Receita de exportações e de operações no Exterior cresceu 49% em 2022
São Paulo – Com a produção de oito fábricas no Exterior e exportações das três unidades industriais no Brasil a Marcopolo somou receita líquida de R$ 2,2 bilhões em 2022, em crescimento de 49% sobre 2021, equivalente à participação de 41% no faturamento total da companhia, de R$ 5,4 bilhões no ano passado.
O resultado ratifica a importância crescente das operações internacionais nos negócios da Marcopolo, iniciadas no fim dos anos 1990, e consolida a empresa encarroçadora de ônibus na lista das maiores do mundo. Mais do que isto, em momentos de crises e quedas das vendas no Brasil, a companhia consegue compensar as perdas com exportações e produção no Exterior, o que não foi possível nos últimos três anos porque a crise, com a pandemia de covid-19, foi global.
Das 14,7 mil unidades produzidas em 2022, somando carrocerias e ônibus completos, quase 2 mil foram montadas em fábricas no Exterior, em queda de 18% sobre 2021, mas o faturamento dessas operações, de R$ 1,2 bilhão, cresceu 14,3% com a venda de produtos de maior valor agregado.
Já as exportações de 2,1 mil unidades – cerca de metade dos ônibus exportados por empresas no Brasil – representaram 16,5% da produção nacional da Marcopolo, de 12,8 mil veículos nas duas fábricas de Caxias do Sul, RS, e uma em São Mateus, ES. O volume de vendas para outros países cresceu 14%, mas as receitas saltaram 57% na comparação com um ano antes, para R$ 1 bilhão.
Planejamento eficiente
Para André Armaganijan, diretor de negócios internacionais da Marcopolo – que a partir de abril será o novo presidente da empresa –, o bom desempenho no Exterior é devido não só à retomada dos mercados de ônibus no mundo após as severas restrições impostas pela pandemia mas, também, ao trabalho de planejamento para identificar e aproveitar as oportunidades.
Dos fatores que mais contribuíram a favor do resultado positivo o executivo cita o início das exportações de ônibus da Geração 8, de carrocerias rodoviárias, bem como o amplo e diversificado portfólio de produtos, que compensou quedas em certos segmentos com alta na demanda de outros.
“O ano passado marcou o início da recuperação de anos anteriores de fortes quedas. Tivemos bom desempenho dos modelos rodoviários e urbanos, o que compensou a queda de vendas no segmento de micro-ônibus, que é muito importante para nós com as linhas Volare e Senior.”
Foi bom mas podia ser melhor. Armaganijan observa que no começo de 2022 a covid-19 ainda dava saltos de infecção e era preocupação relevante em muitos mercados, o que acabou atrasando a recuperação, consolidada somente no segundo semestre. Também limitou a produção a falta de semicondutores, que causou atrasos nas entregas de chassis para encarroçamento.
“Só conseguimos retomar rapidamente as vendas porque temos presença contínua há anos em muitos mercados internacionais e oferecemos uma ampla gama de produtos. Desta forma sempre aproveitamos a demanda onde ela aparece. Mas ainda não vimos todo este potencial acontecer.”
A Marcopolo mantém fábricas em seis países: África do Sul, Argentina, Austrália – lá são três –, China, Colômbia e México. No Canadá e nos Estados Unidos tem participação acionária na NFI, uma dos maiores fornecedores de ônibus da América do Norte.
Grandes negócios internacionais
Ainda que longe do pico de 2018, quando o mercado externo consumiu 5,8 mil unidades exportadas e produzidas no Exterior, a Marcopolo conseguiu fechar grandes negócios internacionais em 2022, em ritmo que segue acelerado em 2023.
O maior contrato de exportação do ano passado, de 391 ônibus, foi fechado com o sistema de transporte público Red Movilidad, de Santiago, no Chile, para o qual a Marcopolo já vendeu cerca de 1 mil modelos urbanos desde 2018.
Na América do Sul os negócios também vão bem na Superpolo, operação da Marcopolo na Colômbia, primeira unidade no Exterior a montar carrocerias rodoviárias da Geração 8. No segmento urbano a empresa tem grande participação no mercado colombiano e irá montar quatrocentos ônibus sobre chassis elétricos.
Armaganijan também cita o grande potencial de crescimento na África, onde vários países com grandes populações estão estruturando seus sistemas de transporte urbano, como é o caso da Nigéria com seus 200 milhões de habitantes.
A Marcopolo centraliza na África do Sul a produção de carrocerias para diversos países africanos que adotam a mão direita de direção, principalmente ex-colônias inglesas: “A região ganhou importância e estamos alocando pessoal próprio nesses países para dar consultoria aos projetos de infraestrutura de transportes”.
Na China, apesar do enorme mercado, a Marcopolo prefere manter a fábrica somente para exportação para países asiáticos: “Para vender lá precisaríamos nos associar a um parceiro local para participar de um mercado que está em queda e é muito competitivo e diluído, dividido por vários fabricantes. Então preferimos só aproveitar os fornecedores do país e exportar com preços competitivos.”
Com o mundo livre das amarras da covid, em 2023, o executivo avalia que os negócios internacionais da Marcopolo poderão crescer mais. Com a esperada queda de vendas no Brasil, por causa do início da comercialização de ônibus mais caros com motorização Euro 6, as exportações e produção no Exterior poderão ganhar mais peso nas receitas.
Novos campos
Um novo campo de atuação em expansão é o encarroçamento de chassis elétricos, que começam a ganhar volume no mundo. Além de já ter negociado ônibus elétricos na Colômbia a empresa também tem veículos em testes no México e Chile.
O Attivi, modelo elétrico com chassi e carroceria projetados pela própria Marcopolo, ainda não tem carreira internacional e por enquanto seguirá sendo produzido só no Brasil para o mercado doméstico, onde já foram negociadas cem unidades para entrega no segundo semestre: “Nós não tínhamos esta solução para oferecer e perdemos negócios para empresas asiáticas, por isso decidimos ter um elétrico próprio”.
Outro novo negócio em gestação no Exterior é a produção, na unidade de Monterrey, no México, do Grand Executive, micro-ônibus para fretamento executivo que deverá ser exportado para os Estados Unidos. O projeto foi desenvolvido em parceria com a Creative Bus Sales, maior rede de concessionárias de ônibus do país. O modelo foi apresentado na CD/NLA Vegas Show, em Las Vegas, no início de março. É montado sobre chassi Ford F59, com motor de 7,3 litros, e transporta até 32 passageiros.