São Paulo – Nas últimas semanas a diretoria da Iveco, no Brasil, recebeu o sinal verde da matriz para dar sequência aos testes com seus caminhões movidos a GNV em clientes locais. O presidente Márcio Querichelli afirmou à Agência AutoData que, agora, a empresa começará a selecionar os clientes e a decidir qual será o modelo testado, possivelmente um Tector da linha semipesada.
Os testes ocorrerão após a aprovação do Marco Regulatório do Gás pelo Congresso, projeto para o qual Querichelli olhava com atenção. É a partir dessa aprovação que espera-se difundir o uso do combustível, hoje restrito a carros de passageiros, em especial taxistas e motoristas de aplicativo, ao transporte comercial pesado.
A Iveco é forte no caminhão a gás na Europa e já deu seus primeiros passos na América do Sul, com vendas importantes no Chile e na Argentina. Por aqui a demora em avançar etapas, permitindo inclusive que a Scania assumisse o protagonismo no GNV para veículos comerciais, se deveu a outras questões, segundo seu presidente: “Quando assumi a presidência, há um ano, precisei definir prioridades. À frente do GNV estava a necessidade em investir no Euro 6, que entra em vigor a partir do ano que vem para a linha Daily, segmento importante para nós”.
Os caminhões a gás serão montados na fábrica de Sete Lagoas, MG. Muita coisa, neste primeiro momento, vem importada da Europa, como o próprio motor a gás, mas o veículo que rodará pelas estradas nacionais precisará de adaptações, como o terceiro eixo.
“Pediremos ao governo a isenção de imposto para alguns componentes, na condição de ex-tarifários. Com o tempo, à medida que o volume for crescendo, negociaremos com fornecedores locais a possibilidade de localização da produção.”
A Iveco pretende testar caminhões movidos a GNV e a biometano, com o GNL entrando em uma segunda etapa. O preço do produto, de acordo com o presidente, supera de 30% a 45% o valor de um modelo a diesel, com os ganhos sendo apurados na operação e na pegada ambiental.
Querichelli contou que conversa com 25 a 30 clientes interessados na operação piloto. Segundo ele o uso de GNV em caminhões brasileiros deverá começar por veículos que operam em longas distâncias – e a capilaridade da distribuição, calcula, não será empecilho no momento. Mas ele vê possibilidade, também, de adoção de GNV no transporte urbano de cargas.
Foto: Divulgação.