Para que as estimativas divulgadas em agosto sejam alcançadas a produção deverá crescer 12% e as vendas internas 10,1% sobre o quarto trimestre de 2024
São Paulo – Um desempenho bem abaixo do esperado na produção e nas vendas de veículos no terceiro trimestre afastou os resultados acumulados da indústria brasileira de veículos das projeções da Anfavea. Embora não tenha admitido não alcançar as estimativas, o presidente executivo Igor Calvet afirmou que será preciso um crescimento forte sobre o último trimestre do ano passado para que sejam produzidos 2 milhões 749 mil e vendidos 2 milhões 765 mil veículos, conforme os números apresentados pela entidade em agosto. O que representaria alta de 7,8% na produção e de 5% nas vendas.
Ele falou a meta: 12% de alta na produção e de 10,1% nos emplacamentos. No terceiro trimestre o desempenho foi 0,8% inferior na produção e 0,4% abaixo das vendas de igual período do ano passado.
É consequência da política de juros do Banco Central do Brasil. A taxa Selic iniciou o ano em 12,25% ao ano e subiu a 15%, patamar mantido na última reunião do Copom. Em janeiro, quando a Anfavea divulgou suas primeiras estimativas – previa crescimento maior em vendas, de 6,3%, para 2,8 milhões de veículos – era esperado um aumento na Selic, mas com recuo a partir de algum momento do segundo semestre.
Mas a indicação do BC é a de que a Selic permanecerá em alta ao menos até o fim do ano. E Calvet demonstrou preocupação, especialmente com relação ao segmento de caminhões, o que mais vem sofrendo: “Precisamos de algum indicativo de recuo ao longo de 2026. Se não recuar a maior probabilidade é a de um mercado igual ao deste ano”.
Pelo fato de que nem a Toyota tem estimativa de quanto será perdido de produção o presidente da Anfavea não quis arriscar o impacto nos números do setor. Mas deu um indicativo: “No ano passado a produção deles correspondeu a 7,9% do nosso total”.
Mesmo com todos estes fatores expostos Calvet optou por não rever suas projeções. E nem deve fazê-lo em novembro ou dezembro: “Refletimos se valeria a pena rever. Mas o cenário tem mudado toda semana. A única coisa que está estável é a instabilidade”.
Exportações são a boa notícia
É possível que a Anfavea erre também suas projeções para as vendas externas de veículos. Neste caso, um acerto bem-vindo: será para baixo.
A correção para cima da entidade, em agosto, foi para 552 mil unidades, o que representaria alta de 38,4% sobre o ano passado. Até setembro os embarques somaram 430,8 mil veículos, 51,6% acima dos nove primeiros meses de 2024.
Já superou a projeção inicial da entidade, divulgada em janeiro, que era de 428 mil veículos exportados, avanço de 7,5% sobre os 398 mil do ano passado.