Companhia acumula US$ 300 milhões de lucro EBIT nos primeiros três trimestres
São Paulo – A Ford deverá fechar 2022 no azul na América do Sul após quase dez anos de prejuízos consecutivos. Os últimos cinco trimestres, desde o terceiro de 2021, registraram resultado EBIT positivo e, em 2022, o acumulado dos primeiros três trimestres soma cerca de US$ 300 milhões de lucratividade. A companhia vem fechando o ano no vermelho ao menos desde 2013 e, após a reestruturação na região, na qual encerrou a produção de veículos e motores no Brasil, conseguiu se reencontrar com a lucratividade.
O fim da produção nas fábricas de São Bernardo do Campo e Taubaté, SP, e Camaçari, BA, foi apenas um dos movimentos feitos pela Ford para readequar sua operação sul-americana. O portfólio mais enxuto, focado em SUVs, picapes e utilitários, direcionou a companhia aos segmentos que melhor desempenho – e margens – têm registrado na região, onde não deixou de ser produtora: a picape Ranger ainda é fabricada em General Pacheco, Argentina, com boa dose de conteúdo de fornecedores brasileiros, e o utilitário Transit na fábrica da Nordex no Uruguai.
“Estamos demonstrando solidez na América do Sul, o que nos dá força para pleitear lançamentos com a matriz”, afirmou o presidente Daniel Justo, durante almoço com jornalistas na sede da Ford em São Paulo, na quarta-feira, 14. “São cinco trimestres consecutivos de lucro e um portfólio focado em picapes, SUVs, veículos comerciais e ícones, como o Mustang.”
O Brasil, embora não produza mais veículos, contribui com sua engenharia. São 1,5 mil engenheiros nos centros de desenvolvimento de São Paulo e da Bahia, que, só em 2022, exportarão R$ 500 milhões em serviços. Mas os volumes caíram: neste ano, de janeiro a novembro, foram 18,4 mil emplacamentos, ante 139,3 mil registrados em 2020, o último ano de fabricação local. A rede atual conta com 110 concessionárias.
A fábrica de Pacheco concluiu, este ano, projeto de expansão na qual foi modernizada e teve sua capacidade de produção dobrada. Ali será produzida, em 2023, a nova geração da Ranger, que é o modelo Ford mais vendido no mercado brasileiro.
Do Uruguai saem os modelos que muito têm colaborado com a expansão dos volumes na região: as Transit registraram 1,5 mil emplacamentos de janeiro a novembro. Três dos dez lançamentos programados para o ano que vem são da linha, a Transit câmbio automático, a Transit chassi e a e-Transit, 100% elétrica, que já está em testes com clientes em São Paulo e Buenos Aires.
Para 2023 já estão confirmados os lançamentos, além dos utilitários, das picapes F-150, da Maverick híbrida, da nova Ranger e do esportivo 100% elétrico Mustang Mach-E. Outras três novidades ainda permanecem em mistério.
A eletrificação será o caminho tomado pela Ford nos próximos anos, segundo Justo, que descarta, ao menos por enquanto, o uso de etanol nos modelos – todos os vendidos no mercado brasileiro têm motor à gasolina ou diesel, e agora os elétricos que chegarão em 2023.
Seu objetivo, com todos esses lançamentos, é crescer acima do mercado brasileiro no ano que vem. Sua expectativa, no geral, é de alta de 5% nas vendas, com 2,2 milhões de unidades comercializadas. A projeção dos modelos Ford, porém, preferiu não revelar.