Hortolândia, SP – Enquanto a matriz da Marelli, no Japão, fazia contas e desenhava seu plano de reestruturação de dívidas, até agora bem sucedido, a divisão da América Latina manteve o pé no acelerador. E comemora bons resultados: segundo seu CEO Stefano Sancassani, que não pode revelar números, a receita e a lucratividade obtidos no ano passado foram os melhores da história da empresa, que aqui atua nas áreas de sistemas de iluminação e eletrônicos, powertrain e interiores, dentre outros.
“Foi um ano muito positivo para a Marelli. Seguimos investindo uma parcela do faturamento em pesquisa e desenvolvimento e, por isto, podemos lançar sempre novidades, como recentemente fizemos com os sistemas de iluminação em LED. E teremos mais grandes novidades nos próximos meses.”
Sobre o processo de recuperação judicial, tocado pela matriz, Sancassani disse que teve pouco efeito no Brasil, onde, garante, a Marelli não atrasou pagamento a fornecedores ou colaboradores: “Precisávamos organizar essa questão das dívidas com os bancos, os credores e o processo foi feito”.
Na segunda-feira, 23, a companhia – que foi criada em 2019 a partir de uma fusão da italiana Magneti Marelli, que era da FCA, com a japonesa Calsonic Kansei, que já foi da Nissan – inaugurou em Hortolândia, SP, uma fábrica da divisão de Interior Experience, que produz peças para o interior como cockpits e painéis. Esta área ainda engatinha no País: é originada da parcela asiática da atual Marelli e, portanto, possui poucos contratos locais. O projeto, porém, foi o primeiro em todo o mundo feito a partir das sinergias das duas empresas em fusão: o know-how da Calsonic Kansei e a estrutura física da Magneti Marelli.
Sancassani adiantou que uma importante tecnologia será localizada pela Marelli nos próximos meses, sem entrar nos pormenores. O que, segundo ele, é uma garantia da confiança que a companhia tem no mercado brasileiro apesar do contexto atual: os atos terroristas de 8 de janeiro, segundo ele, preocupam investidores estrangeiros.
“Não no nosso caso: podemos dizer que a Marelli é brasileira. Conhecemos bem o País e torcemos para essa polarização acabar, para que casos como esse não se repitam. Temos a confiança e seguiremos investindo aqui enquanto nossos clientes, as montadoras, ainda acreditarem e trouxerem tecnologias ao País, seguindo nossos planos de localizar ao máximo a produção.”
Hoje a região América Latina, dirigida por Sancassani a partir da Itália, tem no Brasil seus principal mercado. Ele calcula que ela represente em torno de 10% do negócio da Marelli em todo o mundo. O executivo acredita que 2023 será “um pouco melhor do que 2022”, especialmente no que diz respeito à organização da cadeia.
“Acreditamos que teremos mais estabilidade no fornecimento, sem tanta escassez de matérias-primas. Quanto à indústria ainda é cedo para ter segurança em dizer que haverá crescimento na produção, mas a tendência é essa.”