São Paulo – Para a General Motors o futuro, inclusive no Brasil, é 100% elétrico. Seu presidente, Santiago Chamorro, não admite haver planos de desenvolvimento de tecnologias híbrido flex, como em suas concorrentes, e espera ter, em breve, um direcionamento do governo brasileiro para que possa definir a produção local de modelos elétricos.
A expectativa do executivo é a de que já na próxima fase do Rota 2030, que está em formulação pelo governo com auxílio da indústria, as diretrizes da eletrificação do setor automotivo nacional sejam definidas. Assim, pode preparar os próximos passos da GM, que enxerga a possibilidade de tornar o Brasil um hub de exportação de elétricos para a região.
“A visão da GM é a de produzir os veículos nos lugares em que vendemos”, disse Chamorro a um grupo de jornalistas na sexta-feira, 10, antes da apresentação da Chevrolet Montana a concessionários e clientes em São Paulo. “Aqui na região temos um cenário favorável aos elétricos: temos minérios para as baterias, temos um parque industrial estabelecido e a matriz energética é limpa. Em alguns anos podemos converter a região em um polo de produção e exportação e veículos elétricos.”
O presidente da GM América do Sul argumenta que o Brasil precisa tomar a mesma direção de mercados maduros, como Europa e China, que já pavimentaram sua estrada para os elétricos. E que grandes polos exportadores, como México e Coreia do Sul, já começaram a tomar este rumo.
“Ir na vanguarda é o contrário de fechar portas: precisamos abraçar as possibilidades e estudar mecanismos para a industrialização de veículos elétricos na região. Não será uma transição rápida, ainda levará um tempo. Mas acredito que o Rota 2030 abrirá as possibilidades para a eletrificação”.
Chamorro defendeu, também, a manutenção do imposto de importação zerado para os veículos 100% elétricos, em sentido oposto à Anfavea, que acredita ser melhor um retorno gradual da alíquota para estimular a industrialização. Segundo ele o retorno do imposto seria inibidor para as novas tecnologias: “Precisamos manter as portas abertas enquanto não chegamos lá”.
O executivo não precisou quando a companhia poderá produzir seu primeiro veículo 100% elétrico nacional. Para isto, ele disse, é preciso haver aumento de escala que justifique a produção local. Enquanto isso seguirá importando modelos – a companhia já vende no mercado local o Chevrolet Bolt e lançará nos próximos meses o Bolt EUV, a Blazer EV e o Equinox EV.
“Nossas pesquisas internas mostram que o brasileiro deseja ter um carro elétrico. Portanto acreditamos que o volume poderá crescer rapidamente.”
A industrialização também terá crescimento gradual, acredita Chamorro: de início componentes chegariam importados, especialmente as baterias, para que sejam montados aqui em operação CKD. Após este passo a nacionalização cresceria.
Por fim a visão de Chamorro, com base em estudos, é a de que até 2025 os veículos 100% elétricos, com o crescimento da escala, terão custo de produção similares aos de modelos a combustão, que, com o maior rigor das legislações, também encarecerão. É aí que se justificará a equação para a produção local.