São Paulo – A Volkswagen anunciou paradas na produção de três de suas quatro fábricas no Brasil. Apenas a unidade de São Carlos, SP, que produz motores, não será afetada, ao menos por enquanto: na Anchieta, em São Bernardo do Campo e em Taubaté, SP, e em São José dos Pinhais, PR, medidas de ajustes da produção foram informadas aos trabalhadores.
Em nota a empresa credita à “estagnação do mercado” o motivo das paradas, ainda que o governo tenha, nas últimas semanas, liberado R$ 500 milhões em incentivos para estimular a compra de veículos 0 KM, com descontos que vão de R$ 2 mil a R$ 8 mil para modelos de até R$ 120 mil.
Na semana passada o chairman da Volkswagen na América Latina, Alexander Seitz, disse que a medida do governo, no fim das contas, não promoveria crescimento porque o varejo, por um lado, antecipou suas compras, só que, por outro, pessoas jurídicas, como locadoras, ficaram de fora do programa, embora tivessem apetite. À espera de serem incluídas na iniciativa, o que ainda não aconteceu, colocaram o pé no freio das compras.
Embora Seitz não tivesse confirmado paradas na montadora assinalou que quando “acabasse a festa” dos descontos a indústria teria problemas com estoques e necessidades de lay-off. Foi dada a largada.
Em São José dos Pinhais, PR, onde é fabricado o T-Cross, desde 5 de junho foi estabelecido lay-off de dois a cinco meses para um turno de produção. A partir da segunda-feira, 26, até o dia 30, o outro turno também ficará suspenso em regime de banco de horas.
Na planta de Taubaté, SP, de onde saem Polo Track e o Polo, os dois turnos estão interrompidos também ao longo desta semana, de 26 a 30 de junho, da mesma forma, com desconto no banco de horas. Na unidade da Anchieta, em São Bernardo do Campo, foram protocoladas férias coletivas de dez dias para os dois turnos de produção a partir de 10 de julho. Ali são produzidos Polo, Nivus, Virtus e Saveiro.
Segundo a empresa todas as ferramentas de flexibilização estão previstas em acordo coletivo firmado pelos sindicatos dos trabalhadores com os funcionários da Volkswagen.
Presidente do Sindmetau, de Taubaté, SP, Claudio Batista, o Claudião, assinalou que o setor aguardava redução dos juros e que, ao seu ver, dessa forma, seria consolidado o aquecimento das vendas proporcionado pelo programa do governo aos carros populares:
“As medidas foram importantes, mas precisavam ser complementadas
com a redução da taxa de juros. Infelizmente não ocorreu. Este índice de 13,75% dificulta a situação do setor automobilístico e a venda de produtos financiados.”
Opinião é partilhada pelo secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Jamil D’Avila. Ele acredita que com os juros nas alturas outras montadoras também deverão reduzir seus volumes de produção. “Há algum tempo a gente vem protestando na porta das fábricas contra a alta taxa de juros, pois, se o crédito não for viabilizado, o consumo não aumentará, mesmo com a medida do governo de dar descontos nos carros. Isso não resolverá o problema. E, provavelmente, teremos mais contratempos pela frente.”