São Paulo — Aguardado para setembro, o início da exportação de motores produzidos na fábrica da Toyota em Porto Feliz, SP, para os Estados Unidos, terá reflexo positivo em outra unidade da empresa, a de São Bernardo do Campo, SP. É de lá que saem os componentes para esses motores e, com a nova demanda, haverá a produção adicional de 20 mil peças por mês.
Atualmente são destinados a Porto Feliz, mensalmente, 74 mil bielas e virabrequins. Ou seja: haverá incremento de 27% no volume atual. Segundo o diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wellington Damasceno, equivale a um dia a mais de trabalho na planta: “A princípio o impacto é pequeno, mas traz a oportunidade de hora extra”.
O sindicalista disse que, por ora, embora o uso da capacidade instalada da fábrica seja quase total, não são cogitadas contratações: a Toyota já informou a seus empregados que administrará a produção adicional com a mão de obra existente. A forjaria, setor responsável por esses itens, já opera em três turnos.
Mesmo assim a notícia traz alento, avaliou Damasceno. Desde setembro de 2020, quando foi anunciada a mudança da sede administrativa da Toyota para Sorocaba, SP, assim como do Centro de Pesquisa Ampliada – que desenvolveu em conjunto com equipe japonesa, em 2018, o primeiro protótipo de híbrido com motor de combustão flex – e do Centro de Visitas, o museu da Toyota no Brasil, a unidade tem visto a redução gradativa do número de funcionários que circulam por ali. O efetivo, à época composto por 1,7 mil funcionários, passou aos atuais 580 em decorrência de transferências e de PDVs, fatores que preocupavam a entidade acerca da continuidade da atividade fabril.
A unidade, por outro lado, possui diferencial que foi mantido: o de plataforma exportadora. Das 441,1 mil peças produzidas ali todo mês 367,1 mil são embarcadas, o que significa 83,2% do total.
“Embora a planta de São Bernardo tenha exercido importante papel, principalmente durante a pandemia, por seguir exportando bielas e virabrequins para modelos fabricados nos Estados Unidos, o que ajudou a equilibrar as receitas, não sabemos quais são os planos da montadora para essa fábrica. Então essa notícia nos traz esperança e indícios de continuidade da operação.”
Wellington Damasceno
Sobre os planos para a unidade do ABC Paulista o presidente da Toyota do Brasil, Rafael Chang, disse a AutoData que antes de mais nada é preciso lembrar que foi a primeira da montadora fora do Japão, e que a companhia agora está trabalhando no planejamento de investimentos para o futuro, uma vez que em 2021 foi concluído ciclo de R$ 6 bilhões em Sorocaba.
“Cada uma de nossas unidades de negócio tem uma função dentro da nossa operação. A de Sorocaba produz Yaris, Etios e Corolla Cross, a de Indaiatuba fabrica o Corolla sedã, a de Porto Feliz produz motores e a de São Bernardo fabrica peças, tanto para os modelos feitos no Brasil como para Hilux e SW4 que produzimos na Argentina. E exportamos peças para modelos feitos nos Estados Unidos.”
Chang disse que não há nada definido por ora, referindo-se aos novos aportes, e que em um primeiro momento a operação local será analisada como um todo, e não por unidade:
“Nós acreditamos no mercado brasileiro e nossos planos são calcados sempre olhando para médio e longo prazo”.
Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil