São Paulo – Prestes a completar cinco décadas de existência, em 2026, a Unipac foi escolhida como um dos dezoito primeiros fornecedores da GWM no Brasil. A montadora chinesa iniciou suas operações em Iracemápolis, SP, em agosto, e a empresa será a fornecedora de protetores de caçamba de plástico rígido, feitos sob medida para a picape Poer P30. As primeiras entregas devem ser realizadas no primeiro semestre do ano que vem.
“Estamos muito honrados de fazer parte deste seleto grupo”, afirmou o diretor comercial da Unipac, Mauro Fernandes, à Agência AutoData. “O objetivo agora é ampliar esta nossa parceria com a GWM para poder aumentar o fornecimento também com outros produtos.”
Luiz Henrique Taniguti, gerente de vendas da Unipac, contou que a GWM os procurou buscando o desenvolvimento de uma peça, mas disse acreditar que o relacionamento deverá ir além por causa de uma identificação de valores e do modo de trabalho: “Numa visão de médio e longo prazo acreditamos que será possível localizar mais itens”.
Representantes da Unipac, sediada em Pompeia, SP, integrarão missão à China para visitar fábrica da GWM e olhar para outras oportunidades. Segundo os executivos a empresa é o único fornecedor brasileiro a participar deste evento global programado para o fim deste mês.
A ideia é não só ampliar a lista de produtos vendidos à GWM: também verificar a possibilidade de fornecer protetores de caçamba a outras fábricas ao redor do mundo.
Sem pormenores Fernandes disse que a empresa tem a intenção de tornar-se internacional e que tem cogitado a possibilidade de fornecimento para a Ásia desde a Tailândia, ou nos Estados Unidos, com unidade no próprio país: “Acredito que antes de 2030 será uma realidade”.
Por ora não será necessário investimento adicional para começar a produção em série do protetor de caçamba, pois a fábrica já tem capacidade instalada. Novo aporte só deverá ser injetado em 2027, quando a nova linha estará plena.
“Até lá temos plena capacidade para atender a esta demanda, então vamos administrando com os recursos que já foram investidos, tanto de equipamentos quanto de mão de obra”, assegurou o diretor. “O mercado automotivo vem andando de lado nos últimos anos, e em toda a cadeia de fornecedores existe capacidade ociosa. Então a entrada de montadoras como a GWM é para ocupá-la.”

Outros projetos trazem perspectiva de ampliar receita
Embora este seja o principal contrato para 2026 Fernandes contou que há outros dois protetores de caçamba no forno, com entrega programada para 2026 a 2027, maturando desenvolvimento e testes, cujos nomes dos clientes não podem ser divulgados por ora.
“A projeção é andar de lado neste ano, o que acredito que dentro deste contexto já é bom, pois o segmento em que operamos tem encolhido. Mas a expectativa, com essas conquistas, é que haja crescimento nos próximos dois ou três anos”.
A perspectiva é que o segmento da Unipac dedicado ao ramo automotivo fature em torno de R$ 160 milhões em 2025, valor similar ao do ano passado. A vantagem, citou, é que como a companhia, pertencente ao Grupo Jacto, é pulverizada e atende a diversos setores, sua exposição ao risco é reduzida.
“Se no automotivo ficará empatado este ano a empresa como um todo deverá crescer algo em torno de 10% a 15%.”

O ano que vem, complementou Taniguti, deverá ser tão desafiador quanto 2025 por causa da conjuntura econômica: “A taxa de juros está alta e não tem perspectiva de cair. E sabemos que o que movimenta o mercado de pesados é a taxa de juros. Então, se andarmos de lado com crescimento marginal em 2026, já será um bom resultado”.
Tanque de ureia com plástico verde está em testes finais
Outro forte da empresa é a produção de tanques de ureia para caminhões. Projeto que está em teste de rodagem final, com duas montadoras reconhecendo o produto em paralelo, é o tanque de ureia fabricado com resina renovável.
Apresentado aos clientes na última Fenatran, em novembro, o produto utiliza insumo produzido pela Braskem que promove a captura de carbono em vez de emiti-lo. Os testes serão finalizados no segundo ou terceiro trimestre do ano que vem.
Além do plástico biológico a Unipac tem trabalhado com resina reciclada em produtos para o aftermarket, em que Fernandes lembra ter maior liberdade de adaptação.

“O objetivo é agregar valor e vida útil ao cliente. E os veículos demandam cada vez mais plástico. Então desenvolvemos novas soluções. Com a transição da matriz energética no setor, a exemplo dos carros elétricos, a bateria traz novo peso ao veículo, e vemos no plástico importante vetor para tentar reduzir o peso e promover a sustentabilidade.”


