São Paulo – Os clientes que fecharem novas compras de caminhões, especialmente do segmento pesado, deverão receber os pedidos apenas no segundo semestre. O prazo das entregas está mais alongado por causa das dificuldades que as fabricantes têm para atender a demanda durante a pandemia, agravada pela falta de componentes.
A espera pelos caminhões quase dobraram, segundo Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus, e chegam a 150 dias dependendo do modelo.
"Essa é a realidade do nosso setor hoje: a demanda está aquecida, sim, porém, esse prazo alongado não é reflexo de uma fila de clientes na porta das revendas, mas das dificuldades que temos para produzir durante a pandemia. Em Resende [RJ] estamos operando em dois turnos e o volume produtivo é só um pouco maior do que era em um turno antes da covid-19".
A depender do modelo, versão e nível de componentes importados a Mercedes-Benz atende a pedidos apenas em junho e julho. Mas segundo Roberto Leoncini, seu vice-presidente de vendas e marketing de caminhões e ônibus, os prazos podem mudar: "Os clientes de semipesados e pesados estão esperando, em média, de oito a doze semanas".
Outra montadora instalada em São Bernardo do Campo, SP, a Scania também já abriu a carteira de pedidos para o segundo semestre, lembrando que o seu sistema de produção é diferente das demais: só entra na linha de produção o que já foi negociado com o cliente.
A Volvo CE, que produz caminhões pesados e máquinas em Pederneiras, SP, também está com longo prazo entrega, segundo seu presidente Luiz Marcelo Daniel, que revelou que os pedidos fechados a partir de março estão sendo programados para o segundo semestre.
Vivendo situações parecidas em suas fábricas, todos os executivos concordam que o tempo maior para atender os clientes é reflexo das dificuldades para receber o volume necessário de componentes dos fornecedores, os problemas da cadeia logística e o maior distanciamento nas fábricas, demanda dos tempos de covid-19.
Marco Saltini, vice-presidente da Anfavea, ressaltou que esse prazo de entrega não é bom para o setor, "que precisa conseguir entregar o veículo o quanto antes para o cliente poder trabalhar".
A expectativa da indústria é a de que ao longo do ano esse cenário comece a se resolver com a vacinação em massa avançando no Brasil e colaborando com que as operações voltem a ter uma vida mais próxima do normal, equalizando esse problema.
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