Anfavea espera alcançar 2 milhões 140 mil emplacamentos até dezembro
São Paulo – Apesar de todos os percalços que atingiram a indústria automobilística nos últimos três anos em decorrência da pandemia e de seus desdobramentos, com a escassez de chips, problemas logísticos, guerra na Ucrânia e a crise energética na Europa, o setor está otimista quanto ao fechamento de 2022. A Anfavea estima emplacar 2 milhões 140 mil veículos este ano e, para atingir essa meta, ainda é necessária a venda de 637 mil veículos nos três últimos meses.
De acordo com os números apresentados pelo presidente da entidade, Márcio de Lima Leite, durante entrevista coletiva de imprensa online na sexta-feira, 7, é possível o cumprimento desse número e há, inclusive, tendência de superá-lo. No ano passado inteiro os emplacamentos somaram 2 milhões 120 mil veículos. Tal otimismo deriva de comparações com o comportamento das vendas de 0 KM neste mesmo período nos anos anteriores.
De outubro a dezembro de 2021 foram comercializados 542 mil veículos. No entanto durante o segundo semestre o setor recebera forte impacto da falta de componentes – este ano o maior reflexo da crise de abastecimento se deu no primeiro semestre.
“O nosso número mágico é chegar a 2 milhões 140 mil unidades no fim do ano. Como vendemos até setembro 1 milhão 503 mil veículos precisamos comercializar 637 mil. No último trimestre de 2020, por exemplo, emplacamos 684 mil, que é mais do que precisamos para bater a meta. À época já havia falta de componentes mas ainda não faltavam semicondutores. Esse número é um desafio mas é bem factível.”
Para efeito de comparação nos últimos três meses de 2019, período pré-pandemia, as vendas de veículos novos somaram 758 mil unidades.
O dirigente ponderou que a projeção só não será atingida se houver algum imprevisto na reta final de 2022. Reconheceu que a Copa do Mundo pode exercer impacto, mas, como o problema do setor continua sendo de produção e não de comercialização, segundo ele, não deverá haver grande reflexo.
“Em setembro precisávamos de 198 mil emplacamentos e chegamos perto, com 194 mil. Mas no terceiro trimestre atingimos 585 mil unidades, que superaram o segundo trimestre, com 512 mil unidades, e o primeiro, com 406 mil.”
Quanto à inadimplência, que se refere a parcelas de financiamento que ficam sem pagamento por mais de noventa dias, o indicador para financiamento por meio de CDC está em 5,1%. Neste mesmo período, em 2019, os calotes respondiam por 3,3% das operações. A taxa de juros para pessoa física está em 27% ao ano e, três anos atrás, chegava a 20% ao ano.
Com isso a participação das vendas financiadas no total de veículos leves continua em patamar atípico, respondendo por 35% das operações, enquanto que 65% são de pagamentos à vista.
Neste cenário Leite citou que as locadoras continuam desempenhando importante papel no consumo de veículos zero quilômetro, que chegou a 50 mil unidades no mês passado. Existe demanda para 600 mil veículos por parte dessas empresas, que têm frota mais envelhecida e, portanto, precisa ser renovada.
Média diária – Em setembro as 194 mil comercializações de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus representaram recuo de 7% com relação a agosto, mas incremento de 25,1% ante setembro do ano passado.
“Além dos dois dias úteis a menos de setembro com relação a agosto, que não possui feriado, o feriado caiu no meio da semana e puxou uma ponte que pode se estender pela semana inteira. Isso reflete na venda de veículos. O mesmo ocorrerá em outubro, com o dia 12. Por isso o desempenho diário é o maior termômetro para o nosso setor.”
Nesse comparativo a média diária em setembro foi de 9,2 mil unidades, superior à média do mesmo mês em 2021, com 7,4 mil, e também à média de 2021, de 8,4 mil:
“Setembro foi espetacular. Tivemos o oitavo mês de crescimento consecutivo e o quinto mês seguido se superação da média de 2021, quando havia maior indisponibilidade de componentes. Além disso essa é a melhor média diária desde novembro de 2020, exceto meses de dezembro, que sempre contam com números mais elevados”.
No acumulado do ano as 1 milhão 503 mil unidades novas licenciadas ainda estão 4,7% aquém das 1 milhão 577 mil dos nove primeiros meses de 2021. Segundo o presidente da Anfavea, entretanto, essa diferença, que chegou a 12% e a 6% vem caindo à medida que o fim do ano se aproxima. O balanço até setembro supera 2020, quando foram emplacados 1 milhão 374 mil unidades, mas ainda não se aproxima de 2019, 2 milhões e 30 mil.