Ao se unir com a Lepmotor a companhia expandiu seu portfólio com produtos críticos e acessa a tecnologia da chinesa
São Paulo – A parceria da Stellantis com a chinesa Leapmotor, anunciada há alguns meses, segue o ditado popular “se não consegue vencê-lo, junte-se a ele”. Em vez de lançar mão de enormes quantias de dinheiro para investir em compactos elétricos de entrada a companhia adquiriu 21% da Leapmotor, criou uma joint-venture Leapmotor International para representar a startup nos países fora da China, e ampliou seu portfólio com opções já disponíveis na prateleira.
Dois modelos já chegam à Europa nos próximos meses, o C10 e o T03, que já está sendo comparado ao Fiat Mobi produzido em Betim, MG. Ainda não está confirmado mas os veículos podem desembarcar no Brasil em breve, a depender de sua aceitação na Europa.
C10
Assim a Stellantis se beneficia em duas frentes, como explicou seu CEO Carlos Tavares no Investor Day, apresentação a investidores transmitida online na quinta-feira, 13: acelera sua entrada neste segmento que promete ser muito competitivo e de altos volumes, e importante para atingir as metas de redução de emissões, ao mesmo tempo em que adquire conhecimento no desenvolvimento e produção de veículos de entrada elétricos.
“Existe uma diferença de pelo menos 30% da competitividade dos chineses na produção de elétricos e a dos países do Ocidente”, disse Tavares, que evitou criticar ou elogiar a decisão dos europeus de subir as tarifas para carros elétricos chineses. “Por que você precisa de tarifa? Para corrigir uma lacuna de competitividade. Como a Stellantis é uma empresa global, não podemos nos apoiar apenas nisso, mas investir em produtos, tecnologia e competitividade para poder brigar de igual para igual”.
T03, já chamado de Mobi elétrico
Ironicamente o plano da companhia de acessar o expertise da Leapmotor para otimizar a capacidade da Stellantis é o oposto do que foi feito pelos chineses no início do século, ao se associar – mandatoriamente, pois era a regra para acessar o mercado chinês – com montadoras do Ocidente e aprender, com eles, como se desenvolve e produz veículos.
Tavares garantiu que o plano de negócios ao adquirir a chinesa já previa a produção de carros na Europa, seja em CKD ou CBU, portanto a decisão da União Europeia já havia sido contemplada em um dos cenários.
Em setembro começam a chegar os primeiros Leapmotor na Europa, a princípio em nove países. Ao longo do último trimestre serão vinte. No Brasil, onde o foco é a tecnologia híbrido flex, deverá ser mais à frente – mas com possibilidade de acelerar, vez que a opção já está no cardápio global da companhia.