, 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Belém, PA, a Toyota apresentará dois protótipos que representam a mobilidade sustentável: uma picape híbrida flex e um modelo movido a biometano. Segundo a empresa eles buscam demonstrar o potencial de combinar eletrificação e biocombustíveis de forma acessível e gerando escala.
A montadora também dispõe de frota de setenta veículos híbridos flex para o transporte das delegações estrangeiras, a fim de oferecer a participantes de outros países a experiência da tecnologia. Cada veículo traz um tablet informativo sobre sustentabilidade e transição energética.
Durante o evento a Toyota participa de painéis e debates, destacando os biocombustíveis como solução realista e imediata à descarbonização da mobilidade.
São Paulo – Em ação promocional de lançamento o Geely EX2, compacto 100% elétrico que será o motor de expansão da marca no mercado brasileiro, será oferecido por R$ 119 mil 990 em sua versão Pro, de entrada. A Max, que agrega ADAS e rodas de liga leve, dentre outros itens, tem preço promocional de R$ 135 mil 100. O alvo da Geely é a também chinesa BYD e seus dois compactos de entrada, Dolphin Mini e Dolphin.
O preço é do primeiro – parte de R$ 118 mil 990 – mas o porte se assemelha mais ao do segundo: são 2 m 650 de entreeixos, 4 m 135 de comprimento e 289 quilômetros de autonomia, pelo PBEV. O modelo BYD tem 2,7 m de entreeixos e 4 m 125 de comprimento, com autonomia de 291 quilômetros pelo Inmetro.
Após a ação promocional, destinada a um “lote generoso”, segundo o Jefferson Antunes, chefe de produto e marca da Geely, os preços sobem para R$ 123,8 mil para a Pro e para R$ 136,8 mil para a Max. Não há prazo definido para esta ação promocional.
De janeiro a outubro a BYD comercializou 12,1 mil Dolphin e 25,7 mil Dolphin Mini. O volume da Geely não deverá ser tão grande de início, porque a rede é formada por 23 concessionárias, enquanto a BYD superou as duzentas. Antunes garantiu, porém, que a empresa está pronta para atender à demanda do mercado.
Na China o EX2 é chamado de Geome Xingyuan e, em um ano, tornou-se o modelo mais vendido no maior mercado do mundo. São mais de 50 mil unidades mensais.
O Dolphin Mini começou a ser montado na fábrica de Camaçari, BA, no mês passado. O EX2 é sério candidato a ter versão local, após o acordo da Geely com a Renault para usar a fábrica de São José dos Pinhais, PR. Ariel Montenegro, presidente da Renault Geely do Brasil, afirmou que o planejamento industrial será anunciado em 17 de novembro, em cerimônia na qual é esperada a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
São Paulo – O Volkswagen Tera foi o automóvel mais vendido em outubro, segundo dados do Renavam divulgados pela Fenabrave. Com 10,2 mil emplacamentos superou três hatches que estão sempre dentre os primeiros, Fiat Argo, Hyundai HB20 e Volkswagen Polo.
O bom resultado do mês passado, porém, não foi suficiente para alcançar a liderança do segmento de leves. A picape Fiat Strada, modelo mais vendido dos últimos três anos, com 14 mil unidades, mantém o topo.
SUVs se destacaram no mês passado. Hyundai Creta, sexto, Volkswagen T-Cross, oitavo, e Honda HR-V, nono, garantiram ao segmento quatro dentre os dez primeiros. Foram também quatro hatches – além dos três já citados, o Chevrolet Onix ficou em sétimo – e duas picapes, porque mais uma vez a Saveiro apareceu no Top 10.
São Paulo – O Grupo Condumax Incesa, dono das duas empresas, foi aprovado para receber consultoria interna a partir do Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, em parceria com o Senai, depois de se inscrever em edital público. Após a aprovação o grupo recebeu crédito de R$ 240 mil para aplicar R$ 120 mil em cada empresa, valor que será usado para custear a consultoria.
Uma equipe kaizen será criada na Condumax e uma na Incesa, com profissionais de diversas áreas, que serão responsáveis por identificar oportunidades de melhorias contínuas em todas as áreas da operação dedicada ao setor automotivo. Com esse projeto a expectativa é de elevar em 20% a eficiência produtiva nos projetos que forem mapeados ao longo do processo.
Quem contou mais sobre esse projeto de consultoria foi o diretor de inovação, Murilo Cervato, durante entrevista ao Agência AD Entrevista. O executivo revelou que o projeto foi aprovado em um momento importante, pois o Grupo Condumax Incesa está em um ciclo de investimento de R$ 150 milhões para ampliar sua capacidade produtiva instalada.
Veja abaixo a entrevista com Murilo Cervato, diretor de inovação do grupo:
Como o grupo Condumax Incesa conseguiu ser selecionado para esse projeto de consultoria dentro do programa Mover?
Esse projeto dentro do programa Mover é uma iniciativa em parceria com o Senai, via Ministério de Ciência e Tecnologia, para alavancar a cadeia de fornecimento da indústria automotiva. Vários editais fomentam estruturalmente projetos de P&D e inovação para empresas nacionais que atuam na cadeia produtiva. Nossa área de inovação monitora os editais: quando são publicados identificamos a oportunidade, se temos sinergia ou não com aquele chamamento público e, quando temos, nos inscrevemos, seja com um projeto novo ou com algum interno que já estava em andamento. Esse é um dos projetos do Mover que já tinha algumas iniciativas internas e submetemos dois, um para Condumax e outro para Incesa, para estruturar equipes Kaizen nas duas empresas, e fomos selecionados.
O foco será na Condumax, fabricante de fios e cabos para o setor automotivo, ou a Incesa também participará?
Incesa e Condumax conseguiram entrar no projeto de consultoria. Somos do Interior de São Paulo, com sede em Olímpia. O grupo é composto por duas indústrias, a Condumax, que fabrica fios e cabos para diversos setores, incluindo o automotivo, que representa 50% do seu faturamento. A segunda indústria é a Incesa, que é diferente da Condumax e desenvolve e produz diversos componentes e conectores usados em segmentos industriais, incluindo o automotivo.
Profissionais do Senai serão responsáveis pela consultoria? Como funcionará esse projeto?
Este edital dentro do programa Mover é um chamamento via Senai. Quando submetemos os projetos os analistas do Ministério de Ciência e Tecnologia avaliam três componentes: primeiro se o projeto está habilitado para concorrer ao edital, depois se ele tem mérito para estar ali e, por fim, a parte documental, que é a mais simples. A primeira etapa, para avaliar se o projeto está alinhado com as estratégias do ministério, é feita pelo Senai, que faz a triagem. Depois é avaliado o mérito e por último a documentação. Depois da aprovação cada empresa do grupo foi contemplada com R$ 120 mil, que entra como crédito junto ao Senai para realização da consultoria, não vem para a nossa conta bancária. No nosso caso, como são dois projetos que buscam implementação de processos de melhoria contínua e de ganhos de produtividade, na Condumax serão alocados dois consultores sêniores e na Incesa três consultores sêniores, todos do Senai. Eles vão formar uma equipe Kaizen em cada empresa, identificando pessoas que têm o perfil desejado, com visão de inovação e de longo prazo. Depois de formadas as equipes elas trabalharão para identificar oportunidades de ganhos operacionais nas linhas produtivas dedicadas ao setor automotivo, que é o foco do programa Mover. Os consultores ficam dois dias na fábrica e um no Senai para compilar tudo que foi identificado pela equipe Kaizen em cada uma das empresas, incluindo cadeia de fornecimento e todas as nossas áreas produtivas.
Quais os ganhos esperados a partir dessa consultoria?
Nosso horizonte é buscar 20% de incremento em eficiência operacional nos processos mapeados, não é para a empresa toda. 20% é o mínimo esperado, e vale para movimentação, fabricação, manutenção e processos ligados a trefilação, extrusão e buncher da Condumax. No caso da fabricação de conectores pela Incesa esperamos ganhos parecidos em processos como injeção e estamparia.
Já existe uma data para começar o projeto? E quanto tempo deve demorar?
O programa tem duração de 600 horas. Começou na primeira quinzena de outubro e vai até maio de 2026, quando esperamos atingir os resultados esperados.
Gostaria que o senhor avaliasse a importância de projetos como esse dentro do Mover, avançando além das montadoras e chegando a outros elos da cadeia de fornecimento?
Esses projetos são fundamentais para o desenvolvimento econômico e social nacional. Não é segredo para ninguém o assédio que a indústria automotiva nacional sofre de empresas do Exterior, principalmente da China. Então programas como o Mover ajudam a fortalecer a cadeia automotiva brasileira, o que é muito importante por causa dos riscos trazidos pela globalização, com empresas de outros países querendo concorrer com as instaladas aqui. Com os ganhos esperados a partir da consultoria vamos melhorar a eficiência da nossa produção e, com isso, entregar mais valor aos nossos clientes. É uma ótima oportunidade de capacitação.
O Grupo Condumax fornece só para o setor automotivo ou também trabalha com outros setores?
Atendemos a diversos setores como o automotivo, distribuição de energia, agronegócio e construção civil, exportando também para países da América Latina. Temos um plano de expansão para os Estados Unidos, mas esse ainda está em fase de estudos, até porque o tarifaço imposto pelo presidente pode afetá-lo. Ele está mantido, mas será executado em um prazo maior de tempo, como parte do nosso processo de expansão das operações. Estamos investindo R$ 150 milhões para dobrar nossa capacidade produtiva dedicada ao automotivo e expandir a área construída atual em 20 mil m², ao mesmo tempo em que construímos um novo prédio que terá 35 mil m² e deverá ficar pronto em 2027.
O ano para a indústria automotiva não foi fácil, mas para o Grupo Condumax qual a projeção de crescimento em 2025? E no ano que vem, qual a perspectiva?
Crescemos dois dígitos nos últimos anos e projetamos isso para 2025 e para os próximos anos, junto com o avanço da nossa capacidade produtiva.