São Paulo – Economistas argentinos projetam para 2022 uma inflação na casa dos 90%, quase dez vezes superior à do Brasil, que já se encontra em nível crítico. Existe no país uma discrepância importante nas taxas cambiais – a oficial, hoje na casa dos 128 pesos, e a real, o chamado dólar blue, em torno de 285 pesos – que torna a vida dos empresários, especialmente do setor automotivo, complicada na hora de formar o preço do carro. Ainda assim Ricardo Salome, presidente da Acara, que representa o setor de distribuição no país vizinho, trouxe ao 4º Congresso Latino-Americano de Negócios da Indústria Automotiva uma visão otimista do mercado local.
Disse ele que a crise, assim como todas pelas quais os argentinos já passaram, ficará para trás em breve e que todo o ambiente econômico e de negócios voltará aos trilhos: “Hoje temos restrições às importações e falta de veículos 0 KM no mercado, situação agravada pela falta de peças, este um problema global. Mas isto passará”.
Essa restrição às importações mexeu com o perfil do mercado argentino: os veículos importados, dos quais cerca de 80% vêm do Brasil, que representavam historicamente em torno de 70% das vendas locais, hoje não chegam à metade. Os cinco veículos mais vendidos no país são produzidos na própria Argentina: Fiat Cronos, Peugeot 208, Toyota Hilux, Volkswagen Amarok e Chevrolet Cruze.
Entretanto os volumes permanecem. De janeiro a julho foram 241,1 mil veículos vendidos, alta de 2% sobre o ano passado. A Acara aposta em vendas na casa das 400 mil unidades, em linha com o resultado de 2021, e só não será mais porque falta carro nas concessionárias por causa da restrição do governo com as importações. E Salome fez sua aposta para 2023: “Podemos crescer 10% no ano que vem”.
Ainda são, porém, resultados abaixo do recorde histórico do mercado argentino, que beirou a 1 milhão de unidades em 2013. Volume que, como no seu vizinho Brasil, hoje caiu pela metade.