São Paulo – A greve nas três maiores fabricantes de veículos dos Estados Unidos, as Big Three, as Três Grandes ou as Três de Detroit, que são Ford, General Motors e Stellantis, iniciada em 15 de setembro, entrou em seu vigésimo-primeiro dia sem acordo. É a primeira vez na história que essas companhias são paralisadas ao mesmo tempo.
A ação dirigida pelo UAW, United Auto Workers, sindicato que representa os cerca de 150 mil metalúrgicos dessas empresas, busca reajustes salariais de dois dígitos de forma escalonada, redução da jornada de trabalho, elevação dos pisos do chão de fábrica, diminuição do volume de contratos temporários e a recuperação de benefícios perdidos ao longo dos últimos quinze anos, desde a crise econômica internacional.
Além de realizar paradas em fábricas destas três montadoras sem aviso prévio, a fim de dificultar a conclusão da montagem dos veículos, a iniciativa tem abarcado também funcionários de fornecedores da cadeia automotiva, a exemplo da ZF. Além disso o UAW tem apoiado paralisações em outros setores da economia, a exemplo de profissionais da saúde.
Quanto às fabricantes de veículos a última vez que o presidente do UAW, Shawn Fain, manifestou-se dirigindo-se a uma delas foi no fim de setembro, em declaração como resposta a aviso da Ford sobre pausar a construção de sua fábrica de baterias Marshal EV.
Fain disse que se trata de “ameaça vergonhosa e mal velada da Ford de cortar empregos”. E ele continuou lembrando que nas duas últimas décadas as Big Three fecharam 65 fábricas e que agora querem ameaçar o sindicato com o encerramento de unidades que sequer foram abertas:
“Estamos simplesmente pedindo transição justa para a eletrificação e a Ford está, em vez disso, duplicando sua corrida para o fundo do poço.”
No início da greve a empresa colocou seiscentos funcionários em layoff em uma fábrica de Michigan.
Dentre os pleitos do UAW estão o aumento de 40% ao longo dos próximos quatro anos sobre o valor da hora, que varia de US$ 18 a US$ 32, a redução da jornada de trabalho de 40 horas para 32 horas semanais e, ainda, que as montadoras voltem a oferecer subsídio que proteja os empregados da inflação ao auxiliar no enfrentamento do custo de vida, pensões tradicionais que reforcem a aposentadoria e cobertura de saúde dos aposentados.
O aviso de greve foi emitido no fim de agosto, quando o sindicato ainda tentava negociar com as Três Grandes de Detroit, sem sucesso.