Além do controle de emissões maior tecnologia embarcada eleva segurança
São Bernardo do Campo, SP – A premissa de que a redução do consumo de combustível é ponto de partida para outras economias é a principal aposta da Mercedes-Benz em sua linha do Euro 6, apresentada à imprensa na noite da quarta-feira, 19. A terceira geração do motor OM 471 de 530 cv, o mais potente da marca, equipa as linhas Actros e Arocs e promete redução de até 8% de combustível com relação aos modelos atuais.
O vice-presidente de marketing, vendas e pós-vendas de caminhões da Mercedes-Benz, Roberto Leoncini, disse que a grande revolução feita no Euro 6 não foi simplesmente de redução das emissões: “Pegamos todas as famílias e mudamos totalmente a eletrônica. Isso traz série de possibilidades quando falamos de sistema de segurança, gerenciamento da informação, velocidade de gerenciamento da informação dos motores para os sistemas. E as novidades resultarão também em economia de combustível, redução de custos operacionais e mais conforto”.
Com mais sensores o veículo auxilia o motorista na tomada de decisões, que se tornam mais rápidas, e com câmbio automatizado a troca de marchas é otimizada, o que resulta no menor consumo de diesel. Movimento que implica, ainda, na diminuição do consumo de óleo, estimada em 20%.
A tecnologia BlueTec 6, que abrange todas as mudanças para atender às normas do Proconve P8, foi desenvolvida no Brasil com o apoio das engenharias de Detroit, Estados Unidos, e Stuttgart, Alemanha. Ela inclui inovações do motor e também do sistema de câmaras que substitui os espelhos retrovisores do Actros, o MirrorCam, agora em sua segunda geração, a mesma apresentada no IAA, feira internacional do setor de transporte.
Leoncini contou que o tamanho dos braços das câmaras foi reduzido em 10 cm, o que ajuda a evitar que o veículo esbarre em objetos na beira da pista ou em manobras, além de ajuda-lo quando ele manobra à ré. As imagens também estão mais nítidas.
Tudo fruto do ciclo de investimento de R$ 2,4 bilhões, iniciado em 2018 e que se encerra em 2022. Embora não tenha sido feito nenhum novo anúncio é aguardada uma possível nova rodada de aportes a partir do ano que vem.
O incremento de tecnologia embarcada junto à garantia de maior entrega se reflete no preço. Segundo Jefferson Ferrarez, diretor de vendas e marketing caminhões da Mercedes-Benz do Brasil, o custo é diferente, a depender da família, mas o aumento da nova linha Euro 6 oscilará de 15% a 20%. Os valores exatos serão divulgados durante a Fenatran, de 7 e 11 de novembro.
O que mudou no Euro 6? – Introduzido no Brasil em 1989 o Proconve, programa de controle de emissões veiculares, chega à oitava atualização, P8, equivalente ao Euro 6. Até o Euro 3 toda a tecnologia era controlada por meio do motor. A partir do Euro 5 passou a ser exigido sistema de pós-tratamento dos gases que são gerados na combustão para reduzir a emissão. E, agora, no Euro 6, a quantidade de requisitos aumentou significativamente.
A tecnologia Bluetec 6 controla 350 itens de monitoramento, enquanto que no Euro 5 eram 150 itens, ou seja, ampliou para mais do que o dobro. Segundo Paulo Jorge I. Santo Antônio, gerente de regulamentação veicular América Latina da Mercedes-Benz do Brasil, isso é feito pelo OBD, sistema de diagnóstico a bordo: após 5 minutos de marcha lenta, por exemplo, o motor desliga sozinho. O que evita consumo desnecessário e reduz emissão de poluentes.
Em caso de falha no sistema foi mantida a emissão de alerta ao motorista via painel, assim como a redução de torque, mas, como novidade a velocidade será reduzida a 20 km/h diante de falha severa ou recorrente.
Quanto ao teste de motor o Euro 6 trouxe novos procedimentos de ensaio, mais complexos e robustos, para validar a tecnologia. Santo Antônio afirmou que a cada seis meses amostragem de veículos em produção será checada a fim de verificar se os motores estão atendendo aos requisitos.
“Um dos maiores desafios do Proconve P8 é quanto à durabilidade das emissões. Temos de garantir que o veículo rode até 700 mil quilômetros ou sete anos, dentro das condições normais de uso e com manutenção de acordo com o manual do proprietário, que continue atendendo limites legais de homologação como se fosse um caminhão zero-quilômetro.”
Laboratório portátil de emissões — O maior ineditismo do Euro 6 está no fato de o veículo também ter de obedecer a limites legais de emissões, o que é mensurado pelo PEMS, laboratório portátil ou laboratório móvel, instalado no caminhão. O processo se inicia com ponto de coleta das emissões de gases na saída de escapamento, conectado com mangueira que vai até o laboratório que está na cabine leito, atrás do banco do motorista: conectado ao computador mede as emissões com o veículo circulando em tráfego normal.
“De agora em diante a Mercedes-Benz terá de recolher veículos de usuários e instalar o PEMS. No teste ele terá de atender aos mesmos limites do que um zero-quilômetro P8.”
Ante o Euro 5 há redução de 80% nas emissões de óxido de nitrogênio, 50% de material particulado e de 72% em hidrocarbonetos, o que significa 35 vezes menos emissões que um veículo com dezoito anos de uso ou cinco vezes inferior quando comparado aos modelos atuais.
O ciclo contabilizou a inclusão 215 novas peças nos motores, mais de 20 mil horas de testes, quase 7 milhões de quilômetros rodados tanto no campo de provas de Iracemápolis, SP, como em ruas e estradas, e desses 2 milhões de quilômetros foram em operações reais de clientes de mineração, em pedreiras, com transporte de madeira e cana-de-açúcar e até no deserto do Atacama, Chile, para testá-lo em grandes altitude. Foram feitos 250 protótipos.