São Paulo – O híbrido flex é a tecnologia que pautará os próximos anos da produção de veículos leves no Brasil. Não à toa montadoras como Stellantis e Toyota anunciaram investimentos recentes de R$ 30 bilhões e R$ 11 bilhões, respectivamente, o que inclui a produção de leque de veículos híbridos e até a produção de motor que roda com etanol.
Durante o Seminário Megatendências 2024, realizado por AutoData de 19 a 20 de março, o vice-presidente de assuntos regulatórios da Stellantis para a América do Sul, João Irineu Medeiros, e o diretor de comunicação da Toyota do Brasil, Roberto Braun, partilharam planos acerca da tendência que predominará no processo de transição à eletrificação no País.
Em linha com a aposta das fabricantes levantamento apresentado pelo MBCB, Acordo de Cooperação Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil, estimou que o híbrido flex promoveria incremento de R$ 878 bilhões no PIB em trinta anos, ao passo que o elétrico traria retração de R$ 1,9 trilhão no mesmo período. A diferença se dá no fato de que o veículo movido a bateria utiliza menor número de peças, demanda menos mão de obra e, consequentemente, reduz o faturamento.
“O etanol é o protagonista da descarbonização no Brasil e o País passará a ter leque de opções que nenhum outro possui”, disse Medeiros. Uma das apostas da Stellantis é, inclusive, a produção de motor híbrido que rode somente com etanol. A companhia tem como meta até 2030 concluir seu investimento e reduzir em 50% a liberação de CO2 no ciclo completo de sua frota brasileira. E, até 2038, zerar a emissão.
O novo ciclo de investimento da Toyota, que se estende até 2030, tem em seu escopo a nacionalização do conjunto híbrido flex, hoje importado, e o desenvolvimento de mais dois modelos de veículos, um SUV compacto, o Yaris Cross, e uma picape.
A tecnologia híbrida, segundo Braun, é muito prática por não imprimir mudança na rotina de quem conduz o veículo, com autonomia e sem a necessidade de infraestrutura externa de recarga, exceto para os plug-ins – que, a propósito, a Toyota está testando no País e também estuda localizar. “Precisamos aproveitar o protagonismo do Brasil com os biocombustíveis e o fato de que o custo do veículo híbrido gira em torno de 10% a 15% acima de um convencional.”
Atualmente 20 mil unidades ou 10% dos veículos produzidos pela montadora são híbrido flex. O objetivo da marca também é realizar testes com células de hidrogênio a etanol.
“Dentre os países em desenvolvimento talvez o Brasil seja o único com visão de curto, médio e longo prazos. Temos um mix de combustíveis de baixo carbono que nenhum outro lugar do mundo possui”, avaliou Medeiros.
Até o fim do ano haverá a apresentação do primeiro híbrido flex da Stellantis e nos próximos sete anos serão lançados quarenta produtos, dentre novos modelos e renovação do portfólio atual.