São Paulo — A General Motors suspenderá a produção na fábrica de Gravataí, RS, onde produz o Chevrolet Onix, por descompasso no fornecimento de componentes eletrônicos que o equipam. Serão concedidas aos funcionários férias coletivas até abril e é possível que sejam adotados lay-offs na unidade.
A falta de componentes tem afetado todo o setor e, afora a GM, a Honda também paralisou sua produção em Sumaré, SP, pelas mesmas razões. Há em toda cadeia relatos de que faltam no mercado pneus, insumos químicos aplicados na produção de plástico, borracha e espuma, e aços perfilados.
De acordo com Édson Dornelles, vice-presidente do sindicato dos metalúrgicos local, a paralisação também ocorre nas fornecedoras de autgopeças que integram o condomínio industrial de Gravataí, um quadro de cerca de 5 mil funcionários. Na montadora o quadro é formado por 4 mil funcionários em dois turnos.
Na sexta-feira, 26, será votado em assembleia online o futuro dos trabalhadores da unidades: estará na mesa a possibilidade de concessão de lay-off para parte do quadro da fábrica a partir do fim das férias coletivas, que poderá durar de dois a cinco meses, com possibilidade de prorrogação por mais cinco.
O sindicato considerou a proposta como postura cautelosa da montadora diante do período de tempo, extenso, em que o lay-off poderá ser aplicado na fábrica. Considera que não apenas a falta de insumos estaria preocupando a direção da companhia, mas também o tamanho do mercado versus a capacidade produtiva de Gravataí, 400 mil veículos/ano, em três turnos.
Complexo industrial de Gravataí emprega cerca de 9 mil funcionários e tem capacidade instalada para produzir 400 mil veículos/ano
De qualquer forma o lay-off é visto como algo positivo por parte do representante dos trabalhadores, que reconhece que os tempos atuais são de incerteza e de ajustes. Dornelles afirmou que a ideia do sindicato, e da montadora, é manter a produção ativa em um turno durante o período de lay-off, caso seja aprovado pelos trabalhadores na assembleia.
Neste cenário o quadro será composto por parte do quadro que, hoje, está ativo e também por parte do contigente que está em lay-off desde o ano passado, cerca de seiscentos funcionários: "Com o retorno destes profissionais do lay-off, quem não for para a fábrica terá licença remunerada".
A reportagem da Agência AutoData apurou que a paralisação, por ora, será adotada apenas na unidade do Rio Grande do Sul. As linhas seguem operantes em Joinville, SC, São Caetano do Sul, São José dos Campos e Mogi das Cruzes, SP.
Fonte ouvida em off disse que a medida adotada pela empresa para a fábrica de Gravataí poderá ser replicada, em breve, em São Caetano do Sul, onde já teria sido cancelada a produção programada para ocorrer em alguns sábados de março por causa da falta de componentes. A mesma fonte disse, ainda, que pedidos a fornecedores foram cancelados.
Procurada a General Motors informou, por meio de nota, que a cadeia de suprimentos da indústria automotiva na América do Sul "tem sido impactada pelas paradas de produção durante a pandemia e pela recuperação do mercado mais rápida do que o esperado". Afirmou, ainda, que a situação "tem o potencial de afetar de forma temporária e parcial o cronograma de produção. Estamos neste momento trabalhando com fornecedores e sindicato para mitigar os impactos gerados por esta situação".
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