São Paulo – A Volkswagen decidiu suspender a aplicação de layoff prevista para começar em junho em sua fábrica de Taubaté, SP, onde é produzido o Polo Track, versão de entrada do modelo. No início do mês a montadora havia informado que oitocentos funcionários teriam seus contratos de trabalho suspensos pelo período de dois a cinco meses e que, portanto, a unidade operaria apenas em um turno.
Procurada a empresa justificou que “o motivo é o ajuste da produção a uma demanda pontual do mercado”, sem especificar qual seria.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região, por sua vez, afirmou que a entrada em vigor da medida foi apenas postergada em um mês, e que em vez de 1º de junho será adotada a partir de 1º de julho.
De acordo com o presidente da entidade, Cláudio Batista, o Claudião, isso se deveu à sinalização do governo federal acerca de novo programa para o setor automotivo, dedicado a carros populares de entrada:
“O movimento sindical e a Anfavea têm discutido com o governo a questão do carro popular. Diante do avanço dessas discussões, que envolvem tributação e outras questões para alavancar o setor, a Volkswagen está adiando o início do layoff para o dia 1o de julho”, disse, ao destacar que essa nova data poderá passar por ajustes, conforme o andamento das negociações envolvendo a iniciativa.
Debates em torno do carro verde, o popular de entrada, tiveram início durante o Seminário Macrotendências 2023, realizado por AutoData, em março. No mês seguinte, a diretora do departamento de desenvolvimento da indústria de alta-média complexidade tecnológica do MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Margarete Gandini, admitiu que o governo está discutindo a volta do carro popular e que começou a fazer simulações internas de CO2.
E, há poucos dias, Bruno Hohmann, vice-presidente comercial da Renault do Brasil, contou que comitiva da montadora esteve em Brasília, DF, com o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, assim como com Gandini, e um dos assuntos da pauta foi justamente o carro de entrada. Segundo Hohmann outras fabricantes também fizeram esse mesmo caminho. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se manifestou dizendo que não faz sentido ter carros de entrada de R$ 90 mil.
O movimento tem ganhado força frente à crise de demanda pela qual atravessa a indústria automotiva brasileira, que vê nos juros altos e no crédito escasso seu principal vilão. No início da semana a Anfavea divulgou que desde o início do ano treze fábricas já pararam a produção, sendo que nove foram em abril.