São Paulo – Ao contrário dos automóveis, para os quais a eletrificação parte de cima para baixo, começando com os premium e descendo segmentos até, um dia, chegar aos veículos de entrada, nos veículos comerciais a transformação começa nos degraus inferiores. Tanto em caminhões como em ônibus os modelos mais leves, responsáveis pela distribuição urbana, serão os primeiros a adotar baterias em vez de diesel.
Debateram a eletrificação dos veículos comerciais, durante o último dia do Seminário Brasil Elétrico+ESG, organizado pela AutoData Editora de 13 a 15 de setembro, Alan Holzmann, diretor de estratégia de produto da Volvo, e Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing ônibus da Mercedes-Benz. Ambos apontaram esse caminho, de baixo para cima, na indústria de pesados.
“Em uma operação de 100 quilômetros a 300 quilômetros o custo já é equacionado e a energia suporta a autonomia”, disse Barbosa. “Já há pressão, tanto da população como dos secretários de Transportes, para que os ônibus elétricos cheguem aos centros urbanos.”
No mês passado a Mercedes-Benz apresentou o eO500U, seu primeiro chassi urbano desenvolvido e produzido no Brasil. A previsão é a de que chegue ao mercado no ano que vem e de que circule na Capital paulista.
Em caminhões o cenário é parecido: adoção nos grandes centros, para distribuição interna e viagens regionais. A Volvo oferece modelos elétricos com autonomia de até 300 quilômetros na Europa e examina o cenário no Brasil, onde a concorrência já chegou. Segundo Holzmann o TCO será o ponto da virada: quando o custo fizer sentido haverá mais uso.
Ele não descartou, porém, uma possível demanda inicial de empresas preocupadas com suas metas ESG: elas podem, de acordo com o executivo, acelerar um pouco essa tendência.
Para as longas distâncias ainda há dúvidas. O caminho natural seria os veículos movidos a célula a combustível, tecnologia sobre a qual as duas companhias estão debruçadas em parceria e até formaram uma joint-venture. Mas Holzmann não descarta uma evolução da eletrificação para modelos mais pesados:
“Veja o que aconteceu nos celulares, por exemplo. A tecnologia evoluiu em pouco tempo dos tijolões para os smartphones. Ainda estamos no início das baterias e elas deverão evoluir bastante nos próximos anos”.
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