Nova geração da picape média começa a ser vendida no Brasil nas versões de topo com mais tecnologia e preços altos
Tatuí, SP – Com a Ranger a Ford fez o que se pode chamar de subir a régua. O desenvolvimento da terceira e 100% nova geração da picape média – no qual a equipe brasileira de engenharia teve participação ativa – acrescentou evoluções significativas ao veículo: design, tecnologias de condução, potência e motorização, conforto a bordo, conectividade, espaço interno, suspensão, comportamento dinâmico, capacidade off-road e até serviços ao clientes, tudo evoluiu para melhor.
A Ford começou nesta quinta-feira, 22, a aceitar encomendas de clientes brasileiros apenas para as duas versões de topo da nova Ranger, XLT e Limited, ambas equipadas com a nova motorização turbodiesel Lion V6 de 250 cavalos, importado da Inglaterra, e câmbio automático de dez marchas – o mesmo já utilizado no Mustang – que vem dos Estados Unidos e tração integral 4WD de comutação automática nas quatro rodas.
A XLT é vendida por R$ 290 mil e a Limited por R$ 320 mil, ou R$ 340 mil se o cliente quiser o pacote completo de opcionais que inclui rodas de liga leve de 20 polegadas, em vez de 18, e sistemas de assistência avançada ao motorista como controle adaptativo de velocidade ACC com modo para-e-anda, assistência de permanência em faixa e de manobras evasivas, além de quadro de instrumentos digital de 12,4 polegadas, em vez de 10.
Cinco versões só em agosto
Até o dia 26 a pré-venda estará aberta somente para quem já for cliente da Ford e depois os demais interessados podem fazer a reserva da Ranger, com promessa de entrega de um a dois meses. Só no fim de agosto está prevista a chegada de todas as cinco versões da picape às 115 concessionárias Ford no Brasil.
Somente pouco antes disso serão divulgados os preços das três opções mais baratas, todas elas equipadas com o também novo motor turbodiesel Phanter 2.0 de 170 cv, que vem da Índia. São duas XLS com opção de tração 4×2 ou 4×4 e transmissão automática de seis velocidades, importada da Ford nos Estados Unidos, e a XL 4×4 com câmbio manual de seis marchas que vem da China.
A Ford espera que em torno de 60% dos pedidos se concentrem nas duas versões V6 LTD e XLT topo de linha, que concorrem com SUVs de luxo e têm público certo no meio de clientes enriquecidos pelo agronegócio que ostentam picapes luxuosas como veículo de uso pessoal. As opções XLS 4×2 e 4×4 com motor 2.0 devem dividir por igual 20% das vendas, mais procuradas para uso misto pessoal/profissional.
Já a mais rústica XL com câmbio manual e rodas de aço deve ficar com os restantes 20% da demanda. Ela será indicada estritamente para uso profissional e passará a integrar o portfólio no País da Ford Pro, divisão dedicada à venda de veículos comerciais leves que também comercializa a família de vans Transit. Para esses clientes a Ford promete o maior retorno financeiro, custo total de propriedade 20% menor do que os concorrentes, economia em torno de R$ 100 mil a cada 200 mil quilômetros.
Aposta em crescimento
A Ford não divulga suas expectativas comerciais mas confia que as evoluções aplicadas devem garantir mais do que o terceiro lugar no segmento hoje ocupado por seis picapes médias no País, todas com carrocerias construídas sobre chassis.
Mesmo antes da renovação, no ano passado e nos primeiros cinco meses de 2023, os emplacamentos da Ranger já vinham crescendo no País onde já foram vendidas 1,1 milhão de unidades, desde 1994. De janeiro a maio foram emplacadas 6,9 mil Ranger, garantindo a terceira posição com participação de quase 15% nas vendas da categoria, atrás da segunda colocada Chevrolet S10 com 11,4 mil emplacamentos e 24,5% do mercado e da há alguns anos líder imbatível Toyota Hilux, que emplacou 17,8 mil e abocanha 38,3% de market share.
A confiança na evolução do produto é tanta que para apresentar a nova Ranger a um grupo de jornalistas no Campo de Provas de Tatuí, SP, a Ford comprou e colocou lado a lado exemplares equivalentes topo de linha das principais picapes concorrentes: Toyota Hilux SRX, Chevrolet S10 2.8 High Country e Volkswagen Amarok V6 4Motion. Todos os veículos podiam ser avaliados nas pistas junto com a versão completa da Ranger V6 LTD, que carregava todos os opcionais tecnológicos possíveis.
Demonstrando muita convicção em se dizer superior à concorrência, claro que nenhuma empresa arriscaria promover tal comparação com outros competidores se não tivesse certeza da superioridade do produto que concebeu, como observou Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford América do Sul: “A nova Ranger vem redefinir o segmento, com novo patamar de robustez, tecnologia e experiência do consumidor. A qualidade do produto é o nosso diferencial competitivo”.
Qualidades
Em Tatuí a Ford demonstrou, em princípio, a Ranger LTD V6 com todas as suas qualidades– e elas são muitas para justificar o alto preço de R$ 340 mil com todas as tecnologias embarcadas. Mas o design básico e o espaço e conforto da cabine dupla, idênticos para todas as versões, evoluíram para melhor em toda a linha da picape.
O chefe de design Fábio Sandrin destacou que a nova geração da Ranger foi desenhada com cantos agudos, capô elevado e faróis em formato de C para ganhar uma aparência “mais atlética” na comparação com a geração anterior. Reforçam este aspecto as rodas de liga leve de 20 polegadas – opcional disponível somente para a LTD, o equipamento standard é de 18 polegadas.
Mas não é só aparência: a Ranger de fato cresceu por todos os lados, na altura de 1m89, no comprimento de 5m37, no entre-eixos de 3m27, 5 centímetros maior, e na largura de 1m91, para configurar bitola das rodas de 1m62, mais 2,5 centímetros para cada lado, e assim garantir maior estabilidade.
Estas medidas garantiram ganho dimensional de 5% no interior da cabine dupla, com bancos traseiros mais baixos e reclináveis, amplo espaço para as pernas e boa altura do teto que não bate na cabeça de quem vai atrás, como em outras picapes concorrentes. A caçamba também ganhou espaço, aumentou de 1 mil 190 para 1 mil 250 litros.
“Muitos dos clientes de picapes não querem só mais um veículo robusto. Também procuram por conceitos de design, tecnologia e conforto de um SUV, um segmento com o qual a Ranger se relaciona melhor hoje”, afirmou Sandrin ao apontar aspectos como o caimento mais inclinado do para-brisa, que deixa aerodinâmica e silhueta parecidas com as de um SUV, assim como a cabine espaçosa e luxuosa com bancos revestidos em couro, que ostenta itens tecnológicos como quadro de instrumentos digital, alavanca eletrônica do câmbio automático e a enorme tela tátil de 12 polegadas, no melhor estilo Tesla, instalada na vertical no painel – esta exclusiva da versão LTD, nas demais a tela é de 10 polegadas.
Muitas tecnologias
Por falar em tecnologias, elas abundam na Ranger, garantiu Rogelio Golfarb: “Adotamos avanços tecnológicos que nenhum outro veículo da categoria oferece no Brasil hoje”.
Segundo Gilmar de Paula, engenheiro chefe da plataforma que participou do desenvolvimento da terceira geração da picape, a nova arquitetura eletroeletrônica do veículo tem 36 módulos de gerenciamento conectados em rede com 22 sensores – doze deles especiais de ultrassom –, três radares, cinco câmaras, 22 botões de comando, um microfone e sete antenas para captar e transmitir sinais de GPS, modem embarcado e rádio. Com isto os módulos podem ser atualizados on-line, sem precisar ir à concessionária.
Toda essa parafernália eletrônica comanda sistemas avançados de assistência, segurança, conforto e infoentretenimento, de série nas versões V6, incluindo alerta de colisão, frenagem automática de emergência, sete airbags, assistência de partida em rampas, controle eletrônico de estabilidade, farol alto automático, controle de velocidade de cruzeiro, limitador de velocidade, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, câmara de ré, reconhecimento de sinais de trânsito, multimídia Sync 4 com conexão sem fio para smartphones.
Também há o pacote opcional que inclui ACC, câmara 360 graus, alerta de tráfego cruzado em marcha à ré com detecção de pedestres, monitoramento de ponto cego, assistente de permanência e centralização em faixa, assistente de manobras evasivas e de cruzamentos.
Com o pacote completo a Ranger LTD tem seis modos de condução acionados eletronicamente na tela central do painel, para controlar automaticamente tração, câmbio, direção e aceleração: o motorista pode escolher os modos Normal em uso padrão 4×2, Eco 4×2 para privilegiar economia de diesel, Reboque para puxar carretinhas ou trailers de até 3,1 toneladas, Escorregadio para superfícies de baixo atrito, e dois modos 4×4 Off-Road, para rodar sobre lama e terra ou areia, evitando atolamentos.
Assim como outros veículos da Ford a Ranger também é conectada ao smartphone do proprietário pelo sistema Ford Pass, que emite alerta de roubo, dá partida remota para climatizar a cabine, verifica luzes à distância, monitora pressão dos pneus, nível de combustível e também pode alertar sobre falhas ou troca de óleo e agendar serviços de manutenção, dentre outras funcionalidades.
É tanta coisa que a Ford criou em suas concessionárias a figura do Ranger Expert, um especialista no veículo incumbido de explicar aos interessados todas as dúvidas e funções da nova picape.
Alto desempenho
Nas pistas de asfalto de alta e baixa velocidades do Campo de Tatuí o desempenho e comportamento dinâmico da nova Ranger são admiráveis. Na cabine quase não se ouve o barulho do motor, as trocas de marchas do câmbio automático de 10 velocidades são praticamente imperceptíveis, enquanto o turbodiesel V6 de 250 cv e torque máximo de 600 Nm garante condução bastante veloz e estável. Freios a disco nas quatro rodas, os maiores do mercado, garantem paradas seguras.
A nova suspensão é bem acertada, a picape absorve as imperfeições mesmo nas estradas de terra, e o conjunto chassi-cabine usa materiais 30% mais resistentes às torções: não se ouve estalos nem nas condições mais adversas fora-de-estrada.
O projeto da nova Ranger imprimiu ainda mais capacidade off-road, em uma combinação de robustez construtiva com medidas avantajadas para enfrentar qualquer terreno, como a altura livre do solo de 23,5 centímetros que permite atravessar áreas alagadas com até 80 centímetros de imersão, e os aumentados ângulos de entrada e saída.
A Ford preparou um pesado percurso off-road no campo de Tatuí no qual só a Ranger conseguiu passar por todos os obstáculos – as concorrentes já mencionadas ficaram atoladas. A condução fora-de-estrada é muito facilitada pelas assistências eletrônicas do veículo.
Em baixas velocidades nos modos de condução off-road a tela central se divide em duas: a parte superior mostra imagens da câmera frontal com trilhas virtuais de direção – muito útil para transpor terrenos acidentados e rampas de até 45 graus de inclinação nas quais o motorista só enxerga o céu – e na metade inferior estão todos os controles de condução.
Com tantas evoluções, do ponto de vista técnico, a Ford colocou em seu portfólio um produto de nível superior que atende ao seu planejamento de se transformar em empresa importadora no Brasil, que vende muito menos e lucra muito mais. Agora é só deixar o marketing trabalhar para conquistar mais vendas rentáveis.