São Paulo – Parece trivial: uma câmara identifica os emblemas aplicados nas carrocerias dos Jeep Compass, Commander e Renegade e Fiat Toro produzidos nas linhas de Goiana, PE, envia as imagens para a nuvem que, por meio de software de inteligência artificial, valida as informações, devolve ao operador e aprova, ou não, esta etapa do processo de produção. A possibilidade de erro, que já era mínima, parte para o zero. A grande novidade é que todo o processo é feito com auxílio da tecnologia 5G de dados, que sequer chegou ao Brasil. A Stellantis uniu forças com TIM e Accenture e tirou do papel, em três meses, o primeiro projeto piloto com internet 5G aplicada em fábrica automotiva da América Latina, e abriu a estrada para algo que deverá revolucionar as linhas de produção.
O CIO da Stellantis, André Souza, disse que não existem muitos erros nesta etapa do processo de produção. Mas um, que seja, afeta a satisfação do consumidor. “Produzimos mais de cem versões de quatro modelos. São emblemas com cores, formatos e designs diferentes, cujo posicionamento errado pode passar batido na checagem do ser humano. Identificamos, aí, o potencial de adotar a tecnologia 5G aliada à inteligência artificial e aprimorar ainda mais a qualidade dos produtos de Goiana”.
Da leitura do emblema pela câmara ao envio ao operador passam de 2 a 3 milissegundos, de acordo com o CIO. Um piscar de olhos, por exemplo, dura em torno de 30 a 40 milissegundos: “É muito rápido. Temos uma rede, privada, de 1 GB por segundo, duas antenas instaladas pela TIM que cobrem toda a nossa fábrica. Este foi apenas o primeiro case adotado, temos outros em estudo”.
Ele ressaltou o potencial que a tecnologia tem para melhorar os processos produtivos do setor automotivo. E não só dele, como bem lembrou Leonardo Capdeville, CTO da TIM, que tem trabalhado junto com outras indústrias para a adoção do 5G. Como a tecnologia ainda não é regulamentada no Brasil – os leilões para concessão das faixas para uso da tecnologia deverão ocorrer nos próximos meses – foi preciso uma licença especial, de testes, para a Stellantis.
As próximas aplicações da Stellantis também estão no âmbito da Indústria 4.0. Segundo Souza a companhia busca aliar ganho de desempenho, qualidade e redução de custos ao aplicar o 5G nas linhas. Os prazos de desenvolvimento deverão ser mais reduzidos, pois a estrutura já está disponível.
Os executivos evitaram falar, também, em valores de investimento. Segundo eles houve esforço conjunto de todos os atores, Stellantis, TIM e Accenture, para tornar este primeiro passo viável, e cada um deu a sua cota. "Mais do que para a Stellantis o projeto é inovador para o País”, disse Souza.
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