Esta entrevista foi publicada na edição 389 da revista AutoData, de junho de 2022.
Esta entrevista foi publicada na edição 389 da revista AutoData, de junho de 2022.
Diante de baixos volumes e participação nas vendas de veículos inferior a 4% na América do Sul, causou desconfiança quando a Nissan anunciou, em abril, que pretende ser uma das três principais marcas de veículos da região. Guy Rodriguez, que dirige as operações sul-americanas, esclarece: “Queremos ser uma das três marcas mais vendidas nos segmentos em que participamos e ser, também, uma das mais lembradas”.
Esclarecido o ponto, Rodriguez mostra uma entusiasmada confiança no crescimento da Nissan na América do Sul. Ele destaca que os resultados começarão a aparecer em breve, após lançamentos ainda este ano e a adoção de dois turnos de produção na Argentina, dentro do complexo da Renault em Córdoba, onde é feita a picape Frontier, e no Brasil, na fábrica de Resende, RJ, que hoje só produz o SUV compacto Kicks.
Recentemente a Nissan anunciou que até 2025 investirá US$ 250 milhões na planta brasileira. Rodriguez não diz muito a respeito, mas deixa escapar que “é um investimento importante, para um produto importante”. Ou seja, há novidades no horizonte. Como garante o executivo “a aceitação da marca é cada vez maior e continuaremos a investir”.
Nesta entrevista exclusiva Guy Rodriguez fala sobre o que ele considera ser o bom momento atual da Nissan na região sob sua coordenação e relata alguns planos para o futuro próximo. Confira os principais trechos da conversa.
Na década passada a Nissan passou por período de crescimento na América do Sul, patrocinou os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016, lançou o SUV compacto Kicks. Mas depois veio a pandemia e com ela a retração dos resultados, a produção na fábrica de Resende foi reduzida a um só turno e a um só carro. Qual balanço o senhor faz desses anos e quais são as perspectivas?
Estávamos indo bem, mas a pandemia nos obrigou a fazer ajustes, reduzimos a produção em Resende para um turno. Mas estamos muito contentes com o que está acontecendo agora no Brasil e na América do Sul. Em 2021 voltamos a crescer, os volumes aumentaram 19% sobre 2020 quando somamos Brasil, Argentina, Chile e Peru. Conquistamos participação de mercado de 4% na região, 1,3 ponto acima do ano anterior. Isso mostra que apesar de todas as dificuldades de logística e falta de semicondutores a Nissan cresceu. No Brasil a Frontier obteve recorde de vendas, lançamos o novo Kicks no começo de 2021. Em abril reabrimos o segundo turno em Resende e comunicamos o mesmo para Santa Isabel [em Córdoba, Argentina], que terão dois turnos em julho ou agosto para aumentar a produção da Frontier. Assim cresceremos, porque teremos mais volumes disponíveis da picape e do Kicks. Também teremos novidades, mais um produto que lançaremos no curto prazo, produzido fora da América do Sul. Tudo isso nos dá uma visão clara de que seremos uma das três marcas mais importantes da região.
A Nissan tem participação tímida na América do Sul, em 2021 ficou em décimo na Argentina com 4%, em nono no Brasil com 3,3%, foi a quinta marca no Chile, a oitava na Colômbia e a sétima no Peru. Em quanto tempo e como pretende ser uma das três primeiras marcas da região?
Não falamos de volumes totais, queremos ser uma das três marcas mais vendidas nos segmentos em que participamos. Em picapes, por exemplo, temos o claro objetivo de ser o número 3 e sabemos que podemos conseguir. Também queremos ter uma imagem exitosa, de produtos reconhecidos e lembrados dentre os melhores. Recentemente comunicamos várias ações nesse sentido. Com a presença do nosso COO global, Ashwani Gupta, no lançamento da nova Frontier em Puerto Iguazu, anunciamos investimento de US$ 250 milhões em Resende [de 2022 a 2025], abriremos o segundo turno em Córdoba, teremos uma financeira cativa da Nissan no Chile e lançamos a nova geração da picape. Tudo isso dá ideia de que queremos crescer significativamente. As vendas devem aumentar já este ano, tudo está funcionando bem.
Quando todas essas ações começam a dar resultados?
Já este ano, com a maior disponibilidade de nossos veículos nas ruas. Um só turno para fazer o Kicks em Resende era pouco. Com mais produtos deveremos aumentar nossa participação de mercado. Sabemos que podemos fazer isso porque temos produtos que nos dão confiança. Exemplo disso aconteceu no Chile, onde em 2019 éramos a marca número 5, em 2020 subimos para 3, em 2021 até a metade do ano éramos a número 2. Depois, com as dificuldades de falta de semicondutores, perdemos posições, mas esse desempenho demonstra que a marca e seus produtos são bem aceitos e nós temos condições de crescer mais.