São Paulo – Os papéis impressos deram lugar a documentos assinados digitalmente. Um prédio em São Bernardo do Campo, SP, foi esvaziado porque metade do pessoal dos escritórios agora trabalha de forma remota. Redução na quantidade de reuniões, encontros virtuais com fornecedores, mais autonomia e flexibilidade na hora de decidir regionalmente. A Toyota sairá da pandemia bem diferente do que entrou.
“Estamos passando por uma mudança cultural na Toyota”, disse Celso Simomura, vice-presidente de compras e engenharia, aos participantes do Seminário AutoData Megatendências do Setor Automotivo – a Revisão das Perspectivas 2020, na sexta-feira, 3. “Definimos o processo SCC e organizamos medidas que precisamos parar, mudar e continuar.”
SCC é a sigla para Stop, parar em inglês, Change, mudar, e Continue, continuar. Dentre as medidas no alvo para serem interrompidas estão as atividades duplicadas e o fazer sempre da mesma forma. O trabalho remoto e uma cultura mais ágil e adaptável fazem parte do Mudar. E para continuar o negócio saudável, em linha com o crescimento sustentável, investimento em lideranças e talentos regionais e o foco no rumo à mobilidade.
Este direcionamento à mobilidade foi reforçado com o lançamento da Kinto, braço de mobilidade do Grupo Toyota que imediatamente agregou o Toyota Mobility Services, serviço de compartilhamento lançado no Brasil no ano passado.
A mudança de cultura também abre oportunidades para fornecedores. Segundo Simomura segue em curso o programa de nacionalização de peças e componentes. Alguns produtos, como o motor 2.0 do Corolla produzido em Porto Feliz, SP, e a versão híbrida do sedã, fabricada em Indaiatuba, SP, estão com índice de conteúdo local na casa dos 60%: “O Corolla flex e os motores do Yaris têm 70%. Ainda temos muito trabalho a fazer, buscamos um patamar maior de nacionalização”.
Segundo o vice-presidente componentes eletrônicos e a bateria para veículos híbridos são alguns exemplos de itens que podem ser feitos na região. A boa notícia aos fornecedores interessados é que a Toyota, passada a pandemia, flexibilizará suas rígidas especificações: “Não quer dizer que abriremos mão da qualidade. Mas vamos respeitar as características regionais na hora de desenhar as especificações”.
Um exemplo da disposição da Toyota em tornar suas operações mais flexíveis está na logística compartilhada. Hoje caminhões que abastecem fábricas da companhia transportam, além de componentes para suas linhas, peças que abastecerão outras duas montadoras: “Era algo inimaginável, mas que está em curso e já deu ganhos de 35% em eficiência logística”.
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