São Paulo — A crise dos semicondutores está longe de dar uma trégua aos concessionários, que se veem com volume reduzido de modelos para ofertar aos consumidores apesar da disponibilidade de crédito por parte dos bancos. Em agosto foram emplacados 158,5 mil automóveis e comerciais leves, 2,4% a menos do que em julho e 8,7% abaixo do mesmo mês em 2020.
Trata-se do segundo mês seguido de quedas na comparação anual e do quarto de volumes mais baixos de um mês para o outro, segundo a Fenabrave, que divulgou os números na quinta-feira, 2.
O consultor automotivo da Oikonomia, Raphael Galante, lembrou que o mercado vinha numa toada de incremento até junho. Em julho a comercialização de 0 KM caiu com relação a maio e a junho do ano passado e, em agosto, foi menor também nas duas comparações: “Setembro tem tudo para ser o terceiro mês consecutivo de retração, pois o volume de vendas, que está na faixa de 160 mil unidades nos últimos dois meses, em setembro do ano passado era de 200 mil. O último quadrimestre de 2020 foi muito forte porque no início da pandemia as concessionárias ficaram meses fechadas. Agora é o contrário, porque não tem carro”.
No acumulado do ano, porém, ainda há crescimento de 20,7%, com a venda de 1,3 milhão de unidades de janeiro a agosto. A Fenabrave manteve projeção de expansão de 10,7% em 2021. Galante ponderou, no entanto, que se o mercado chegar a dezembro com alta de 5% ante 2020 “já será um lucro violento”.
Conforme o presidente da entidade, Alarico Assumpção Júnior, a dificuldade na obtenção de peças e componentes segue como o principal entrave para um melhor desempenho deste segmento, fazendo com que o consumidor tenha que esperar mais pela entrega dos veículos: “O ritmo dos emplacamentos está sendo ditado pela capacidade de entrega das montadoras, que ainda sofrem com a escassez, especialmente, de semicondutores”.
Assumpção Júnior disse que parte dos veículos registrados em agosto refere-se a vendas realizadas em julho: “Este prazo de entrega se tornou mais longo por causa das dificuldades da indústria.”
Ou seja: mesmo com disponibilidade de crédito, com índice de aprovação de 6,8 cadastros a cada dez propostas, não há oferta suficiente, e a situação só deve ser normalizada em 2022.
Por segmento — A maior queda foi registrada na venda de carros 0 KM, de 15,6% ante agosto de 2020 e de 3,04% frente a julho, totalizando 119,8 mil emplacamentos. No ano foi licenciada 1 milhão de unidades, alta de 14,6% em comparação aos oito primeiros meses de 2020.
Quanto aos comerciais leves houve leve recuo de 0,31% com relação a julho e aumento de 22,8% ante igual mês no ano passado, com 38,7 mil unidades. O acumulado de 2021 soma 280 mil veículos, incremento de 50,5%.
No mês passado as vendas de elétricos e híbridos representaram 2,44% dos emplacamentos, com total de 3,8 mil veículos comercializados.
Foto: prostooleh/Freepik.