Marcopolo consolida sua presença internacional

São Paulo – Ricardo Portolan, diretor de operações comerciais mercado interno e marketing da Marcopolo, participou do 7º Congresso de Negócios da Indústria Automotiva Latino-Americana, realizado por AutoData, para falar sobre os planos da multinacional brasileira. Presente em 140 países a Marcopolo opera com três fábricas no Brasil, duas em Caxias do Sul, RS, e uma em São Mateus, ES, e oito no Exterior, Argentina, Colômbia, México, África do Sul, Austrália e China, além de um investimento na New Flyer, no Canadá.

No ano passado a receita da empresa foi de R$ 8,6 bilhões, alta de 28,6%. São 15,5 mil trabalhadores, dos quais mais de 12 mil no Brasil. A Marcopolo é líder no mercado brasileiro de ônibus rodoviários e micro-ônibus.

Oportunidades com a descarbonização

Os principais mercados de exportação da Marcopolo no primeiro semestre foram Chile, Argentina e Peru. A América Latina representa um forte potencial de expansão, por causa da necessidade de renovação de frotas e a busca por soluções de descarbonização. A presença global também ajuda a mitigar as oscilações nos mercados individuais.

A Marcopolo não acredita em uma solução única para a descarbonização, mas sim em um conjunto de tecnologias complementares, como ônibus elétricos, movidos a biometano, híbridos e a versão Euro 6 do diesel: “As soluções não estão numa direção só em termos de propulsão. Acreditamos, no futuro, em uma descarbonização com diferentes soluções e soluções complementares”.

Portalan enfatiza que a escolha da solução mais adequada depende da realidade de cada país e cidade, e que o sucesso da transição tecnológica exige coordenação e planejamento por parte da indústria, da infraestrutura e do poder público.

No entanto, o principal desafio é a complexidade de se adaptar às diversas legislações locais, especialmente com relação aos diferentes padrões de emissões Euro 2, 3, 4, 5 e 6.

“Olhamos mercado a mercado e fazemos a adequação de portfólio de produtos conforme a local e a necessidade dos clientes. Essas adaptações, que variam de país para país e, em alguns casos, de cidade para cidade, são parte do dia a dia da empresa e são gerenciadas por meio do seu sistema de classificação de projetos.”

Nos últimos três anos a Marcopolo investiu mais de R$ 300 milhões em pesquisa e desenvolvimento de produtos inovadores que atendam a requisitos de tecnologia, qualidade e segurança, sendo validados por laboratórios internos e externos.

Bolívia, Paraguai e Uruguai: a dura realidade de mercados tão desiguais.

São Paulo – Representantes dos setores automotivo da Bolívia, Paraguai e Uruguai apresentaram seus mercados e desafios no 7º Congresso de Negócios da Indústria Automotiva Latino-Americana, organizado por AutoData.

A Bolívia, com população de aproximadamente 12 milhões de pessoas, possui frota de cerca de 2 milhões de veículos, incluindo muitos contrabandeados, de acordo com a CAB, Câmara Automotiva Boliviana. O mercado automotivo local é impactado por crise econômica agravada por políticas inadequadas, alta informalidade, restrições às exportações e dificuldades na importação.

“A receita de divisas vem principalmente das exportações de Santa Cruz. As importações despencaram, com projeções de queda de mais da metade, causando concorrência desleal e dificuldades para os importadores, que dependem de pagamentos internacionais e de um mercado altamente inseguro”, contou Luis Orlando Encinas, diretor executivo da CAB.

A economia boliviana, segundo Encinas, enfrenta instabilidade cambial, com uma moeda artificial que chegou a valorizações extremas e queda na receita de divisas. O setor automotivo é altamente dependente de importações de marcas brasileiras, mexicanas e asiáticas, com potencial de crescimento de veículos elétricos e híbridos, impulsionado por incentivos fiscais.

A ausência de fábricas locais e a baixa confiança no governo dificultam investimentos, de acordo com o representante da CAB, enquanto as importações caem drasticamente devido à concorrência desleal e às políticas restritivas.

Encinas lembrou, também, as dificuldades com combustíveis, devido à alta porcentagem de etanol misturado e à baixa qualidade, o que dificulta a oferta de opções variadas e levou a cortes na quantidade e nos modelos de veículos importados.

Paraguai sofre com importação de usados antigos

A situação do setor automotivo não é muito melhor no Paraguai, de acordo com Diego José Lovera, gerente geral da Cadam, Câmara de Distribuidores de Automotrizes e Maquinarias do Paraguai, embora o país tenha um melhor cenário.

A economia está sólida, com crescimento moderado e aumento da renda per capita para cerca de US$ 20 mil, o que ajuda a reduzir a pobreza que hoje é estimada em 18%. A previsão é de crescimento de aproximadamente 4,5% em 2025 e 2026.

A frota de veículos cresce cerca de 6% ao ano, atingindo quase 2 milhões de veículos registrados em 2023, impulsionada pelas importações de veículos novos e usados, principalmente de Brasil, China, Argentina e Coreia do Sul.

A maioria dos veículos importados é usada, com média de idade de 15 a 16 anos, e apenas uma pequena parcela dentro do limite legal de 10 anos. O mercado automotivo é composto por 30% de carros novos e 70% de usados, muitos com mais de 16 anos, o que gera desafios ambientais, de segurança e tributários, além de problemas na fiscalização de veículos antigos e em más condições.

O uso de combustíveis é liderado pelo diesel, seguido pelo flex, gasolina e gás natural, com incentivos fiscais para veículos flex. Desde 2023 há inspeções obrigatórias para veículos usados, mas de critérios frouxos, permitindo a entrada de veículos mais antigos e poluentes. A idade média da frota é alta e envolve alterações mecânicas artesanais sem fiscalização adequada.

O Paraguai busca fortalecer sua cadeia produtiva automotiva por meio de política industrial que incentiva montagem e produção parcial de veículos com componentes regionais ou importados temporariamente, promovendo uma integração com Brasil e Argentina via Mercosul.

Atualmente 48% dos componentes de veículos utilizados são de origem regional ou produzidos no país, com potencial de expansão mediante maior coordenação regional.

Uruguai tem estabilidade e frota minúscula

A Ascoma, Associação de Concessionários de Marcas de Automotores do Uruguai, com 50 anos de atuação, analisou o mercado automotivo uruguaio, destacando sua estabilidade e relação com o crescimento econômico do país, que é impulsionado pela alta do PIB e pelo fortalecimento do setor de energia renovável, com incentivos fiscais para veículos elétricos.

De acordo com Fernando Rocca, secretário executivo da Ascoma, o mercado de veículos novos mantém-se estável, com crescimento em segmentos de caminhões e ônibus, e forte incremento na venda de veículos elétricos, que representam cerca de 20% daquele mercado, favorecidos pelas viagens curtas e altos custos de combustíveis.

A economia uruguaia, com crescimento em torno de 3% e baixos impostos sobre importação de veículos elétricos, conta com a produção de energia renovável, o que reforça esse cenário favorável.

A venda de veículos é influenciada pela estabilidade cambial e pelo mercado de trabalho, com aumentos de vendas ocorrendo em momentos de dólar estável ou em queda. O mercado automotivo uruguaio é considerado bastante consolidado, com cerca de 65 mil veículos novos vendidos anualmente, uma frota circulante de aproximadamente 1,5 milhão de veículos e alta taxa de motorização, limitando possibilidades de crescimento significativo.

Rocca enfatizou a importância da profissionalização dos revendedores e o alinhamento do mercado à realidade econômica do país, destacando o papel da Ascoma em apoiar essa evolução.

Destaque aos eletrificados

Com uma rede de mais de 1 mil pontos de carregamento e apoio do governo, além de interesses do setor privado, Rocca conta que no Uruguai a maioria dos veículos elétricos é carregada em casa. Apesar do crescimento constante nas vendas de elétricos os veículos movidos a combustíveis fósseis permanecem semelhantes ao ano anterior, embora com uma queda na participação dos veículos tradicionais.

Marcas chinesas de carros elétricos estão ganhando espaço, com destaque para a BYD: “As pessoas tinham receio da revenda do carro elétrico, mas agora perderam esse medo.  Então, só agora as marcas tradicionais estão se envolvendo com a importação de carros elétricos. Eles têm que ser competitivos”.

Os benefícios fiscais favorecem veículos 100% elétricos, enquanto os híbridos têm menos benefícios, influenciando a preferência do consumidor. Assim, a expectativa é que o crescimento da eletricidade associada aos veículos continue evoluindo.

Com Latin NCap montadoras investem mais em segurança

São Paulo – O Latin NCap tem incentivado algumas montadoras a investir em mais segurança nos veículos ofertados aos consumidores da região. Alejandro Furas, secretário-geral da entidade, apresentou casos de veículos que, depois de receberem notas baixas nos testes de segurança da ONG, foram aprimorados e subiram suas avaliações, durante o 7º Congresso de Negócios da Indústria Automotiva Latino-Americana.

Segundo Furas os consumidores estão cada vez mais criteriosos com a questão da segurança, levada em consideração na hora de decidir a compra. Brasil, Argentina, México, Colômbia, Chile e Peru são alguns países onde os consumidores buscam avaliações confiáveis na hora de comprar o carro novo.

Todas as montadoras que produzem veículos na América Latina, com exceção daquelas agrupadas em torno da Stellantis, estão trabalhando de forma voluntária para elevar a segurança dos veículos a partir das notas e avaliações registradas pelo Latin NCap, disse o secretário.

Para exemplificar o que foi apresentado ele mostrou alguns exemplos. O Renault Kwid, lançado na Índia em 2016, recebeu zero estrela em testes realizados no país. Por esta razão a Renault postergou o seu lançamento no Brasil, a fim de realizar melhorias na carroceria, ação que refletiu positivamente nos testes do Latin NCap: o modelo vendido por aqui conquistou três estrelas. 

No caso da Renault o secretário disse que houve um trabalho contínuo em todos os seus modelos, que foram registrando notas melhores nos testes com o passar dos anos. Com o lançamento do Kardian, primeiro modelo produzido em uma nova plataforma, a montadora comprovou conquistou quatro estrelas já no primeiro teste e deverá receber novas melhorias de segurança no futuro.

O Chevrolet Onix foi citado como outro exemplo de melhorias realizadas de forma voluntária, uma vez que a sua primeira geração, testada em 2017, recebeu zero estrela para adultos e duas para crianças, evoluindo em 2018 para três estrelas no geral. Depois, com a nova geração lançada pela GM, Onix e Onix Plus receberam cinco estrelas do Latin NCap, deixando claro o movimento da montadora em ofertar veículos cada vez mais seguros.

A picape Strada, da Fiat, que faz parte da Stellantis e é o veículo mais vendido no Brasil, foi citada como um exemplo negativo por Furas, uma vez que recebeu uma estrela nos testes realizados em 2022 e, desde então, a montadora não realizou nenhum tipo de alteração no projeto para elevar a segurança para adultos e crianças.

Fenabrave expressa otimismo contido com o mercado brasileiro

São Paulo – O mercado automotivo mostra crescimento expressivo, impulsionado por algumas categorias de veículos e com boa expectativa do programa Carro Sustentável. Seria suficiente para a Fenabrave rever as projeções do ano? Esta e outras questões foram analisadas pelo presidente Arcélio Júnior no 7º Congresso de Negócios da Indústria Automotiva Latino-Americana, realizado por AutoData.

O segmento de automóveis e veículos comerciais leves, por exemplo, teve um crescimento acumulado de 4,4%, e espera que seja beneficiado pelo programa Carro Sustentável, iniciado há pouco mais de um mês.

Da mesma forma, o segmento de ônibus apresentou aumento de 18%, em grande parte devido ao programa Caminho da Escola. As motocicletas são outro ponto de destaque, com a previsão de que as vendas ultrapassem a marca de 2 milhões de unidades pela primeira vez na história.

No entanto, nem todos os segmentos estão em alta. O desempenho do mercado de caminhões foi negativamente afetado pelas altas taxas de juros, resultando em queda de cerca de 4%, de janeiro a julho. A situação é ainda mais grave para os implementos rodoviários, que sofreram redução de quase 20%. Esta queda se deve tanto aos juros elevados quanto à prioridade das transportadoras em renovar suas frotas com veículos mais eficientes em vez de adquirir novos implementos.

As projeções para o fim do ano indicam aumento moderado de cerca de 6,2% para o mercado total, que deve fechar com aproximadamente 4 milhões 886 mil veículos vendidos, somadas todas as categorias, incluindo motocicletas e implementos rodoviários.

Para os segmentos leves a Fenabrave prevê aumento de 5% e de 10% para motocicletas. A previsão é de queda de 7% para caminhões e mais de 20% para implementos rodoviários.

A ascensão dos veículos eletrificados é tendência clara no Brasil, com crescimento acumulado anual de 47%. A categoria de híbridos se destaca, com avanço de 73%, impulsionado principalmente por automóveis e comerciais leves. Curiosamente, apesar do crescimento geral, os caminhões eletrificados registraram redução de 30%, embora ainda representem uma pequena parcela do mercado.

Apesar do crescimento recente o mercado de automóveis ainda está cerca de 28% abaixo do volume de 2012: “Ou seja: nós estamos com um déficit de vinte anos”.

Projeções mantidas, por enquanto

Desde janeiro a projeção de crescimento de 5% para o setor de automóveis estimado pela Fenabrave permanece inalterada, resultado de uma metodologia que combina consultoria econômica, inteligência de mercado e análise de uma vasta base de dados.

“Dependendo dos juros, com possibilidade de antecipação da queda ainda neste ano, há a possibilidade de revisão deste porcentual para cima.”

Reforma tributária vai tirar vantagem da venda direta

Sobre o faturamento direto, termo que a Fenabrave diz que adotará ao se referir às vendas diretas, Arcélio Jr indicou que as locadoras representam apenas 30,5% de um total de 50,3%, enquanto o varejo corresponde a 49,7%, de janeiro a julho. O restante do que é registrado como faturamento direto, produtores rurais e frotas de empresas, é beneficiado por uma vantagem fiscal.

“Nós acreditamos que com a nova reforma tributária este faturamento direto perderá importância ao longo dos tempos”.

Renovação de frota deve começar pelos pesados

A renovação de frota é a prioridade número 1 da Fenabrave, que reconhece a complexidade do tema e a necessidade de um fundo para subsidiar o programa. Inicialmente Arcélio Jr disse que o foco será na renovação de caminhões, ônibus e implementos rodoviários, com planos de expandir posteriormente para automóveis, motocicletas e máquinas agrícolas após comprovação prática do programa.

A iniciativa é liderada pela Fenabrave em parceria com nove entidades e o MDIC, com reuniões semanais para discutir o assunto, que exige trabalho e negociação. A expectativa é que o programa seja implementado ainda este ano.

Volkswagen confirma Amarok híbrida com tecnologia chinesa e engenharia brasileira

Rio de Janeiro, RJ – Pouco antes de entregar os troféus aos melhores fornecedores da Volkswagen no Brasil e na Argentina, na noite de quinta-feira, 14, Alexander Seitz, chairman executivo da empresa na América Latina, contou que tem vivido uma extenuante rotina de viagens no eixo China, Argentina e Brasil: “É cansativo, semana passada estive em Xangai, depois fui a Buenos Aires, com diferença de fuso-horário de onze horas. Não faço isto porque gosto, mas faço questão de ver de perto este projeto que é muito importante para nosso desenvolvimento na região”.

Ele se refere ao investimento de US$ 580 milhões, anunciado em abril, que dará origem à produção da Amarok totalmente nova na fábrica argentina de Pacheco a partir de 2027.

E por que tantas viagens à China? Seitz confirmou que a nova picape média terá versões híbridas com tecnologia que está sendo compartilhada com a SAIC, sócia da Volkswagen na China – onde, aliás, o executivo trabalhou de 2013 a 2017 como vice-presidente comercial da joint venture, daí sua facilidade em negociar a parceria para produzir um novo veículo com tecnologia chinesa na Argentina.

Segundo já noticiou a imprensa especializada a nova Amarok será produzida com base no modelo da SAIC Maxus Starcraft X.

“Mas não será um copia-e-cola”, adianta-se Seitz. “Usaremos a tecnologia mas estamos desenvolvendo tudo no Brasil, desde o design até a calibração do motor, suspensão, altura do solo e infotainment. A nova Amarok será um veículo projetado para os clientes brasileiros, que são os maiores compradores de picapes na região da América do Sul.”

Segundo ele há diversas vantagens em utilizar a parceria com o sócio chinês e a primeira delas é o custo e variação cambial mais amistosa: “Hoje temos 50% de localização da Amarok na Argentina e dependemos da relação euro e peso, o maior custo é do powertrain [motor 3.0 V6 e transmissão], todo ele importado da Alemanha em euros. Importar da China é mais barato e o governo chinês controla o câmbio para ajudar nas exportações”.

Mas a ideia não é importar tudo pronto da China, diz Seitz: “Poderemos agregar componentes do motor e sistema híbrido e assim aumentaremos a localização”.

Ampliação do mercado da Amarok

Lançada originalmente em 2010 recheada de novas tecnologias como uma das mais modernas picape médias do mundo, a primeira da Volkswagen, a Amarok atualmente produzida na Argentina está fora de dois terços do mercado da categoria, pois é vendida somente com motor turbodiesel V6 de 258 cv, o que a coloca em nível de preço superior ao das concorrentes com motores menores.

O novo projeto prevê a oferta de uma linha mais ampla com opções mais baratas, incluindo motor de quatro cilindros e a opção de sistema híbrido. Seitz aposta: “Com isto conseguiremos atingir um maior número de clientes e as vendas crescerão”.

Justamente por isto a Volkswagen foi buscar opções junto ao sócio chinês, pois a empresa não tem na Alemanha outras opções além do motor turbodiesel V6 atualmente utilizado pela Amarok. A opção com motor 2.0 de quatro cilindros, com o qual a picape foi originalmente lançada, foi retirada de produção no início de 2022, pois não atendia às normas de emissões do Proconve L7, que entrou em vigor naquele ano.

A solução chinesa surgiu como opção após a Volkwagen desistir de produzir a nova Amarok com base na nova Ford Ranger, também produzida na Argentina e lançada há dois anos, em uma colaboração global anunciada em 2019 pelas duas empresas para o desenvolvimento conjunto de picapes e vans. Contudo as duas fabricantes não estenderam a parceria para a América do Sul e decidiram seguir caminhos com identidade própria.

Como um relógio

Seitz afirma que o projeto da nova Amarok está andando “muito bem”, cumprindo todo o cronograma nos prazos que foram estipulados. A fábrica de Pacheco já parou de produzir o SUV Taos, que agora será importado pelo Brasil exclusivamente do México, e só a Amarok V6 está em linha, em ritmo de trabalho que foi reduzido de dois para um turno. Deverá continuar assim enquanto a unidade é preparada para montar a nova picape.

O projeto da nova Amarok prevê a produção de 80 mil unidades/ano com 50% do volume exportado para o Brasil, segundo Marcellus Puig, presidente da Volkswagen Argentina: “Tenho certeza que será um sucesso. Nosso sonho é transformar Pacheco em um centro de referência mundial para produção de picapes, com muito conteúdo regional”.

Puig afirma que o ambiente de negócios na Argentina está melhorando rapidamente. A inflação, que chegou a 25% ao mês, caiu para 1,5% a 2% e segue regredindo. Com o fim do cerco cambial, em abril, mais de US$ 16 bilhões em investimentos no país já foram anunciados. O mercado local de veículos, que caiu para 380 mil unidades em 2023, cresceu para 420 mil em 2024 e este ano caminha para chegar a 700 mil.

A Volkswagen aproveita o bom momento e retomou a liderança de vendas no país, o que aconteceu pela última vez em 2021: “Aproveitamos o momento de crise para fazer a virada e hoje a produção funciona como um relógio”, assinalouPuig. “Fizemos a lição de casa.”

Novo capítulo da Nissan no Brasil

Se o Kicks foi, há nove anos, quando os Jogos Olímpicos transformaram a vida do Rio de Janeiro, o lançamento mais importante da Nissan no mercado brasileiro até então e representou importante marco em sua história, o Novo Kicks, que chegou às concessionárias no início de julho, pode ser considerado o lançamento mais importante desde… o antigo Kicks.

Olhando para trás, após quase uma década de ausência de novos produtos nacionais da Nissan, compreende-se porque a empresa pouco avançou no mercado brasileiro. Chegou a ocupar a nona e por vezes a oitava posição do ranking de veículos leves, beneficiada pela decisão da Ford de tornar-se importadora, e no primeiro semestre deste ano ficou com a décima colocação, agora superada pela BYD, que por ora só importa veículos eletrificados da China.

A participação de mercado da Nissan oscila na casa dos 3%, por vezes batendo nos 4%. O portfólio, que à época do lançamento do Kicks oferecia um hatch compacto de volume, o March, e o pequeno mas espaçoso sedã Versa, todos os três produzidos em Resende, RJ, hoje é formado essencialmente por importações do México de Versa e Sentra, além da picape Frontier que vem da Argentina – e que também será mexicana em 2026. A esta linha de produtos agora se somam as duas gerações do Kicks na fábrica brasileira.

Ainda assim o Kicks antigo, agora chamado de Kicks Play, mostrou resiliência e força no mercado nacional. No ano passado, com apenas uma reestilização em nove anos, feita em 2021, bateu seu recorde de vendas, somando 60,5 mil emplacamentos, 19% acima do resultado de 2023.
Com a chegada da nova geração o plano é retomar a trajetória ascendente. O pacote de R$ 2,8 bilhões de investimentos na operação brasileira, anunciado em 2023 ainda antes da publicação do Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, prevê ainda mais um SUV para Resende, este com ambições ainda maiores. Mas é o Novo Kicks que abre este novo capítulo da Nissan do Brasil.

ESPERANÇA NO MERCADO BRASILEIRO

Esta reportagem foi publicada na edição 423 da revista AutoData, de Julho de 2025. Para ler ela completa clique aqui.

Foto: Divulgação/Nissan

Argentina entra em uma nova era de vendas de veículos

São Paulo – Após um longo período de dificuldades a estabilidade devolve boas expectativas ao mercado automotivo argentino, disse Sebastián Beato, presidente da Acara, Associação de Concessionários de Automotores da Argentina, durante o 7º Congresso de Negócios da Indústria Automotiva Latino-Americana, realizado por AutoData de 12 a 14 de agosto.

Há um ano a Argentina enfrentava inflação mensal de 25%, que hoje está em 1,5%.

“Poucos países na América do Sul vivem essas transformações tão rápidas quanto nós. Conseguimos passar as vendas de 400 mil unidades anuais para cerca de 600 mil.”

Em sua apresentação Beato dividiu a Argentina em períodos distintos: a média de vendas de carros de 2010 a 2018, que foi de 750 mil unidades, e a redução para cerca de 400 mil de 2019 a 2023 devido a fatores como a pandemia, fechamento de fronteiras e escassez de moeda estrangeira.

Em 2024 houve dificuldades mas o mercado começou a se recuperar, até chegar a apresentar o crescimento expressivo de quase 70% nas vendas em 2025, impulsionado pela economia mais estável, com redução da inflação e pela retomada do crédito, que atualmente financia cerca de 60% das vendas.

A projeção para 2025 é a venda em torno de 615 mil unidades, com expectativa de crescimento contínuo até 2030, chegando a cerca de 750 mil veículos por ano.

“Acredito que 2024 foi o ano mais imprevisível para o mercado argentino: em seis meses saímos de uma situação ruim para uma melhora significativa no segundo semestre. Em 2025 temos um cenário mais favorável: há um aumento de mais 70% nas vendas até agora, exatamente 74%.”

Crescimento também traz desafios

Dentre os desafios o presidente da Acara cita aumentar a eficiência operacional das montadoras diante do crescimento e das margens cada vez menores no varejo tradicional: “As empresas precisarão adaptar suas estruturas para lidar com o aumento da concorrência tanto dos veículos importados quanto dos modelos das marcas tradicionais com melhor qualidade. Além disto será necessário expandir os negócios dentro das concessionárias pela diversificação, oferecendo novos serviços além da venda do carro propriamente dita.”

Será fundamental, segundo Beato, melhorar significativamente o uso da tecnologia e das informações sobre os clientes: sair do modelo tradicional focado apenas na venda do carro para oferecer serviços complementares como pós-venda, seguros, financiamento alternativo e modalidades inovadoras como leasing ou assinatura veicular.

“Estamos investindo em ferramentas digitais avançadas como plataformas online, por exemplo, em chatbots, que possibilitam contato com clientes 24 horas por dia. Assim conseguimos ampliar nossa presença digital e entender melhor as necessidades dos consumidores modernos, algo essencial num mercado cada vez mais dinâmico e competitivo na Argentina e na região como um todo.”

Carros brasileiros

Quando questionado se os veículos importados do Brasil podem perder espaço para chineses, que entram na Argentina isentos de tarifas por acordos comerciais locais e valores FOB próximos a US$ 16 mil, o presidente da Acara disse não enxergar tal tendência.

“Acredito que as vendas brasileiras continuarão crescendo. O volume aumentará porque a economia argentina está se recuperando, há crescimento nos financiamentos, estabilidade nos preços e aumento nos salários. Para comprar um carro você precisa de cerca de dezessete salários e este número deve cair. Isso impulsionará o volume de vendas por locação ou leasing também. Portanto não acredito que haja uma perda significativa na participação dos carros brasileiros. Ao contrário: o mercado deve ampliar sua base.”

Para o executivo foi positivo passar por um período turbulento porque ele preparou melhor o país para um cenário mais estável em alguns anos: “Apesar das transformações constantes, que fazem parte desse processo, há motivos para acreditar num cenário positivo adiante”.

Em três anos BYD vende 150 mil eletrificados no Brasil

São Paulo – A BYD já emplacou 150 mil veículos desde que iniciou suas operações comerciais no Brasil, há três anos. O carro a que coube este número é um BYD Song Pro: o cliente, o publicitário Daniel Joca, de Fortaleza, CE, tem outros oito veículos da marca, sendo sete elétricos e um híbrido.

De janeiro a julho a empresa vendeu 57 mil 388 unidades, 48,5% acima do mesmo período do ano passado. Em 2024 o número de emplacamentos chegou a 76 mil 713, alta de 327% frente a 2023. Naquele ano as 17 mil 937 unidades representaram incremento de 6,8 mil% com relação aos 260 registrados em 2022. 

Este ano, segundo a companhia, oito de cada dez carros elétricos e três de cada dez híbridos comercializados no País são da marca.

Iveco Bus entrega primeiros veículos do Caminho da Escola em Brumadinho

São Paulo – A Iveco Bus entregou os primeiros ônibus escolares, de um total de 32 unidades, à Prefeitura de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os veículos para o Caminho da Escola são dos modelos BUS 10-190 ORE 2 e BUS 15-210 ORE 3, produzidos em Sete Lagoas, MG.

A Iveco liderou o fornecimento de ônibus da atual edição do Caminho da Escola e superou as 10 mil unidades entregues desde o início de sua participação no programa do governo federal que visa à renovação da frota de veículos escolares em áreas rurais e de difícil acesso. 

A entrega das demais unidades será realizada nos próximos meses. 

Acordo automotivo da Colômbia com o Mercosul vence em dois meses

São Paulo – É graças ao acordo de complementação econômica do Mercosul que o Brasil responde por 30% das vendas de veículos novos na Colômbia, cuja estimativa é de que encerre o ano com 230 mil unidades. Este contrato, no entanto, expirou em outubro do ano passado, com tolerância de até um ano para ser renovado. Só que o governo local sinalizou não ter interesse em revalidá-lo.

O alerta foi feito por Pedro Nel Quijano, presidente da Aconauto, associação que representa os concessionários da Colômbia, durante o 7º Congresso de Negócios da Indústria Automotiva Latino-Americana realizado por AutoData.

“Se em até dois meses o governo colombiano não renovar o acordo com o Mercosul o impacto em nosso mercado será gigantesco. Assim como para o Brasil e a Argentina”, advertiu Quijano. “O reflexo negativo será maior para marcas como Toyota, Volkswagen, Renault, Chevrolet e Fiat.”

Além disso a expectativa de elevar as vendas locais em 14,5% este ano, das 200,9 mil unidades de 2024 para as 230 mil aspiradas até dezembro, certamente se converteria em forte queda, assinalou o dirigente: “Seria tão grave que sequer me atrevo a estimar um número”.

Um veículo importado convencional pode chegar a ter carga tributária de até 62% sobre seu valor. A reforma tributária que tramita no Congresso colombiano propõe elevar os impostos para veículos híbridos e elétricos.

Quijano apontou que o país tem a segunda menor taxa de motorização da região, à frente apenas da Venezuela: “Temos praticamente a mesma população que a Argentina, de 53,4 milhões de habitantes, mas metade de seu parque automotor, de 7,3 milhões de veículos, enquanto que eles têm 14 milhões.”

Em torno de 70% das vendas de veículos novos são realizadas por meio de financiamento e, apenas 30%, à vista. A cada carro 0 KM são comercializados 4,5 usados: “A Colômbia é um dos países mais desiguais do mundo”, disse, ao complementar que, a exemplo do Brasil, a infraestrutura para veículos eletrificados ainda é pequena e as estradas “não são das melhores”. 

Atualmente Kia e Toyota são as marcas mais presentes, por causa da crescente demanda por veículos híbridos. E, diferentemente do Brasil e de outros países latino-americanos, ainda não é vista invasão chinesa na Colômbia o que, na análise de Quijaro, é apenas questão de tempo.