São Paulo – A Volkswagen assume postura distinta à de algumas concorrentes do setor automotivo, não colocando todas as suas fichas na eletrificação. Ao apresentar seu plano de negócios Accelerate, na semana passada, deixou claro que não abandonará os motores a combustão interna: ficou mais evidente que, no Brasil, ele terá ainda longa vida. O presidente Pablo Di Si apresentou, na terça-feira, 9, no Seminário Megatendências 2021, organizado pela AutoData Editora em formato on line, sua visão a respeito do etanol, a alternativa caseira que a própria Volkswagen ajudou a turbinar no começo do século, com o desenvolvimento da tecnologia flex fuel. Será nele que apostará algumas de suas fichas.
Os argumentos de Di Si têm apoio da direção global, que considera o etanol caminho viável na América Latina, onde, se sabe, demorará mais a chegar infraestrutura para a mobilidade elétrica. Melhor: seus predicados o colocam como tão eficiente, em termos de emissões, como um veículo elétrico, analisando todo o ciclo de vida.
Di Si apresentou dados de um estudo feito pela companhia que demonstra, em números, essa questão. Em todo seu ciclo de vida um veículo a combustão, quando abastecido com etanol, gerará 19,7 toneladas de CO2. Um puramente elétrico, 19,3 toneladas de CO2 – veja o slide abaixo.
“Estávamos analisando a métrica sem considerar todo o ecossistema. Na Europa, por exemplo, a energia elétrica não é gerada totalmente por tecnologias limpas.”
Agora os engenheiros da Volkswagen estão debruçados em desenvolvimentos que tenham no etanol o foco central, como alternativa para o Brasil. Não significa abandonar os elétricos: segue o planejamento de lançar seis modelos VW até 2023, do qual apenas um, o Golf GTE, já está no mercado.
A Volkswagen espalha suas fichas em diferentes tabuleiros, portanto. Mas Di Si percebe no etanol potencial para que o Brasil assuma protagonismo internacional inclusive no campo elétrico ao desenvolver, quem sabe, uma célula de combustível a etanol que possa ser exportada. A cadeia seria toda beneficiada: produtores brasileiros ampliariam o alcance do próprio etanol e as empresas fornecendo tecnologia baseada neste produto.
Para o presidente da Volkswagen América Latina ainda há tempo para entrar no jogo: “O elétrico ainda não teve seu boom no mundo, será daqui a mais de cinco anos. Então estamos no prazo”.
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