Centro de engenharia e campo de provas já fazem testes e homologações com modelos que serão vendidos na América do Sul
São Paulo – A General Motors colocou sua estrutura de engenharia instalada no País a serviço do desenvolvimento, de testes e homologações de carros elétricos. Segundo Santiago Chamorro, presidente da empresa na América do Sul, para além de vender na região modelos a bateria importados este é o passo inicial para participar do plano global de eletrificação da companhia, que coloca todas as suas fichas nos veículos 100% elétricos, sem passar pelos híbridos.
Conforme antecipado no ano passado a GM pretende ampliar seu portfólio de modelos elétricos no Brasil e outros países sul-americanos como Chile e Colômbia. Após iniciar as vendas do novo Chevrolet Bolt EV no mercado brasileiro, em setembro, Chamorro confirmou que já estão em testes no País os próximos quatro da fila de elétricos a serem lançados até o fim de 2024: a versão SUV Bolt EUV, a nova Blazer EV, o SUV Equinox a bateria e mais um veículo a ser revelado “mais adiante”, segundo o executivo.
Todos estes veículos já passaram ou estão passando por testes, adaptações e homologações para venda em mercados sul-americanos no Campo de Provas da Cruz Alta, em Indaiatuba, SP, e no Centro Tecnológico de São Caetano do Sul, SP.
Além das facilidades já instaladas nestas unidades, como pistas e laboratórios que a GM utiliza regularmente para desenvolver seus carros para o Brasil e outros países, foram incorporados novos equipamentos e ensaios específicos para projetos de elétricos. Também estão envolvidos nos investimentos recentes os 250 engenheiros contratados no fim de 2021 para reforçar a equipe do Centro Tecnológico em São Caetano, que exporta serviços de engenharia para outras unidades da companhia em vários países.
A GM não divulgou o valor específico já investido no campo de provas para testar e adaptar seus modelos elétricos, mas afirma que os aportes fazem parte do pacote de investimentos nas unidades paulistas da empresa, de R$ 10 bilhões, anunciado em 2019 para cobrir o período até 2025 – mas Chamorro admite que o programa possivelmente acaba antes disso e um novo ciclo deverá ser anunciado.
Do discurso à prática
Os novos Chevrolet a bateria que estão chegando agora ao Brasil fazem parte da vistosa ofensiva global de eletrificação da GM, que atualmente executa investimentos de US$ 35 bilhões para lançar trinta novos modelos elétricos até 2025.
“Pouco tempo após o lançamento lá eles já estão chegando aqui”, disse Chamorro, que assim pretende colocar em prática o discurso adotado há cerca de dois anos com foco único nos BEVs, Battery Electric Vehicles.
Apesar do discurso 100% elétrico a GM tem hoje no Brasil somente uma oferta de carro elétrico, o Bolt EV, menos do que concorrentes que não demonstram a mesma ênfase nos BEVs. Chamorro garantiu que este cenário começa a mudar a partir deste ano com a intensificação de lançamentos.
Ele justificou: “Os concorrentes adaptaram carros que já existiam para serem elétricos enquanto a GM preferiu investir na plataforma Ultium específica para veículos elétricos, com mais tecnologia dedicada. Demoramos um pouco mais, mas estamos sendo rápidos agora”.
Segundo Chamorro a Chevrolet já tem 78 concessionárias no País preparadas para dar assistência a carros elétricos.
O presidente da GM América do Sul avaliou que os carros construídos sobre a nova base deverão popularizar os elétricos, pois a Ultium já reduziu os custos das baterias em cerca de 40% e aumentou a autonomia. Com isto os modelos estão ficando mais baratos e mais próximos dos veículos a combustão.
Apesar da multiplicação de lançamentos de elétricos a GM ainda não tem planos concretos para produção deles no Brasil. Chamorro entende que isto deverá acontecer até o fim desta década, pois o País não poderá ficar indefinidamente descolado do plano global da companhia, que pretende abandonar os veículos a combustão a partir de 2035.
Enquanto não houver escala suficiente para produzir aqui o executivo propôs a manutenção da atual isenção do imposto de importação para veículos elétricos – que o governo brasileiro pretende retomar gradualmente a partir do segundo semestre.
Chamorro afirmou que a GM, com sua posição 100% pró-elétricos, não está em conflito com os demais associados da Anfavea, que reúne os fabricantes instalados no País, na qual o discurso é de maior favorecimento aos carros flex a etanol, aos híbridos flex e à retomada da taxação dos elétricos para estimular a produção nacional.
“Não estamos brigando mas defendemos intensamente nossa posição de apoiar a tecnologia que entendemos ser mais avançada, defendemos a transição direta para os elétricos porque eles são mais eficientes. Como uma associação a Anfavea deve apoiar políticas abrangentes, que não vão beneficiar só alguns de seus sócios.”