Demanda estava aquecida no evento e indica que será mais um ano de crescimento
Ribeirão Preto, SP — A Agrishow voltou ao seu formato presencial em 2022 depois de dois anos e confirmou o bom momento que vive o agronegócio nacional, com grande movimento de público desde o primeiro dia e volume de negócios relevante. Esse foi o sentimento de Eduardo Nunes, diretor de marketing para a América do Sul e Central da Massey Ferguson, de Eduardo Kerbauy, diretor nacional de mercado da New Holland, e de Eduardo Penha, diretor de marketing e comunicação da Case IH para a América Latina, que concederam entrevista a Agência AutoData durante o evento.
Todos os executivos revelaram bom volume de vendas no começo da feira, movimento contrário ao de outros anos, quando a maior demanda acontecia nos últimos dias, mostrando a tendência de que a semana toda seria aquecida. Nunes, da Massey Ferguson, e Kerbauy, da New Holland, lembraram a forte presença de seus concessionários, com expectativa de volume maior de vendas ante a última Agrishow, em 2019, mas sem revelar suas projeções.
Penha, diretor da Case IH, que também estava com concessionários no evento, relatou uma mudança nas compras dos produtores rurais: “Em outros eventos tinha muito máquina para pronta entrega e era comum os clientes comprarem máquinas para usar nas suas operações dois meses depois. Agora o cenário mudou, por causa da crise de componentes, e as vendas são programadas, com prazo de entrega de quatro a seis meses. Os agricultores também estão se programando”.
As entregas programadas são reflexo da crise na cadeia de fornecimento de máquinas e na logística global, e atingem todas as empresas do setor, cenário parecido com os automóveis e veículos pesados. Os três executivos concordaram que esse será o grande desafio para 2022, pois a demanda é maior do que a oferta.
Para o diretor da Massey Ferguson “não se trata, apenas, de um componente específico, pois os desafios existem para todos os componentes porque a nossa indústria cresceu muito desde 2019. Para algumas commodities e componentes o fornecimento está melhorando e a expectativa é de que se normalize no ano que vem. Os problemas com a cadeia logística também são um desafio, porque às vezes o fornecedor consegue produzir mas a entrega atrasa”.
Na Case IH existe um componente específico que acionou o sinal de alerta, os pneus, gargalo que começou no ano passado e ainda é considerado entrave. A expectativa do diretor é a de que o fornecimento melhore no segundo semestre, caso não ocorra nenhum fato novo que afete os negócios.
Kerbauy também falou da taxa de juros para financiamento, com forte alta nos últimos anos: “Não temos as melhores condições quando comparamos com dois ou três anos atrás: a taxa Selic está pressionando e isso gera um desafio a mais quando o assunto é financiamento”.
Mesmo com esses desafios a expectativa dos executivos é de mais um bom ano do agronegócio nacional, puxando uma demanda maior por máquinas agrícolas. De janeiro a março as três empresas confirmaram crescimento sobre igual período do ano passado, mas sem revelar o quanto.
Para o fechamento do ano o mais otimista foi Kerbauy, que tem projeção de até 10% de crescimento para o mercado e para a New Holland, e Nunes apostou em um índice mais modesto, em torno de 5% para Massey Ferguson e para a indústria nacional de máquinas.
Agrishow — O evento realizado de 25 a 29 de Abril contou com mais de quinhentas marcas expositoras em área de 520 mil m². A expectativa da organização para esta edição, a vigésima-sétima, foi batida: novo recorde de negócios após atingir R$ 11,2 bilhões em vendas de máquinas agrícolas, irrigação e armazenagem.
Mais de 193 mil pessoas passaram pelo evento durante a semana, com oferta acima de R$ 12 bilhões para financiamento de máquinas e equipamentos por bancos e cooperativas. O Banco do Brasil revelou expectativa de fechar R$ 500 milhões em negócios na Agrishow, expectativa igual ao do Bradesco.
Dados divulgados pela Abimaq durante a Agrishow projetam alta de 5% a 9% nas vendas de máquinas agrícolas em 2022, com o faturamento crescendo até 6%, impulsionado pela maior demanda das exportações e pelo bom momento do agronegócio.
A próxima Agrishow já está marcada para de 1o a 5 de maio de 2023.