São Paulo – Na contramão do cenário que domina o setor automotivo, marcado por queda das vendas de 0 KM devido ao crédito escasso e aos juros elevados – que, inclusive, tem resultado na suspensão de turno de produção de fabricantes de caminhões como Scania e Mercedes-Benz – a Volkswagen contratará cem trabalhadores temporários em sua fábrica de São Bernardo do Campo, SP, por causa do aumento da demanda pela picape Saveiro.
Dados da Fenabrave mostram que no primeiro trimestre foram emplacadas 7 mil 442 unidades da Saveiro, o que a coloca como quarta mais vendida na lista de comerciais leves, atrás de Fiat Strada, 23 mil 772, Fiat Toro, 12 mil 79, e Toyota Hilux, 10 mil 611.
Em março foram comercializadas 2 mil 637 unidades da Saveiro, que figurou como a sexta no ranking. No entanto, quando consideradas apenas as picapes pequenas, ela vai ao pódio, na segunda posição, atrás apenas da Fiat Strada, com 9 mil 928 vendas. O mesmo vale para o comparativo no trimestre.
Para informar os funcionários dos dois turnos de produção sobre a negociação realizada com a montadora o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC realizou assembleia, no fim da tarde de quinta-feira, 6.
“Diferentemente do cenário de queda na produção e nas vendas de outros modelos, inclusive da própria Volkswagen, aqui na Anchieta há uma previsão de aumento na produção de Saveiro, pois o mercado tem pedido mais por esse tipo de veículo”, afirmou o diretor administrativo da entidade, Wellington Damasceno.
A Volkswagen confirmou que a contratação temporária de cem funcionários, até o dia 31 de dezembro de 2023, foi negociada com o sindicato e que atenderá a uma demanda específica de produção.
Damasceno completou que, para compensar esse aumento de produção alguns profissionais também serão remanejados para a linha da Saveiro que, vale lembrar, tem sido menos afetada pela crise dos semicondutores do que outros veículos da marca, pelo fato de demandar menor volume de chips.
A notícia do reforço na fábrica do ABC, inclusive, ocorre em meio a paradas na produção da Volkswagen em três de suas quatro operações no País por causa da demanda fraca, prejudicada pelo menor poder de compra do consumidor frente à inflação alta, à dificuldade na obtenção de crédito e dos juros recorde, em quase 30% ao ano, além da instabilidade no fornecimento de componentes.
Atualmente a unidade da Anchieta é a única que continua com suas linhas funcionando. A fábrica conta com 8,2 mil funcionários, sendo cerca de 5 mil no chão de fábrica.