São Paulo — As marcas importadoras associadas à Abeifa registraram seu melhor mês de vendas em setembro, assim como aconteceu com o mercado total. No mês passado foram emplacadas 2,8 mil unidades das associadas, crescimento de 4,8% sobre agosto, seguindo a tendência de alta do mercado. Na comparação com igual mês de 2019 as vendas ficaram quase estáveis, com recuo de 0,4%, de acordo com os dados divulgados pela entidade na sexta-feira, 2.
De janeiro a setembro as vendas recuaram 20,8% ante 2019, somando 19,8 mil veículos. A queda só não foi maior por causa do nível alto de estoque que as empresas possuíam antes da pandemia, segundo João Oliveira, presidente da entidade: "Essa é a grande conclusão que temos: a retração só não foi maior porque possuíamos estoque grande que foi importado com o preço do dólar mais baixo, o que permitiu às marcas segurarem o aumento de preços. Também houve uma procura maior dos clientes, porque os interessados sabiam que na próxima importação o preço dos veículos aumentaria".
Agora o cenário está mudando porque aqueles estoques estão acabando e os novos lotes importados, que deverão ser menores, já possuem o preço reajustado pela alta do dólar, que está na média de R$ 5,25 no ano, segundo a Abeifa. E esse será o desafio para os próximos meses: entender como responderá o setor de importados com os preços dos veículos mais altos.
Oliveira disse que a expectativa é a de que o dólar continue no mesmo patamar, até um pouco mais apreciado, em 2021, o que colocará ainda mais pressão sobre os négocios de importação no País, principalmente em segmentos nos quais os veículos competem diretamente com os nacionais. Para conseguir melhorar as condições de negócios das associadas no Brasil a Abeifa seguirá lutando em duas frentes:
"Seguimos conversando com o governo sobre a redução de 35% para 20% do imposto de importação, como é praticado no Mercosul e no México, assim como sobre a adequação das alíquotas do IPI para veículos híbridos e elétricos. Esperamos que isso aconteça, até porque o governo possui uma agenda econômica mais liberal".
O presidente da Abeifa acredita que, caso isso não aconteça, ficará inviável a competição em segmentos de volumes maiores e as empresas importadoras deverão rever seu portfólio, focando em alguns nichos do mercado e em faixas de preço mais altas.
A Abeifa também divulgou as vendas somadas dos veículos importados e dos produzidos no País por empresas importadoras, com volume de 40,4 mil unidades comercializadas no ano. Neste contexto o recuo foi um pouco menor, 15,7% ante o período de janeiro a setembro de 2019.
Em agosto a entidade estudava possíveis reajustes em suas projeções anuais, mas optou por mantê-las: até o fim do ano as associadas deverão vender 58 mil veículos, considerados os importados e os produzidos no País, registrando queda de 14,3% ante 2019. Considerando só os veículos importados as vendas somarão 28,5 mil unidades, caindo 17,6% ante 2019.
Para o mercado total no Brasil são esperadas vendas de 1,9 milhão de veículos, retração de 30% contra o resultado do ano passado.
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