São Paulo – Desde que a Toyota anunciou que encerraria a operação da sua fábrica mais antiga do Brasil e a primeira fora do Japão, em São Bernardo do Campo, SP, há uma semana, em busca de mais competitividade, houve bastante repercussão. Os dias seguintes foram marcados por assembleias e passeatas de protesto conduzidas pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, paralisação na produção e aviso de greve. E na sexta-feira, 8, a Toyota conseguiu audiência com o TRT-SP, Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo da 2ª Região, a fim de pleitear que os 550 operários voltassem ao chão de fábrica. Ficou acordado que eles descruzariam os braços diante de determinação da Justiça para que fosse instituída mesa de negociação a fim de verificar a viabilidade da permanência da planta no município.
E, diante da expectativa de reversão da decisão de encerrar as atividades em São Bernardo em novembro de 2023, apesar da possibilidade de transferência dos profissionais para as unidades do Interior de São Paulo, entre Sorocaba, Indaiatuba e Porto Feliz, os metalúrgicos acataram, em assembleia na segunda-feira, dia 11, a orientação de voltar ao trabalho.
Também pesou a favor o fato de que o TRT-SP determinou que não haverá desconto nos salários dos dias que não foram trabalhados, 6, 7 e 8 de abril, para que fossem realizadas manifestações contra o fechamento da fábrica.
Na avaliação do diretor administrativo do sindicato e negociador na Toyota, Wellington Messias Damasceno, a decisão judicial de que todos se sentem à mesa para discutir o futuro da planta no ABC Paulista já é um primeiro passo. Ainda hoje será definido calendário com cronograma de conversas com a montadora.
“Diferentemente de todo o seu histórico ao longo desses anos, a Toyota, que sempre foi uma empresa aberta ao diálogo, desta vez se mostrou intransigente e não abriu espaço para negociação. Queremos mostrar que a continuidade da planta em São Bernardo é algo viável.”
Wellington Messias Damasceno
Procurada, a Toyota informou que “sempre manteve canal de comunicação amplo e transparente com todos os envolvidos”. E que na audiência do TRT-SP, em que foi avaliada a legalidade da greve, “a entidade declarou cláusula de paz, onde ambas as partes concordaram em voltar ao trabalho, sem descontos pelos dias parados, e seguem constantemente em diálogo”.
De acordo com o sindicato, ainda hoje também haverá reuniões com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo e com o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando.