São Bernardo do Campo, SP – Para além da transição energética tecnológica na indústria automotiva, liderada por montadoras e seus fornecedores, representantes sindicais se preocupam com a preservação dos empregos na cadeia envolvida na produção de veículos. Em debate no Seminário Transição Energética e Descarbonização para Mobilidade, realizado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, SP, Wellington Damasceno, seu diretor executivo, deu exemplo de países que estão mais avançados no processo de eletrificação e que reuniram governo, sindicatos, montadoras, fornecedores e universidades para, em conjunto, seguir um rumo neste sentido.
“Na Alemanha, por exemplo, o sindicato lidera as discussões sobre a mão de obra qualificada do futuro para entender o que é necessário e preparar funcionários que já trabalham na indústria automotiva.”
No Brasil uma alternativa sugerida por Damasceno é a negociação coletiva, envolvendo sindicato, indústria e governo, para que seja possível manter os postos de trabalho. Ele pondera, no entanto, ser necessário ampliar a cadeia de fornecimento dos veículos eletrificados para que a indústria importe menos componentes e, caso o número de empregos seja reduzido nas montadoras, seja possível realocar os trabalhadores em novos fornecedores, dando o treinamento necessário.
Denis Eduardo Andia, secretário nacional de mobilidade urbana do Ministério das Cidades, propôs e defendeu a inclusão dos trabalhos na discussão sobre as mudanças que o futuro da mobilidade trará, afirmando que a manutenção dos empregos não pode estar descolada da transição energética que o País já está passando e passará nos próximos anos.
O presidente do sindicato, Moisés Selerges, afirmou disse que o debate já existe no País, pois um modelo 100% elétrico é composto por menor número de componentes, o que pode trazer impactos negativos para os trabalhadores no futuro: “A discussão sobre a transição energética tem que andar junto com o debate sobre a manutenção dos empregos”.
Loricardo Oliveira, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, Central Única dos Trabalhadores, levantou outro ponto: se o Brasil desenvolverá a sua indústria de transformação local ou se será um exportador de matéria-prima para que outros países produzam e mandem os componentes para o País, como as baterias usadas nos veículos eletrificados: “Outra questão é o descarte de baterias: como vamos nos estruturar?”.
O evento foi considerado de extrema importância por Aroaldo Oliveira, presidente da IndustriALL e diretor do sindicato, porque os trabalhadores precisam entender cada vez mais sobre o tema para poder debater e se posicionar, defendendo seus postos de trabalho durante a transição da matriz energética.