São Paulo – O uso de diversos tipos de combustíveis com menor emissão de poluentes será a tendência para a descarbonização da indústria automotiva no Brasil. Esta é a visão de Ricardo de Abreu, consultor para assuntos de mobilidade da Unica, União da Indústria de Cana-de-Açúcar, que participou do primeiro dia do Seminário Megatendências 2024, organizado por AutoData de 19 a 20 de março.
O executivo propôs a criação de programa que consolide toda esta visão, usando motores de combustão interna abastecidos com biocombustíveis. Em um segundo passo podem ganhar um sistema híbrido leve com o uso de um alternador de 48V, por exemplo. Depois disto é preciso definir, de forma clara, qual será a rota tecnológica: “A criação de um híbrido tradicional produzido em série pode ser uma boa alternativa para o próximo passo, como já vemos em alguns mercados”.
Abreu também lembrou que o uso de biocombustíveis não demanda grande rede de recarga como é preciso com os elétricos, mais um ponto positivo para um País com as dimensões do Brasil, que deixaria os modelos 100% elétricos para nichos de mercado.
Um passo adiante, inclusive, seria a maior adoção dos biocombustíveis na frota circulante, como prevê o PL do Combustível do Futuro. O avanço do etanol na mistura da gasolina, saindo de 27,5% para 30%, por exemplo, não traria impactos para os motores flex, mas precisaria ser testada antes em modelos que rodam apenas com gasolina:
“Se olharmos apenas para um veículo a mudança no nível de emissões é pequena, mas se multiplicarmos essa redução pela frota circulante que temos no País o cenário muda bastante e traz benefícios imediatos e relevantes”.
A prova de que os veículos híbridos e o uso de biocombustíveis fazem muito sentido para o futuro do Brasil e do mundo é que a Europa começa a discutir se vai proibir, mesmo, este tipo de veículo a partir de 2035 ou 2040, segundo Abreu, porque uma série de questões ligadas aos 100% elétricos estão sendo discutidas, como interesse da população, reais benefícios por causa da matriz energética, infraestrutura.